Ensaio Triumph Speed Triple 1050 de 2018 – Evolução Natural

Por a 15 Junho 2018 17:58

O modelo Speed Triple da Triumph pode ser considerado como o percursor do fenómeno “Street Fighter” do momento.

Em 1994, quando a Triumph lançou a sua primeira Speed Triple, estabeleceu um novo segmento de mercado que tem sido amplamente acompanhado pelas restantes marcas e que neste momento representam uma percentagem considerável de quota de mercado.

No meio da euforia e do lançamento de novos modelos no segmento Street Fighter, inclusivamente pela própria Triumph, com a introdução da irmã de cilindrada mais baixa, a Street Triple, primeiro a 675 e mais recentemente a 765, a Speed Triple tem sabido manter-se como a referência do segmento e “olha por cima” para todas as restantes, suas “descendentes”.

A nova Triumph Speed Triple 1050 de 2018 é  o resultado de 24 anos de evolução e como referia Darwin, “aquele que sobreviverá não será o mais forte, nem o mais rápido,  mas aquele com maior capacidade de se adaptar às mudanças”.  A nova Speed Triple é pois o resultado de um processo evolutivo que se soube adaptar e assimilar, com sabedoria, várias evoluções tecnológicas que temos vindo a assistir nas últimas duas décadas.

O motor tricilíndrico de 1.050cc e potência de 150 CV, continua a ser uma enorme referência da Speed Triple e o seu interior inclui agora mais de 100 evoluções em relação ao modelo anterior. Com uma taxa de compressão mais alta de 12.9: 1, a proporcionar um enorme binário com  117 Nm às 7.000 rpm, o motor da Speed debita um imenso torque desde baixa rotação e sobe facilmente de regime, sem estremecer nem “pestanejar”, em qualquer velocidade e a partir das 2.000 rpm mesmo em 6ª velocidade, apenas com o rodar de punho. Graças a uns pistons que são agora mais leves e de perfil melhorado, o motor atinge mais 1.000 rpm que o anterior, sendo o “red line” está agora às 10.500 rpm. Sem dúvida um motor que  proporciona um prazer imenso que, nesta versão que testámos, a topo de gama RS, acompanhado com um som grave e rouco proporcionado pelas magníficas ponteiras Arrow montadas de origem.

O painel TFT da Triumph Speed Triple de 5” a cores é idêntico ao que já conhecíamos da Street Triple e das novas Tiger, assim como o novo sistema de navegação e seleção de funções é também aquele que já havíamos testado antes que através da utilização de um simples joystick de 5 contactos, localizado junto ao punho esquerdo, permite navegar com facilidade nas diferentes opções. Um pequeno botão “home” no punho direito permite ter acesso directo a todos os menus possíveis e a partir dos mesmos  podermos selecionar facilmente, utilizando o joystick, as funções e os modos pretendidos. De início pode ser confuso mas rapidamente nos habituamos podendo mesmo passar a alterar parâmetros, os mais simples, em andamento.

O painel permite optar por diversos modos gráficos possíveis, por 6 configurações diferentes para sermos exactos. A visualização de informação, no caso da Speed Triple, muda em função dos modos de motor que escolhermos,  que são 5;  Rain , Road, Sport, Track e Rider, este último a permitir ao utilizador personalizar de acordo com as suas preferências. Para além da alteração dos mapas de motor, em função do modo selecionado, também outros parâmetros são alterados, como é o caso do Controle de Tração. Todos os botões têm um toque agradável e preciso e são de utilização bastante intuitiva sendo inclusivamente retro-iluminados para facilitar a sua leitura e localização de noite. A nível da electrónica a Speed Triple RS monta ainda uma Unidade de Medição de Inércia ( IMU ) que controla o ABS em curva e o nível de controle de tração definido para cada modo de motor.

O aspecto musculado da Speed Triple é acompanhado por uma enorme sensação de confiança quando a conduzimos pela primeira vez. Tudo parece estar no seu preciso lugar, o binómio guiador/ peseiras coloca-nos numa posição natural, sem demasiado peso sobre os pulsos, e bem encaixados na moto onde o banco, muito bem acabado e confortável, combinado com a ergonomia do depósito ao nível dos joelhos, nos fazem sentir totalmente integrados e num equilíbrio perfeito de homem/máquina.

E que Máquina… rodar na Speed Triple é puro prazer. Um motor redondo cheio de pujança, um roncar entusiasmante sempre que enrolamos punho, proporcionado pelas duas belas ponteiras Arrow.  As Suspensões Ohlins são totalmente ajustáveis e a proporcionam uma leitura perfeita da estrada e uma colagem ideal dos pneus à mesma, em qualquer situação. Ficámos surpreendidos com o nível e capacidade de absorção do conjunto das suspensões Ohlins que monta a Speed, na frente e atrás, que proporcionam um  conforto pouco habitual em motos deste segmento.

