SBK, 2021: Interesse do Campeonato aumenta com empate na frente
Finalmente, após 6 anos de domínio quase insolente, Jonathan Rea e a Kawasaki ZX10RR parecem ter concorrência à altura… e quem ganha é o espetáculo do Campeonato
Não podemos deixar de admirar Rea… Pelas suas capacidades numa moto, sendo ao mesmo tempo frio, preciso e, no entanto, agressivo quando a ocasião assim o exige. Raramente cometendo erros e sabendo ler uma corrida e as capacidades dos seus adversários ao pormenor para seu benefício.
Não podemos deixar de o admirar pelo que conseguiu, sendo agora o piloto com mais títulos mundiais de SBK, ainda por cima conquistados sucessivamente desde 2015, e pela maneira como o fez, sem sequer se despentear, como se andar a ritmo de MotoGP em muitas pistas numa moto baseada num modelo de produção que tem mais 30 quilos e menos 40 cavalos, fosse coisa pouca.
E no entanto, o Irlandês, ou melhor, o seu domínio unilateral do Campeonato, tirou muito interesse às séries… afinal, quem quer ver uma corrida que, em vez de nos pregar ao assento, tem à partida o vencedor quase garantido? Só que, ultimamente não tem sido assim.
Entra pela esquerda um rápido Turco lingrinhas com um domínio hesitante mas muito particular da língua de Shakespeare, e um Inglês cheio de tatuagens e algo desbocado, que são sempre interessantes de escutar e mais ainda de seguir em pista…
O Turco, Toprak Razgatlioglu, pelo incrível desempenho que consegue agora extrair da sua Yamaha R1, uma moto que só vencia até aí ocasionalmente, sem hipótese de montar uma campanha sustentada e consistente de ataque ao título.
E pela forma como nos entretém em pista com travagens incríveis, fruto da escola do seu mentos Kenan Sofuoglu, e com derrapagens igualmente impressionantes, não desistindo nuca, mesmo quando podemos ver que a sua montada não está bem à altura do que lhe é exigido.
O Inglês, Scott Redding, com pergaminhos de uma passagem pela MotoGP e dum título Britânico de Superbike, só o Campeonato nacional mais competitivo do mundo, se deixarmos de lado o CEV Repsol que é um Mundial Júnior, com orçamentos mais apropriados a sustentar burros a pão de ló.
Montado na Ducati de fábrica, o homem de Cheltenham veio animar as coisas do lado da multi-titulada marca de Borgo Panigale, que desde a adoção do motor V4 tinha perdido um pouco o seu rumo.
Com Redding, a vermelha de Bolonha começou a vir para o topo mais amiúde, e agora, vence, colocando mais uma marca e mais um piloto no jogo pelo título.
A tão almejada peça que faltava, a consistência de afinar a moto cada fim-de-semana para obter tração e viragem, parece ter chegado finalmente, quer ao campo de Borgo Panigale, quer à equipa azul de Paul Denning, permitindo quer a um quer a outro piloto, desafiar para a vitória a cada corrida, ou, no mínimo, pisar o pódio, amealhando pontos gordos consistentemente. Ou seja, exatamente aquilo que Rea, e praticamente só ele, tem feito com tanto sucesso todos estes anos.
De tal modo é assim, que os três estão agora com Razgatlioglu no topo, empatado em 311 pontos com Rea, e Redding um pouco mais abaixo a 38 pontos com 273.
Acresce que cada um deles tem agora em Lowes, Locatelli e Rinaldi, colegas de equipa capazes de secundar os seus esforços com o ocasional pódio, adicionando à barafunda e às lutas à frente do pelotão.
Juntem-se um par de nomes sonantes como Sykes, Bautista ou Haslam em marcas subsidiárias como a BMW e a Honda em melhoria gradual, mais um ou outro independente feroz como Gerloff ou Bassani, e temos Campeonato… A partir daqui tudo pode acontecer!
Rea pode descobrir o pozinho de que precisa para repor a consistência que tem faltado no limite para continuar a conquistar mais vitórias que derrotas, e vencer o título de novo, o que seria uma incrível marca a juntar aos recordes que já deixou pelo caminho,
Com 200 pódios em SBK, 107 dos quais vitórias, de 325 corridas disputadas, e 7 poles recorde consecutivas só este ano, já pouco há a demonstrar, para lá do que seria uma incrível marca de 7 títulos.
Ou pelo contrário, mesmo que Redding, já com o olho posto na BMW em 2022, não consiga concretizar, Razgatlioglu poderá, extraindo a ferros tudo a que a Yamaha R1 tem para dar e mais, sacar o seu tão almejado título e ir à procura de mais desafios na MotoGP… é difícil decidir qual das hipóteses é mais tentadora!