SBK: Honda, pior era impossível
No início da época as expectativas geradas em torno da Honda eram muitas e havia motivos para tal. Desde logo a chegada de um novo patrocinador, a Red Bull, que abrilhantou ainda mais a decoração da também nova CBR1000RR Fireblade SP2.
Contudo as novidades não se ficaram só aqui pois em termos da dupla de pilotos Nicky Hayden continuou a sua aventura no Mundial e para colmatar a saída de Michael Van der Mark para a Yamaha chegou Stefan Bradl, piloto veio diretamente do MotoGP onde representava a Gresini Aprilia. A juntar a todo este cenário estava por detrás a competente estrutura da Ten Kate Racing que há muito presta apoio técnico à Honda no Mundial de Superbikes.
Os ingredientes pareciam estar reunidos para termos uma nova força a emergir no Mundial e com capacidade para fazer frente ao binómio Kawasaki/Ducati, que tem dominado a competição nos últimos anos.
Porém tudo começou a correr mal desde o início do ano quando o atraso na entrega da nova Fireblade deixou todos os elementos da equipa com os cabelos em pé, pois atrasou o desenvolvimento da máquina nipónica face às rivais. Por isso nas primeiras corridas do ano acabou por ser constrangedor ver Nicky Hayden e Stefan Bradl a sentirem muita dificuldade para conseguirem o acesso à Super Pole 2, fase decisiva da qualificação.
O ponto mais baixo chegou no mês de maio com o desaparecimento de Nicky Hayden. Este infortúnio foi uma forte pancada emocional em toda a equipa que adensou ainda mais o cenário de crise. Com os maus resultados a continuarem surgiu também a inesperada saída do diretor técnico Pieter Breddels, figura que desde 2004 trabalhava na Ten Kate Racing. Esta importante baixa levou a mexidas na estrutura organizacional da equipa com a época a decorrer, situação que nunca é desejada e que veio ainda tornar mais complicada a performance de toda a formação no Mundial.
Como um mal nunca vem só no final do mês de setembro a notícia de que Stefan Bradl terminou a época mais cedo devido a uma lesão no pulso direito, que atirou o alemão para a mesa de operações. Resultado a Honda irá concluir a época com uma dupla de pilotos diferente da que apresentou em Phillip Island no passado mês de fevereiro quando arrancou a temporada de 2017. Um cenário que nessa altura certamente ninguém imaginaria e que tem reflexos por exemplo no Mundial de Construtores, onde a Honda ocupa a sétima e última posição.
E eis que aqui surge outro problema. A dificuldade da Honda em encontrar substitutos à altura de Nick Hayden e Stefan Bradl, ainda que este tenha feito uma época modesta.
As escolhas para os lugares destas duas figuras recaíram em Davide Giugliano, Jake Gagne e Takumi Takahashi. Se Giugliano, piloto capaz do melhor e do pior, possui já alguma experiência no Mundial e tenta espremer ao máximo a nova Fireblade já Gagne e Takahashi revelam-se como autênticas soluções de recurso.
No meio desta embrulhada a melhor notícia acabou por ser divulgada hoje com o anúncio da contratação de Leon Camier, piloto que representava a MV Agusta e que conta já com nove anos de presença no Mundial. Veremos agora quem é que o britânico terá ao seu lado, pois nada está confirmado quanto à continuidade de Stefan Bradl.
Continue ou não o germânico é nítido pela contratação de Camier que a Honda já percebeu o buraco onde está metida e colocou mãos à obra na preparação do futuro, que necessita indiscutivelmente também de passar por um maior desenvolvimento da Fireblade SP2. Como sabemos sem uma moto competitiva, o ponto inicial para qualquer tentativa de chegar ao sucesso, não há nada a fazer e a Honda percebeu muito bem essa dura realidade este ano.