Toni Bou ‘abre’ o livro

Por a 30 Março 2016 16:33

Depois de um inédito décimo título mundial de Trial Indoor – e o seu 19º Campeonato do Mundo entre Outdoor e Indoor -, Toni Bou falou sobre a evolução da modalidade na última década, a sua consistência e os desafios para tornar o trial ainda mais popular no futuro.

Dez anos no topo do Mundial de Indoor. Como é que consegue uma coisa destas?

É algo incrível e que nem eu consigo explicar. Nunca pensei que pudesse chegar aqui. Como é que se consegue? Não sei, passo a passo. Se tivesse colocado pressão sobre mim próprio para conseguir 19 títulos mundiais nunca o teria conseguido. Esta época tivemos apenas quatro provas e na primeira fui 2º e tive imensas dificuldades. A partir daí tentei defender o meu título e nos últimos três meses senti-me muito forte. Fizemos um grande trabalho em conjunto com a Repsol Honda.

Como é que o trial evoluiu ao longo destes 10 anos?

As motos evoluíram imenso e o nível dos pilotos também cresce época após época. Temos provas mais complicadas mas a cada ano tornamos a tarefa dos organizadores mais difícil, porque o nível dos pilotos é maior. Em Marselha terminámos todos separados por poucos pontos e isso é um dos fatores que mostra como o nível dos pilotos tem crescido.

E como é que o Toni Bou mudou ao longo deste tempo?

Espero que como pessoa não tenha mudado muito, apesar de ser 10 anos mais velho. Como piloto amadureci imenso e aprendi a lidar com a pressão. Em dias como esta sexta-feira um piloto sofre imenso porque não pode cometer erros. Numa corrida com apenas cinco zonas qualquer erro pode custar muito caro.

Na tua opinião, qual foi a tua contribuição para o mundo do trial ao longo destes 10 anos?

Sempre usei muitas coisas da bicicleta de trial e, por exemplo, uso muito o corpo para puxar a moto. O meu estilo é muito físico e acho que isso fez muitos jovens que estão a chegar ao desporto vindos do mundo das bicicletas de trial também usarem esse lado mais físico. Eles têm um nível muito alto e são muito precisos.

Qual é o caminho que gostarias que o trial tomasse nos próximos anos?

Este desporto deveria continuar a focar-se no Trial Indoor, para oferecer um espectáculo, um evento onde as pessoas se divertem e que mesmo aqueles que não são adeptos habituais do motociclismo possam apreciar. E para oferecer um bom espectáculo é preciso que o nível seja elevado, que seja dado um passo em frente pois será isso que atrairá mais gente.

Depois de 19 títulos mundiais, tu és o favorito também para o Mundial de Outdoor. Sentes a pressão do 20º título?

Temos que continuar a trabalhar passo a passo. Ter sido campeão no Indoor dá-me algo ímpeto. Não temos muito tempo para descansar porque daqui a duas semanas já temos a primeira prova outdoor. Mas vou tentar ‘respirar’ um pouco e descansar porque estes últimos três meses foram muito duros. Foram apenas quatro corridas mas tudo se tornou mais difícil devido ao meu resultado na primeira. Quero relaxar e começar bem a preparação, porque as regras são muito diferentes e normalmente são mais difíceis para mim.

Esta época vais fazer 30 anos. Pensas muito na idade?

Claro que sim, um pouco. Ninguém gosta de envelhecer, principalmente quando tens tantos bons momentos.

Até que idade te vês a competir?

Não sei. Sei que gosto do meu trabalho diário, porque me divirto e é isso que me faz acordar todos os dias de manhã e ir treinar, para evoluir. Só vou parar quando perder esta energia. Vejo o Fujinami a competir aos 36 anos e depois o Albert (Cabestany) e o Adam (Raga), aos 35 e 33, também a um nível muito alto. Neste momento não penso em parar.

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Ricardo S. Araújo
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