A travagem é também toda uma referência na Speed Triple pois os travões Brembo que monta são de uma enorme efectividade, sensíveis e doseáveis ao simples toque da manete, mesmo com um dedo apenas, beneficiando de ABS de última geração e gestão do mesmo por medição electrónica de inércia em curva.

E  em curva a Speed Triple é precisa e segura, beneficiando das suspensões Ohlins magníficas que monta e que conferem uma sensação de segurança extra. Gostaríamos, quem sabe um dia, de a experimentar em pista e levá-la ao limite para ver como se comporta em relação à sua irmã mais jovem a 765. Relativamente a esta última, sentimos obviamente algo mais de peso e de esforço adicional nas mudanças de direção e no encadeamento de curvas, o que não deixa de ser normal e aceitável.

Em conclusão, a Triumph Speed Triple pode não ser a mais potente do segmento nem a mais leve e mais ágil, no entanto é toda uma referência de estilo pela originalidade do seu design, que apesar de ter evoluído mantém o seu estilo inicial inconfundível e a sua identidade. A Speed Triple ganha destacada no conforto e na facilidade de condução quando confrontada com outras opções de mercado que primam mais pelo seu desempenho hiper desportivo e pela alta potência dos seus motores, quase perto dos modelos mais desportivos das diferentes  marcas.

Gostámos do perfil mais abrangente da Speed Triple que, tendo evoluído em termos tecnológicos, soube manter a sua personalidade e estilo, não se deixando levar por alguns “extremismos” da sua concorrência e apostando num carácter mais dócil e utilizável, para agradar a uma faixa mais alargada e proporcionar uma utilização mais abrangente. Claro que não deixa de ser uma naked desportiva de estilo “Street Fighter” e obviamente pouco vocacionada para grandes viagens, penalizada pela nossa exposição ao vento. No entanto o seu nível de conforto é surpreendente e a sua facilidade de condução permite-nos pensar se não poderemos sacrificar as altas velocidade em troca do prazer que nos proporciona.

Disponível em 2018 em duas cores:

E , é claro, que não nos podemos esquecer que com 24 anos de existência num mercado que se reinventa cada ano e que tem sofrido uma extraordinária evolução em termos tecnológicos, sobretudo a nível da electrónica adoptada, que rodarmos numa Triumph Speed Triple é rodarmos numa “lenda viva”, numa moto icónica cheia de personalidade.

PVP’s Versões Base  :     14.050€  Versão S      e     16.150€  Versão RS ( Versão testada )

 

Ficha Técnica

Motor
Cilindrada 1050,0 cc
Tipo Tricilíndrico em linha DOHC , 4 tempos, arrefecimento líquido, 12 válvulas
Potência 150 cv/110 kW às 10,500 rpm
Alimentação Injecção de combustível electrónica multi-ponto sequencial com SAI
Binário max. 117 Nm às 7.150 rpm
Escape Aço inoxidável 3 em 1 em 2, ponteiras Arrow
Tipo/2 Com arrefecimento a líquido, 12 válvulas, DOHC, 3 cilindros em linha
Diâmetro x curso 79 mm x 71,4 mm
Emissões co2 119 g/km

Dimensões

Altura 1.070 mm
Altura do assento 825mm
Depósito 15.5 l
Distância entre eixos 1445 mm
Peso a seco 189 kg
 

Travões / pneus / jantes

Ângulo da coluna de direcção 22.9º
Jante dianteira Liga, multi-raios, 17 x 3,5 “
Jante  traseira Liga de alumínio fundido, multi-raios, 17 x 6,0 “
Pneu dianteiro 120/70 – ZR 17
Pneu traseiro 190/55 – ZR 17
Suspensão frente Forqueta invertida Ohlins de 43 mm totalmente regulável, curso de 120 mm
Suspensão trás Amortecedor Ohlins totalmente regulável curso de 130 mm
Travão, dianteiro Discos flutuantes duplos de 320 mm, pinças monobloco radiais Brembo de 4 embolos e ABS
Travão, traseiro Disco único de 255 mm, pinças deslizantes de 2 embolos e ABS
 

Transmissão

Caixa 6 velocidades
Transmissão final Por Corrente
Embraiagem Embraiagem húmida deslizante assistida multi-disco
Consumos
Consumo combinado 5,2 l/100km
Geral
Quadro Longarina dupla em alumínio
Homologação Euro 4

 

Concorrência

BMW S 1000 R      999cc / 165 CV / 265 Kg / 14.268 eur

Ducati Monster 1200 R Red       1.198cc / 160CV / 207 Kg / 19.345 eur

KTM Super Duke R      1.301cc / 176 CV /  195 Kg / 17.790 eur

 

Galeria de Imagens

 

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Pedro Rocha
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