FIM CEV: O talento ainda conta e muito

Por a 28 Março 2018 15:03

Há sensivelmente um ano e meio quando conquistou o Campeonato da Europa de Superstock 600, Ivo Lopes confessou, ao MotoSport, que tinha como meta chegar, a breve prazo, ao Mundial de Moto2, onde temos também atualmente outro português a brilhar, nos dias de hoje, no caso Miguel Oliveira.

Quis o destino que tal situação acabasse por não se concretizar, mas mais uma vez o piloto da Amadora encarregou-se de mostrar que ‘mãozinhas’ não faltam para poder estar a esse nível ou até mesmo ter uma chance numa equipa de ponta do Europeu de Moto2, campeonato que serve de trampolim para uma possível entrada no Mundial da categoria e onde colocou todos os pilotos dessa série, alguns deles com experiência mundialista, em sentido.

No passado fim de semana, Lopes aproveitou como ninguém o ‘micro-sistema’ do Circuito do Estoril e deu um recital aos comandos de uma moto (Yamaha R6) com preparação base de série, contra os todo-poderosos protótipos da Kalex. Ficou evidenciado todo o talento inato, que permitiu por exemplo entre 2011 e 2012 garantir um lugar permanente na Red Bull MotoGP Rookies Cup, sendo o primeiro piloto português a conseguir tal feito e onde somou três pódios e uma pole position, curiosamente obtida no Circuito do Estoril.

Sem dúvida um dos grandes pilotos de velocidade que surgiu em Portugal nos últimos anos, mas que parece ainda não ter tido aquela pontinha de sorte que aliado ao talento por vezes é preciso ter para consolidar-se no panorama internacional. Parece que já cá anda há muito, mas estamos a falar de um jovem que ainda só tem 21 anos.

Ficou para os chefes de equipas, e eram muitos presentes no Estoril, todo um fim de semana de grande nível que culminou com o primeiro triunfo à geral de um piloto de Superstock 600 no Europeu de Moto2.

Em escala menor é verdade, mas importa dizer que este aviso de Ivo Lopes à navegação já tinha sido dado por terras lusas em 2016. Então ao serviço da Kawasaki Oneundret Racing e aos comandos de uma Superstock 600, Ivo ficou a uns magros 78 milésimos do futuro campeão nacional de superbikes, Tiago Magalhães, que foi o vencedor de uma corrida realizada no Autódromo Internacional do Algarve.

Palavras para quê? O talento está todo lá e como nas mais diversas atividades da vida é isso que mais importa ou pelo menos deveria ser assim num mundo mais perfeito e onde outros interesses não falassem mais alto. Na memória, daqueles que tiveram a oportunidade de assistir ao vivo e não só, ficará para sempre este extraordinário momento de desporto e que colocou mais uma vez o mundo das duas rodas de boca aberta perante aquilo que Portugal consegue fazer numa disciplina onde não tem o peso de outras grandes nações.

PS: A germânica Kalex parece ter encontrado nos pilotos portugueses as suas ‘bestas negras’. Primeiro Miguel Oliveira com a KTM em Moto2 e agora Ivo Lopes e a Yamaha.

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Alexandre Melo
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