YAMAHA XJR 1300 Racer – “The Ultimate Café Racer”
As Café Racers estão na moda e como fenómeno de moda que é digamos que não é habitual que o mesmo ocorra no sector das motos. Um fenómeno que é transversal e não se restringe apenas a um tipo de moto e que para além das motos engloba toda uma filosofia de vida, de estilo e imagem, de roupa e acessórios, de sinergia com outros desportos também de moda, nomeadamente o surf e que inclusivamente tem vindo a estimular também a competição, com provas de arranque ou sprint e também nas famosas ovais de dirt track.
Neste fenómeno hispster de moda nas duas rodas e de cariz mais urbano, os preparadores têm tido um papel fundamental e estão na raíz deste desenvolvimento. Ateliers que criaram marcas globais como a DEUS e a Roland Sands desenvolveram em torno das suas preparações toda uma nova atitude e criaram um fenómeno que tem arrastado a própria indústria e obrigado as marcas à criação de novos modelos que agora se aproximam precisamente às tendências reveladas pelas preparações dos ateliers de referência.
O fenómeno é de tal forma condicionador que marcas como a Yamaha e a BMW acabaram por desenvolver colaborações estratégicas e programas de marketing específicos para consolidar o seu posicionamento neste novo segmento de mercado.
A Yamaha por exemplo apostou em programas que desafiam os preparadores a apresentarem novas criações com base nalguns do seus modelos retro, a gama XSR e a SCR. Por outro lado a BMW criou toda uma nova linha em torno da base R Nine T precisamente para satisfazer e ir de encontro a esse mesmo segmento. Outras marcas como a Triumph e Royal Enfield, que tradicionalmente mantiveram as suas gamas de motos clássicas, vêem agora esse esforço e visão recompensadas. Definitivamente o clássico e o vintage estão na moda e as linhas retro que invocam as motos do passado ditam as novas tendências no mercado das 2 rodas.
A Yamaha soube manter este segmento vivo por mais de duas décadas, através das suas “muscle bikes”, ao melhor estilo dos anos 70/80, com a sua XJR 1200 que lançou em 1995, tendo sido substituída pela XJR 1300 em 1998/99. Ou seja o modelo que ensaiamos esta semana tem práticamente duas décadas de existência, embora tenha evoluído algo quer na sua aparência e estética quer, na sofisticação dos seus componentes.
A última variante da XJR1300 é esta versão Racer, versão especial lançada em 2016 que, para seguir as tendências de mercado, foi vestida de “Café”. Sobre a base XJR tradicional foram adicionados e substituídos uma série de componentes para a transformar numa verdadeira “Café Racer”.
Montaram-se avanços clip-on em vez do guiador mais alto tradicional, desenhou-se um depósito mais curto para que o piloto tivesse uma posição mais chegada à frente, centralizando massas mas evitando carregar demasiado os pulsos com o peso do corpo. O depósito passou a ter apenas 14,5 litros em vez dos 20 litros da versão normal e está fabricado em plástico (?) em vez de aço, embora o seu acabamento e aspecto sejam irrepreensíveis. O banco é mais curto e inclui uma cobertura na sua parte posterior, em fibra de carbono, que o transforma em monolugar. Na frente foi montada uma pequena cúpula, também em fibra de carbono, que deflete o vento do corpo do piloto e, pese embora seja de pequena dimensão, pelo facto da postura ser mais deitada sobre a moto acaba por revelar alguma efectividade. O guarda lamas da frente é também mais curto e em fibra de carbono. Os acabamentos são de excelente qualidade e a moto tem uma silhueta muito proporcionada e equilibrada e que dá prazer contemplar.
Sem dúvida uma belíssima Café Racer de fábrica e ao melhor estilo “old school”, com o seu motor pujante de binário, de quatro cilindros em linha e 1,251cc , com 98 Cv de potência, potência que se sente desde baixa rotação com o binário máximo de 80lbft a ser atingido à 6.000rpm. O red line é as 9.500rpm por isso podemos imaginar que apesar de não ser muito rotativo é um motor cheio de alma, ao ponto de estarmos constantemente à procura da 6ª velocidade.
A XJR 1300 Racer monta um escape especialmente desenvolvido pela Akrapovic para este modelo que lhe confere uma “voz” irresistível. Um roncar grave e envolvente que nos seduz e convida a rodar punho, sem se tornar incomodativo e mantendo uma uma atitude discreta à sua passagem. Mas ninguém é indiferente à XJR Racer, o seu look clássico e a extrema qualidade da sua preparação tornam-na num objecto de desejo e onde quer que estacione há sempre quem páre para a admirar.
A condizer com o seu estilo clássico e retro, a informação está concentrada em dois manómetros tradicionais, analógicos, sendo que um pequeno ecran digital mostra apenas a hora, o nível de combustível e odómetro, para além de uma série de pequenas luzes avisadoras.
A posição é bastante cómoda apesar de algo deitada devido aos avanços que monta, mas não se chega a sentir demasiado o peso do nosso corpo nos pulsos. Talvez em viagens longas se possa tornar algo cansativa. Mas trata-se de uma versão Café Racer pelo que se o objectivo é de a utilizar mais em turismo então talvez seja mais recomendável a versão standard. Os espelhos estão bem integrados embora de dimensão pequena, sendo que a visão não acusa vibrações mas parte dos nossos ombros ocupam do ângulo de visão.
