Yamaha MT07 – Perfeita para um Troféu de Velocidade (Parte 2)
Texto de: Pedro Rocha dos Santos
Num artigo anterior decidimos desenvolver e comentar o potencial que teria a Yamaha MT 07 para ser a base de um Troféu de velocidade, acessível e competitivo.
Chegámos inclusivamente a desenhar aquela que poderia ser a configuração da própria MT 07 “Racing Cup” Edition e parece ser que o nosso entusiasmo encontrou eco nos nossos leitores dado que em apenas 3 dias constatámos o incrível interesse que o mesmo gerou tendo o artigo chegado às 16.550 visualizações e a uns muito interessantes 375 likes.
Ora na presença do enorme interesse que suscitou esta nossa ideia resolvemos perceber novamente que atributos afinal é que estão por detrás da MT 07 para gerarem todo este entusiasmo e expectativa. Será o número de utilizadores satisfeitos que vêem naquele artigo os méritos da sua máquina reconhecidos e potenciados ao nível de uma competição ou será que por detrás de uma utilização diária controlada se sentem impelidos a querer explorar todo o potencial da sua MT07 na pista de um circuito ? Para conhecermos verdadeiramente o que está por detrás deste enorme interesse resolvemos ligar à Yamaha Motor Portugal e perguntar se não teriam uma MT07 disponível para testes e podermos reconhecer, aos comandos a mesma, todo o entusiasmo que a ideia de a colocar numa pista suscitou.
E assim foi… da Yamaha Motor Portugal veio a informação positiva de nos disponibilizarem uma MT 07 de 2017 e a mesma foi recebida com enorme expectativa da nossa parte.
A ideia não era de imediatamente rodar com a moto em pista mas sim analisar em pormenor todas as suas características para uma possível preparação para um Troféu de velocidade.
A primeira impressão foi a de enorme leveza do conjunto e a da facilidade e rapidez com que nos adaptamos à sua condução, mais parecendo que estamos numa 125 dada a correcta distribuição de massas e a curta distância entre eixos de apenas 1.400 mm. O encaixe na moto é quase como se a mesma tivesse sido feita à nossa medida e a posição de condução é de uma surpreendente comodidade. O peso pluma de 164Kg e uma geometria acertada de toda a ciclística fazem-nos passar uma dose de confiança extra quando abordamos as primeiras curvas. Parece que a moto nos está a pedir para se deitar em cada curva, tal é a facilidade com que se insere nas trajectórias.
Mas a sua leveza e “easy to handle” é acompanhada por um motor elástico, de uma enorme suavidade a baixos regimes, surpreendente mesmo, mas com um “punch” considerável a partir das 3.000 rpm e que sobe até às 7.000 rpm de forma vertiginosa, deixando para trás a sensação de estarmos numa 125 e mais parecendo que estamos numa Moto3 de competição. Wow… realmente fantástico, chegar aos 200 numa recta de auto estrada foi “brincadeira de meninos”. E aí ficou comprovado e sem margem para dúvidas todo o potencial dos 75 cv da MT 07 e a capacidade da mesma gerar emoção e velocidade num circuito. O guiador algo estreito que monta de origem, facilita no entanto uma postura mais encaixada na moto beneficiando a estabilidade em velocidade alta, sendo que as pernas também encaixam perfeitamente na fisionomia do depósito, resultando também surpreendente a estreiteza do mesmo ao nível dos joelhos. A frente da moto está muito desprotegida obviamente por ser uma naked mas com uma pequena cúpula seria suficiente para termos maior proteção aerodinâmica e mais conforto a altas velocidades.
O roncar do motor , apesar de a MT07 vir já de acordo com a norma EU 04, tem uma sonoridade agradável e grave e a elasticidade do 2 cilindros paralelos “Cross Plane” fazem-nos lembrar os motores das TDM e das TRX 850 de há 20 anos.
Num percurso de curvas, a caminho da Roca, foi possível comprovar a facilidade com que a MT 07 se insere nas mesmas e mais ainda como conseguimos encadear curvas à esquerda e à direita sem qualquer esforço pois a sua leveza e a acertada distribuição de massas aqui demonstra todo o seu potencial.
