Dakar 2019: Nação Valente

Por a 4 Janeiro 2019 13:30

Se há país com tradição no Dakar no que diz respeito às motos é sem dúvida Portugal. É verdade que a ‘A Portuguesa’ nunca foi escutada no pódio final do evento organizado pela Amaury Sport Organisation, mas a marca do motociclismo luso é inegável com diversas vitórias em etapas e lugares no pódio.

Em 2018 tivemos um interregno nessa bonita história. Paulo Gonçalves e Mário Patrão ficaram de fora nos ‘preliminares’, enquanto Joaquim Rodrigues abandonou logo nos primeiros quilómetros da etapa inaugural na sequência de uma violenta queda que quase colocou um ponto final na sua carreira. Restou o privado Fausto Mota, que com toda a honra levou a bandeira lusa até ao fim, mas com os meios que teve à sua disposição não tinha como objetivo primordial discutir os primeiros lugares.

Um ano depois voltamos a ter as duas faces da moeda. Aqueles que vão para brilhar e os restantes que têm a oportunidade de estar dentro da corrida e onde o principal objetivo é simplesmente terminar e levar de vencida todas as dificuldades do percurso.

Entre aqueles que pretendem lutar pelas posições cimeiras temos obrigatoriamente de colocar no topo Paulo Gonçalves. Mais uma vez como piloto oficial da Honda Racing Corporation, Gonçalves parte em busca do sonho da vitória final. Os anos passam, mas a garra de sempre continua lá. Nem mesmo os infortúnios à beira do Dakar parecem fazer abanar o piloto luso. Antes quebrar do que torcer é a premissa pela qual se rege.

Mário Patrão também pretende uma posição de destaque neste Dakar, onde estará inserido na estrutura oficial da KTM. Porém mais do que um bom resultado individual, o piloto de Seia sabe que tem como principal missão prestar apoio aos líderes Sam Sunderland, Toby Price e Matthias Walkner durante a corrida. Só depois do colectivo é que terá como prioridade o seu desempenho individual, numa corrida onde em 2016 venceu a categoria Maratona.

Já Joaquim Rodrigues quer dar continuidade às boas indicações deixadas em 2017, ano de estreia no evento. Em representação da indiana Hero, o piloto português certamente que terá nos planos mais íntimos um top 10. Porém a falta de ritmo, pouco competiu em 2018 devido às graves lesões contraídas no último Dakar, podem vir a condicionar o desempenho do experiente piloto de Barcelos.

Outro Dakar

Os restantes seis pilotos portugueses em competição vão à aventura com outros objetivos em mente. Realizar uma corrida sem grandes problemas e consequentemente chegar ao fim será a grande vitória para estes heróis. Fausto Mota quer, nesta sua quarta participação no Dakar, manter a ‘regra’ de melhorar o seu desempenho individual em cada aparição. O top 30 é agora o objetivo.

David Megre irá participar pela segunda vez no Dakar e desta vez chegar a Lima é o objetivo primordial. Há dois anos, na estreia, ficou pelo caminho logo na fase inicial devido a queda.

Já António Maio apresenta-se no Dakar tendo na sua posse o domínio do todo-o-terreno nacional, pois nos últimos quatro anos sagrou-se campeão nacional da especialidade. Depois de algumas tentativas, Maio tem finalmente a oportunidade na sua carreira de estar presente na maior corrida de todo-o-terreno do mundo.

Em estreia estará também o jovem Sebastian Bühler, figura a quem muitos preconizam um futura brilhante nas lides das grandes maratonas internacionais. Para já é só para aprender e ir conhecendo os muitos segredos do evento.

Menos conhecidos, mas não menos importantes, os também estreantes Miguel Caetano e Hugo Lopes tentarão levar de vencida a dureza das etapas, sendo que no caso de Caetano tudo será feito sem equipa de assistência. Será o próprio o responsável pela manutenção da sua moto no dia a dia.

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Alexandre Melo
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