O motor da XJR é de uma enorme suavidade, a sua caixa de 5 velocidades é extremamente precisa e sem ruídos. Sobre as suspensões poderia pensar-se que numa moto de cariz desportivo pudessem ser algo rígidas ou mesmo secas, mas não, são de um enorme conforto e efectividade, certamente graças à possibilidade de afinação das mesmas na dianteira e pelo facto de montar dois belíssimos amortecedores Ohlins na traseira, marca de topo em matéria de suspensões.
A Racer parece rodar sobre um tapete voador tal é a sensação de suavidade que a mesma nos transmite e, apesar dos seus 240 Kg, a moto é muito fácil de colocar em curva, talvez algo mais pesada num percurso que obrigue a um encadeamento rápido de curvas mas surprendentemente neutra, como se fosse num carril. Até mesmo a baixa velocidade é fácil de manobrar não acusando o seu peso real.
Com uma potência abaixo dos 100CV a Racer é no entanto dotada de uma aceleração vigorosa e progressiva, bastante entusiasmante que, conjugada com o roncar do seu Akrapovic, transmite-nos uma enorme sensação de potência. Os travões estão à altura do desempenho da moto e revelaram-se progressivos e efectivos. De qualquer forma o rodar a baixa velocidade em 5ª e sair de punho sem mudar caixa é a “praia” da XJR Racer, o que nos proporciona uma enorme tranquilidade e prazer na sua condução.
A pouca capacidade do depósito poderá limitar a sua utilização em viajens mas a Racer está feita para proporcionar prazer máximo nos trajectos diários, revelando-se uma moto polivalente cheia de carisma e actualidade. As limitações do Euro4 irão certamente colocar um fim na sua existência mas o seu legado está mais vivo que nunca.
Verdadeira promotora de um passado histórico nas duas rodas, a XJR 1300 Racer é a última “Café Racer”, a exemplo daquelas que nos anos 70/80 fizeram furor nas avenidas e ruas das capitais europeias e que soube carregar consigo até aos dias de hoje um conceito que continua a inspirar mentalidades, tendo sabido renovar-se e acabando por conseguir revolucionar o mercado das duas rodas.
Resumo das Características
Motor DOHC de 4 cilindros e 1251cc refrigerado por ar
Potência 98 cv às 9.000 rpm
Binário 108.4 Nm às 6.000rpm
Carenagem em carbono ao estilo Café Racer
Guarda-lamas dianteiro curto em carbono
Carenagem do assento em carbono
Guador tipo avanços do estilo “Clip-On”
Motor de grande cilindrada refrigerado por ar
Painéis laterais em alumínio ao estilo de competição
Design de depósito de combustível tipo competição
Tubo de escape 4-2-1 preto mate da Akrapovic
Design do assento para uma ou duas pessoas.
Cores disponíveis em 2016
Matte Grey
Midnight Black
60th Anniversary
Ficha Técnica
Motor
Tipo de motor | 4 tempos, Com refrigeração por ar, 4 válvulas, DOHC, 4 cilindros paralelos de inclinação frontal |
Cilindrada | 1.251cc |
Diâmetro x curso | 79,0 mm x 63,8 mm |
Taxa de compressão | 9,7 : 1 |
Potência máxima | 71,9 kW (98CV) @ 8.000 rpm |
Binário máximo | 108,4 Nm (11,1 kg-m) @ 6.000 rpm |
Sistema de lubrificação | Cárter húmido |
Tipo de embraiagem | Húmida, mola multidisco |
Alimentação | Injeção de combustível |
Sistema de ignição | TCI |
Sistema de arranque | Eléctrico |
Sistema de transmissão | Sincronizada, 5 velocidades |
Transmissão final | Corrente |
Chassis
Quadro | berço duplo |
Sistema de suspensão dianteira | Forquilha telescópica |
Curso dianteiro | 130 mm |
Ângulo do avanço de roda | 24,7º |
Trilho | 92 mm |
Sistema de suspensão traseira | Duplo amortecedor |
Curso traseiro | 120 mm |
Travão dianteiro | Disco duplo hidráulico, Ø 298 mm |
Travão traseiro | Monodisco hidráulico, Ø 267 mm |
Pneu dianteiro | 120/70 ZR17M/C (58W) |
Pneu traseiro | 180/55 ZR17M/C (73W) |
Dimensões
Comprimento total | 2.190 mm |
Largura total | 820 mm |
Altura total | 1.120 mm |
Altura do assento | 829 mm |
Distância entre eixos | 1.500 mm |
Distância mínima ao solo | 133 mm |
Peso (incluindo óleo e gasolina) | – kg |
Capacidade Dep. Combustível | 14,5 Litros |
Capacidade Dep. Óleo | 4,2 Litros |
PVP da versão testada 11.895,00 euros ( preço base )
Concorrência
Honda CB1100 RS 1.140cc / 90CV / 252Kg / 13.500 euros
Moto Guzzi V7 Racer 744cc / 52CV / 193Kg / 11.710 euros
Triumph Thruxton R 1200cc / 97CV / 203Kg / 15.800 euros
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