Rally Dakar 2024, Final: O que disseram os três primeiros
Os três primeiros que subiram ao pódio em Yanbu, juntos venceram 5 das 12 etapas que compunham o Dakar deste ano. Ricky Brabec ergueu pela segunda vez o Troféu Touareg na mítica maratona, Ross Branch (Hero), fez a vida difícil ao americano durante 13 dias de competição, e por fim o homem das areias Adrien Van Beveren atacou forte na segunda semana.
A 46ª edição do Dakar, a quinta organizada na Arábia Saudita, terminou depois de mais de 4.700 quilómetros de especiais e de uma distância total de quase 8.000 quilómetros, que testou os pilotos e equipas, desde a antiga cidade de AlUla até as margens do Mar Vermelho, passando pelos oceanos de dunas do Empty Quarter. Entre os favoritos do clã Monster Energy Honda, o americano Ricky Brabec conquistou o segundo título após o triunfo em 2020, ao resistir a Ross Branch na sua Hero, a primeira moto indiana a subir ao pódio do Dakar, onde Adrien Van Beveren subiu pela primeira vez. Vamos então saber o que disseram os três mais rápidos pilotos das motos.
RICKY BRABEC (1º.) O PRIMEIRO AMERICANO A VENCER POR DUAS VEZES O DAKAR
A vitória de Ricky Brabec em 2024 fica para a história, uma vez foi a primeira vez que um americano venceu por duas vezes o mais duro rali do mundo, o Rali Dakar.
Ricky Brabec afirmou-se como um dos grandes protagonistas, logo no final da primeira semana do Dakar 2024. O americano jogou à defesa nos primeiros dias mas sempre entre os primeirro, assumindo as rédeas do rali nas 48 Horas Chrono (quinta e sexta-feira), conseguindo destronar Ross Branch da liderança. Chegou assim ao dia de descanso como líder, posição que soube gerir de forma perfeita na última semana, rodando muitas vezes ao lado do companheiro francês Adrien Van Beveren, numa estratégia perfeita. Brabec chegou à última especial com mais de 10 minutos de vantagem sobre o seu perseguir, terminando com 10:53 segundos sobre Branch. Estratégia perfeita!
“Foi uma bela maneira de começar o ano”, enfatizou o piloto da Honda. “Não foi uma vitória fácil porque o percurso foi muito difícil e a competição também. O Ross e a minha própria equipa mantiveram-me alerta, mas não apenas eu, acho que todos estávamos muito atentos uns aos outros. Foi definitivamente uma luta até o fim para todos. Estou muito feliz por estarmos todos aqui e seguros e podemos ir para casa.”
“Foi um triunfo mais difícil que em 2020. O Ross (Branch) e eu passamos três dias com alguns segundos de diferença. Foi uma corrida acirrada para todos nós, penso que entre o primeiro e o terceiro ficaram separados por onze minutos ou algo assim, seja lá o que for que o Adrien conseguiu, mas foi uma corrida muito apertada.” Prosseguiu o americano.
“Tive dois dias bons, duas oportunidades de dar um bom impulso, mas também a etapa 11 foi um fator de susto para mim, porque sabia que o Ross largava atrás de mim 18 minutos, e que se ele me apanhasse estaria acabado. A etapa 11 foi difícil, mas mantive o foco, cheguei à linha de chegada e não perdi muito tempo, então estou muito feliz com isso e muito feliz pela equipa e por todos nós. Fizemos um excelente trabalho durante duas semanas. Acho que o número 9 será o meu número da sorte de agora em diante.” Concluiu Ricky Brabec que é um dos pilotos mais experientes, com um total de 9 participações no mais duro rali do mundo.
Ricky Brabec (EUA, 32 anos)
2024: 1º (1 vitória em etapa)
2023: DNF, abandono Etapa 3 (1 vitória em etapa)
2022: 7º
2021: 2º (3 vitórias de etapas + prólogo)
2020: 1º (2 vitórias de etapas)
2019: DNF, abandono Etapa 8 (1 vitória de etapa)
2018: DNF, abandono Etapa 13
2017: DNF, abandono Etapa 10 (1 vitória de etapa)
2016: 9º
9 vitórias em etapas no Rali Dakar
ROSS BRANCH (2º) NUNCA DEITOU A TOALHA AO CHÃO
Ross Branch terminou o rali no segundo lugar. O seu desempenho consistente ao longo das 12 etapas colocou-o no primeiro e segundo lugares na classificação geral ao longo da corrida.