Por mais que inclinasse em curva nunca cheguei a roçar com as botas na estrada, o que significa que a posição dos pisa pés, embora a uma altura que não sacrifica o conforto, também estão posicionados para evitar roçarem no chão mesmo ao limite. Um pormenor importante se pensamos pilotá-la em pista ao limite embora seja sempre recomendável montar umas peseiras mais recuadas e altas.
A MT 07 é quase mais fácil de levar e com um maior desempenho do que uma moto de cilindrada mais alta, tal é a facilidade com que se conduz, beneficiando também da bem escalonada e precisa caixa de velocidades.
As suspensões são talvez pouco rígidas para uma pilotagem agressiva mas conferem à mota uma enorme sensação de segurança e sobretudo de conforto. Como de origem não são possíveis de ser reguladas aqui haveria de investir na sua preparação em função do peso de quem a irá pilotar. Sem dúvida alguma que, para compensar a leveza da direcção, sobretudo a alta velocidade, recomendaríamos a montagem de um amortecedor de direcção.
Os travões sempre estiveram à altura e na preparação para circuito claro está que uns tubos de malha de aço poderão reforçar a sua eficiência. O sistema de escape está penalizado pela norma EU 04 pelo que a sua substituição por um escape de competição de maior rendimento é evidente e talvez venha a exigir uma reprogramação da electrónica.
Ao fim de 2 dias estávamos rendidos ao desempenho da Yamaha MT 07 e a querermos ficar com ela para a começarmos a “artilhar” permitindo-nos acompanhar a metamorfose de uma moto excepcional para uma utilização diária para uma séria e radical máquina de competição, capaz de garantir emoções fortes e enormes descargas de adrenalina nas pistas de um qualquer circuito.
E agora ?
Agora e depois de agradecidos termos devolvido a moto à sua origem, a Yamaha Motor de Portugal, que simpáticamente a cedeu para melhor avaliarmos o potencial desta nossa ideia, vamos tentar perceber que investimento será necessário para tornar a MT 07 numa moto de Troféu… e quem sabe depois criar o desafio de a vir a colocar em pista.
Para já fiquem com as características de fábrica da MT 07 e aguardem pela “Parte 3“ deste nosso desafio onde iremos sugerir, após consulta do mercado, um potencial kit para um também potencial troféu “ MT 07 – Racing Cup “…
Vão preparando os “cabedais”…
Ficha Técnica
Motor
Tipo – 2 cilindros a 4 tempos refrigeração líquida DOHC , 4 valvulas
Diâmetro x curso – 80.0 mm x 68.6 mm
Cilindrada – 689cc
Potência máx. – 74.8 cv às 9.000
Binário max. – 68,0 Nm às 6,500 rpm
Taxa de compressão – 11.5 : 1
Gestão do motor – Injeção eletrónica
Controlo da emissão de gases – Compatível com a norma de EU4 ( 2017 )
Prestações / Consumo
Velocidade máxima – mais de 200 km/h
Consumo por cada 100 km a uma velocidade constante de 90 km/h – 4,3 L /100 Km
Sistema elétrico
Arranque – electric start
Bateria – 12 V 12Ah
Transmissão
Embraiagem – Embraiagem multidisco, de acionamento hidráulico
Caixa de velocidades – 6 velocidades
Transmissão secundária – Corrente
Ciclística / travões
Quadro – Estrutura em diamante
Suspensão dianteira – Forquilha telescópica
Suspensão traseira – Suspensão tipo Link
Curso da suspensão dianteira / traseira – 137 mm / 130 mm
Pneu dianteiro – 120/70 ZR17
Pneu traseiro – 180/55 ZR17
Travão dianteiro – Disco duplo de 282 mm
Travão traseiro – Disco simples de 245 mm
Pinças – n/d
Dimensões / pesos
Comprimento – 2085 mm
Distancia entre eixos – 1400 mm
Largura (com espelhos) – 745 mm
Altura (sem espelhos) – 1090 mm
Altura do banco – 805 mm
Altura ao chão – 140 mm
Peso sem carga – 164 kg
Capacidade do depósito – 14 l
Preço 5.995,00- €
(*) informação do representante
Mais informações AQUI
Bom Dia. Penso que o preço indicado no artigo está errado, não é 5.995,00 € mas sim 6.950,00€.