Dakar: António Lopes foi o pioneiro… faz hoje 32 anos!
No dia 29 de Dezembro de 1991, António Lopes tornou-se o primeiro piloto português de motos a alinhar à partida do Rally Dakar.
António Lopes já levava consigo um extenso palmarés nas motos, já que foi Campeão Nacional de Enduro em 1990, já tinha vencido a Baja Portalegre 500 e, no estrangeiro, foi por exemplo 26º lugar no Rali dos Faraós.
Se nos automóveis a participação lusa começou logo em 1982, através de José Megre, aos comandos de um UMM Indenor 2.5 com o nº 216 (foi 45º da geral), foi apenas na 13ª edição do Dakar, em 1991, que um motard português participou pela primeira vez no Dakar.
Aos comandos de uma Honda Africa Twin 650, e com a assistência da Honda França, o piloto luso participou no Paris-Tripoli-Dakar, e impressionou na fase inicial da corrida. Chegou ao dia de descanso no 29º lugar da classificação geral, isto numa prova em que participavam cerca de três dezenas de motos de equipas oficiais, e logo na liderança da classe Maratona.
“Foi uma aventura de uma vida. Ninguém sabia como era. Só sabíamos o que líamos nas revistas e jornais, dizer que fui às escuras é pouco“, disse Lopes ao Diário de Notícias no início de 2022. “A moto sobrou do ano anterior, estava quase preparada e só teve de ser afinada. Na altura começavam a aparecer patrocinadores e consegui o dinheiro que era preciso, 12 mil contos (cerca de 60 mil euros)”, pode ler-se neste artigo do DN.
Na ausência do GPS dos dias de hoje, “havia uma bússola eletrónica, que ajudava quem soubesse como funcionava. Eu só a recebi dois dias antes quando cheguei a França. Deram-me um lamiré de como funcionava mas não me serviu para quase nada“, confessou o dono do stand da Honda “Lopes & Lopes”.
Na 12ª etapa, na especial entre Tombuctu e Nema, já era 20º classificado, e mantinha a liderança da Classe Maratona há três dias, quando ainda no Mali, uma forte queda o levou a perder os sentidos. Teve que ser evacuado de helicóptero, e abandonou a prova.
“A coisa até estava a correr bem“. A queda deixou-o inconsciente: “Foi frustrante. Acordei num avião ambulância e por mim tinha continuado, mas as regras eram assim e eu estava fora” concluiu o lisboeta ao Diário de Notícias.
Lopes nunca mais voltou, mas ficou o registo de uma grande estreia, aos comandos de uma Africa Twin praticamente de série. O primeiro participante moto a terminar foi Pedro Amado, no ano seguinte, 1992, aos comandos de uma Yamaha XTZ 660 (foi 28º da geral/9º na classe Maratona), mas dele falaremos noutra altura…
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(Foto de abertura: MotoJornal)