MotoGP história: Kevin Schwantz, um estilo único
Se Rossi empolgou multidões na primeira década do século XX com a sua maneira de estar fora e dentro da pista, apenas uma década antes, esse papel cabia a Kevin Schwantz. O estilo “glória ou morte” do Texano granjeou-lhe legiões de fãs e ainda hoje há quem diga que era o maior, apesar do seu único título de MotoGP em 1993.
Kevin Schwantz, nascido em Houston, 19 de Junho de 1964, já nasceu numa moto, por assim dizer… Se é vulgar ter um pai piloto, no caso de Schwantz, cujos pais tinham uma loja de motos, eram ambos, pois a mãe Shirley também correu em Grass Track.
Kevin aprendeu a andar de moto aos quatro anos e iniciou a sua carreira competitiva como piloto, seguindo o pai e o tio, Darryl Hurst (o 34 original), naquele desporto. Das corridas de terra em oval, progrediu para o motocross na adolescência, tornando-se um piloto regional de MX. Depois de uma grave queda na qualificação para o Houston Supercross em 1983, decidiu abandonar o motocross e dedicar-se à velocidade.
No final da temporada de 1984, foi-lhe oferecido uma oportunidade de testar com a equipa Suzuki Yoshimura de Superbike, por recomendação do jornalista-piloto John Ulrich que o tinha “descoberto”, e posto a pilotar nas Resistências locais com o seu famoso Team Hammer. Quando Yoshimura viu o que Schwantz podia fazer e o seu grau de controlo numa Superbike apesar da sua estatura ligeira, prontamente assinou contrato com o texano. Na sua primeira corrida pela Yoshimura em Willow Springs, Kevin ganhou as duas mangas da AMA Superbike Nacional de 1985.
Nesse ano, terminou em sétimo lugar no campeonato, apesar de apenas competir em metade das corridas. Também terminou em segundo lugar atrás de Eddie Lawson nas 200 Milhas de Daytona de 1986 na nova Suzuki GSX-R750. Depois, no que viria a ser uma ocorrência demasiado comum ao longo da sua carreira, fraturou a clavícula numa queda de qualificação e falhou várias corridas. Isso fez com que, mais uma vez, terminasse em sétimo lugar no Campeonato.O Campeonato Nacional de Superbike de 1987 marcou o início da feroz rivalidade competitiva de Schwantz com Wayne Rainey. Os dois lutaram durante toda a temporada, muitas vezes entrando em contacto e disputando cada centímetro da pista. Rainey acabou por vencer o Campeonato Nacional, mas Schwantz fechou a temporada vencendo cinco das seis corridas. Tão intensa foi a sua rivalidade que continuaram a sua batalha durante as Corridas do Troféu Transatlântico de 1987 em que supostamente eram companheiros de equipa a competir contra uma equipa de pilotos britânicos, e esta duraria até ao Mundial de 500.
Foi aí, na sua primeira vista à Europa, que ele foi verdadeiramente descoberto internacionalmente: Numa moto que nunca tinha visto, a GSXR que Tony Rutter usara na Ilha de Man semanas antes, emprestada por um concessionário local, numa pista em que nunca tinha andado (Donington) e em condições que nunca experimentara (estava tanto frio que a dada altura começou a nevar e os americanos estavam a furar caríssimas viseiras de integral para as atar aos guiadores a fazer protectores de mãos) Schwantz deu um recital de condução que imediatamente o projectou para a fama.
Com Fred Merkel à frente numa das corridas à chuva, seguido de Rob McElnea e com Schwantz colado a ambos, Merkel descobriu o limite de adesão na zona de Starkeys e entrou na relva a grande velocidade… Schwantz seguiu-o, mas fora da moto com uma perna a arrastar de lado, consegui ficar na moto e liderar para ganhar a corrida… o momento foi repetido pela TV vezes sem conta e catapultou o escanzelado texano para a fama.
A seguir, Barry Sheene, que estivera na prova como comentador de TV, foi falar com ele, tão entusiasmado com o seu talento que lhe emprestou uma das suas Suzuki RG500 antigas, completa com patrocínio da Daf de 1.200 libras por corrida.
A família Schwantz ficou em Inglaterra, para participar na corrida do ano em Mallory Park na semana seguinte, em que Schwantz sacou dois segundos lugares atrás de Roger Marshall, apesar de problemas com a moto.
Sheene ficara mesmo impressionado e a seguir arranjou-lhe uma entrevista com a Suzuki Heron onde depois de algumas reuniões, um acordo foi feito para Schwantz entrar em 3 Grandes Prémios como wild card em 1987, Assen, Spa na Bélgica e Misano. No evento, Spa foi cancelado e Schwantz correu em França, onde foi 9º e Monza, no GP das Nações, onde foi 8º, acabando a 30 centésimos da Honda de Pierfrancesco Chili…
Na sua estreia absoluta no Mundial de 500 em 1986, em Assen, Kevin caira um número de vezes e com o seu físico lingrinhas tinha dificuldades em pegar a moto de empurrão, mas o truque estava feito: A dimensão do paddock, os patrocínios, os camiões das equipas, o luxo das hospitalities e tudo o que rodeava os GP na altura conveceu Schwantz que era onde ele queria estar.
(continua)