SBK, 2020: Fusão com a Resistência planeada?
Depois da gestão dos irmãos Flaminni ter vendido o Mundial de SBK à Infront, em Outubro de 2012, a “holding” Bridgepoint, que efetivamente passou a controlar ambos os Campeonatos, tomou a decisão de colocar as SBK também sob a gestão da Dorna. Desde então, os esforços da Dorna para aumentar a notoriedade do Mundial de Superbikes aos espetadores não têm funcionado.
Em 2019, o número total de espetadores nos circuitos da SBK desceu para um total de 627.823 espectadores, uma redução de 12% da temporada anterior, que viu circuitos como Jerez, Assen ou Aragón com bancadas quase vazias, quando os mesmos ficam perto da capacidade máxima quando são visitados pela MotoGP.
Isto reflete-se nas negociações com eventuais novos circuitos, que andam longe dos quase 2 milhões de dólares pedidos pela Dorna há uns anos para receber uma prova.
Os organizadores do campeonato têm tentado tudo: adicionaram uma terceira corrida curta que traz mais emoções e espalha o programa ao longo dos dois dias, equalizaram ao máximo as prestações através do regulamento, abriram o paddock ao público e tentaram atrair pilotos da MotoGP às Superbikes, como foi o caso de Álvaro Bautista este ano, para trazer com eles algum público.
Mas a política anterior dos irmãos Flaminni de globalizar as SBK (a dada altura, iam a todos os continentes, só faltando consolidar uma prova em África para isso ser uma realidade) parece ter sido invertida, com 2020 a oferecer um calendário em que todas as provas menos 3 são na Europa. Moscovo de que se falara não aconteceu e Istambul permanece for, embora uma ou duas estrelas das SBK sejam Turcos, com a entrada de Oncu nas Supersport e Razgatlioglu considerado o palpite quente do Campeonato para 2020. Não haverá SBK nos EUA, nem no Japão, nem em nenhum dos enormes mercados asiáticos em crescimento como a Malásia, Tailândia ou Indonésia.
Isto é diametralmente oposto ao caminho do MotoGP, que cada ano procura mais destinos, muitos fora do continente europeu, como a Argentina ou Tailândia, que foram adicionadas recentemente.
Agora, segundo o site Speedweek.com, a Dorna está a pensar introduzir um novo campeonato paralelo ao Mundial de Superbikes que seria um Superbike Production, uma fórmula que combinaria cinco rondas das SBK com cinco provas do Mundial de resistência para criar um campeonato revolucionário.
Tanto as SBK como o Mundial de Endurance EWC seguiriam o seu percurso habitual de forma independente, mas com uma variante: todas as fábricas inscritas no Mundial de Superbikes seriam obrigadas a alinhar em cinco provas do Mundial de Resistência com os seus pilotos titulares (Jonathan Rea, Álvaro Bautista , Toprak Razgatlioglu, Tom Sykes, v d Mark, etc…) usando, como é lógico, motos adaptadas à disciplina de resistência e ao regulamento EWC, uma alteração fácil, já que a Endurance usa um regulamento técnico praticamente idêntico ao de SBK, e os modelos homologados são os mesmos.
As únicas provas do Mundiais de Resistência que não entrariam nesse campeonato Superbike Production seriam as clássicas de 24 horas, Le Mans e o Bol D’Or. Isto também obrigaria o EWC a aumentar o seu calendário de cinco provas por ano para 7, recebendo novos circuitos com um formato como o das 8 Horas de Suzuka, Sepang e ou Oschersleben.
Ainda segundo a Speedweek, houve um contato inicial da Dorna com a Liberty Media para explorar esta possibilidade em 2021. Este gigante norte-americano, cque recentemente adquiriu os direitos da Formula 1 por mais de 4.000 milhões de dólares, também controla o Eurosport e Eurosport Events, responsável por organizar e promover vários campeonatos, entre os quais o Mundial de Resistência da FIM.
A ideia é fazer o Eurosport oferecer uma cobertura completa deste novo campeonato de Superbike Production, semelhante ao que outros meios como a Sky Sport ou DAZN, fazem com o Mundial de Motociclismo, multiplicando as possibilidades de conseguir corridas com mais público e, como consequência, atrair novos patrocinadores.
Vamos seguir com atenção o desenvolvimento deste projeto que poderia revolucionar ambos os campeonatos, as SBK e o EWC, que hoje andam longe do mediatismo da MotoGP, que continua a ser o desporto rei no motociclismo.