A Hero MotoSports Team Rally foi formada em 2016 e participou do seu primeiro Dakar em 2017. Ao longo dos anos, a equipa alcançou vários pódios e vitórias em etapas nos principais rally-raides em todo o mundo. Esta edição do Dakar foi extremamente cansativa e viu três dos quatro pilotos Hero desistirem da corrida durante a primeira semana – Joaquim Rodrigues e Sebastian Buhler sofreram lesões, enquanto Joan Barreda que exibiu um desempenho fantástico na primeira semana, saiu devido a uma infeliz falha mecânica na Etapa 6. A pressão sobre Ross Branch para continuar na corrida e continuar na primeira posição foi tremenda. No entanto, o Herói do Botswana fez com que tudo parecesse fácil – conquistando cada quilómetro com um largo sorriso.
“Finalmente terminei o Dakar!!”, disse o africano, que divide a sua vida profissional de piloto de linha aérea com o estatuto de piloto de rally-raides. “Foi um Dakar 2024 muito difícil e estou muito emocionado por estar aqui! Terminar no pódio sempre foi o objetivo e hoje é a realização de um sonho. Estou realmente feliz por alcançar esse objetivo para a Hero.”
“Um grande obrigado à equipa por desenvolver uma máquina altamente competitiva, pelas três semanas sem dormir aqui e por tudo que sacrificaram para chegar até aqui. Estou muito orgulhoso desta equipa. Ainda temos mais trabalho a fazer para dar o próximo passo, por isso estamos ansiosos por isso no próximo ano. Um grande obrigado a todos pelo apoio contínuo de todos!” Disse o botsuanês Ross Branch, logo após a sua sexta participação no Rali Dakar.
Ross Branch (Botswana, 37 anos)
2024: 2º (2 vitórias de etapas)
2023: 26º (2 vitórias de etapas)
2022: DNF, abandono na Etapa 8
2021: DNF, abandono na Etapa 9
2020: 21º (1 vitória de etapas)
2019: 13º (1º Rookie)
5 vitórias em etapas no Rali Dakar
ADRIEN VAN BEVEREN (3º), O HERÓI DO EMPTY QUARTER
A batalha pelo pódio do piloto francês que é uma lenda do Enduro do Touquet começou nas 48 Horas Chrono do final da semana passada no inóspito Empty Quarter, o maior deserto da Arábia Saudita. A partir de então, Van Beveren foi literalmente a sombra do rival da Hero, Ross Branch, até ao último dia.
Na sua nona tentativa do Dakar, o francês Adrien Van Beveren subiu ao pódio que lhe tem escapado nos últimos anos depois de obter uma dura vitória na etapa 48 Horas Chrono, o especialista em areia encontrou o seu ritmo na segunda semana e teve uma intensa luta com Ross Branch e o companheiro de equipa José Ignacio Cornejo pelo pódio. Apesar de ter chocado com um camelo e caído na quinta-feira, na derradeira tirada o ex-piloto de fábrica da Yamaha batalhou até ao fim pelo segundo lugar, mas no final teve de se contentar com o último lugar do pódio.
“Depois dos últimos anos e das dificuldades que tive, das quedas, tudo isso, no geral, estar no pódio, finalmente no pódio do Dakar, sabe muito bem. Tenho lutado até o fim. Terminamos em terceiro, mas estávamos na luta pela vitória. Estamos mais perto do que nunca do sonho. Subir ao pódio é um passo em direção ao meu sonho de vitória no Dakar.” Disse o piloto francês.
Adrien Van Beveren (França, 33 anos)
2024: 3º (2 vitórias de etapas)
2023: 5º (1 vitória de etapas)
2022: 4º
2021: DNF, abandono na Etapa 14
2020: DNF, abandono na Etapa 3
2019: DNF, abandon na Etapa 9
2018: DNF, abandono na etapa 10
2017: 4º
2016: 6º
3 vitórias em etapas no Rali Dakar