Entrevista fim de época – Nacional de Superbikes – André Pires

Por a 13 Dezembro 2018 16:00

Continuamos a nossa série de entrevistas com os protagonistas da classe rainha da nossa velocidade, as Superbike, com o 3º classificado no Campeonato, André Pires, da Yamaha Fast Bikes /Beauty Machine que foi ao pódio em todas as corridas que acabou e conseguiu 84 pontos, ficando apenas a 12 do vice-campeão

Perdeste um par de corridas, uma por estares em Macau, mas que acabou por ser cancelada, mesmo assim ficaste em terceiro no Campeonato…

…e outra que caí em Portimão! O ano passado, corri com a Kawasaki da Oneundret, por isso este ano com a Yamaha foi mais uma época de adaptação, o problema é que é tudo novo, e não tivemos hipótese de treinar e adaptar-me como eu gostaria à moto… Foi uma adaptação rápida mas tivemos bastantes problemas a nível de afinações, e só treinávamos nas provas, o que não ajudou…

Reparei que nas primeiras voltas andavas com os outros, inclusivamente por vezes à frente do Tiago, depois começavas a perder rendimento, o que acontecia?

Um bocadinho falta de ritmo, depois a afinação faz diferença, era feita em poucas voltas nos treinos cronometrados, e nos privados dávamos poucas voltas, e depois notava que os pneus estavam a desgastar mais…e começava a atrasar-me um bocadinho.

A dada altura todos os pilotos da frente tiveram um azar…

O Tiago caiu no Estoril, eu caí em Portimão, acho que no meio disto tudo quem teve mais sorte foi o Ivo porque numa consegui acabar com a moto a falhar, noutra com a bandeira vermelha, contou da volta anterior e ele tinha passado em segundo e marcou pontos… Naquela prova à chuva houve uma confusão na grelha e ele ainda consegui trocar os pneus… mas sem dúvida nenhuma o Ivo estava mais forte, veio com um ritmo muito bom de Espanha, adaptou-se muito bem à Yamaha…

O Ivo estava num nível superior a nós, o Magalhães também estava bem preparado, já era o segundo ano com a Aprilia e já conhece melhor a máquina e acho que talvez de início eu estava mais fraco, depois para o fim do Campeonato lá consegui ganhar algum ritmo, mas fez-me falta aquelas provas do Nacional que cancelaram justamente no fim do Campeonato, que já estava mais habituado à moto… Ainda por cima, na prova cancelada antes do final, o Magalhães já tinha caído outra vez e acho que não ia correr, ai talvez conseguisse ganhar alguns pontos de vantagem.

De resto, já fui à Ilha de Man, tenho ido a Macau, é uma prova que dá sempre algum gozo, , lá sinto-me piloto, entre pilotos profissionais, era onde eu gostava de estar e só estar lá com eles, já tenho algum orgulho disso.. mas não se pode comparar  meu andamento com o deles, eles só fazem aquilo, até o Peter Hickman corre no Britânico de Superbike, faz terceiros e quartos, ganha ali em Macau… É outro nível, as motos não tem nada a ver, mas poder estar lá e ver aquele ambiente, sem dúvida é uma grande prova, gostava de lá ir todos os anos… dá gosto lá estar entre eles…

Já a Ilha (de Man) é uma aventura, a primeira vez ia a medo, não é nada que se possa explicar, depois cada vez vais fazendo melhor, volta a volta… Eu penso que fiz de média 185, eles estão nos 220 agora… Também, foi a primeira vez, fui em 2016 com uma Suzuki de 2013, não estava preocupado com o resultado, era alinhar e conhecer, aprender o máximo da pista… É uma prova que gostava de repetir, mas é difícil… é difícil a preparação, a logística toda, a moto, a viagem, para lá ir e é difícil a prova… só quando lá estava é que pensei agora posso-me concentrar um bocado, e pronto..

Voltando ao Nacional gostei da prova de Portimão, estava a andar forte e até cair andei perto do Ivo, não estava muito longe… também gostei da última no Estoril, estava a fazer bons tempos, estávamos a fazer um bom trabalho. Foi tudo novo, uma nova moto, um novo patrocinador, o apoio da Beauty Machines foi fundamental para acabar o Campeonato e ir a Macau…

Tenho pena de já não corrermos em Braga, era o meu circuito favorito, aonde conseguia andar mais vezes e além disso sempre andei cá, desde as 85cc, é um circuito de que eu gosto muito e era ideal porque os patrocínios também são quase todos do Norte, e era uma prova que trazia muita gente, onde eu podia reunir convidados dos patrocinadores, é uma pena ver o circuito assim… precisa de obras e ninguém se entende!

Agora é trabalhar para 2019, ver se consigo reunir patrocínios, para já ainda não está nada decidido, ficar com a mesma estrutura, com a mesma moto e aí tentar fazer uma pré-época bem-feita que não fizemos o ano passado, começámos praticamente na primeira prova, e ver se isso faz alguma diferença. A Beauty Machines em princípio fica, estamos agora negociar o patrocínio, gostaram do trabalho que fizemos e viram que temos potencial de continuar e fazer melhor no ano que vem… Também estou a pensar fazer o máximo de provas lá fora, porque aqui não conseguimos ganhar ritmo e treinar em condições, vamos tentar incluir no orçamento pelo menos fazer um teste ou dois em Espanha…

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