MotoGP, as equipas: A Tech3
Provavelmente a equipa de MotoGP mais famosa para todos os portugueses, devido à sua recente parceria com a KTM, que a viu acolher Miguel Oliveira no seu seio, a Tech3 tem de facto uma história bastante longa, que remonta aos anos 90 da modalidade.
A Tech3 que compete no MotoGP e a partir de 2020 nos Mundiais de Moto3 sob o nome de KTM Red Bull Tech3. Eles também entram no Campeonato do Mundo de eléctricas MotoE sob o nome Tech3 E-Racing.
A equipa foi fundada em 1990 pelo ex-piloto Hervé Poncharal, pelo famoso engenheiro Guy Coulon e por Bernard Martignac e começou a correr na classe de 250 usando motos Honda e Suzuki.
Sediada em Bormes Les Mimosas no sul de França, a Tech 3 tem sido uma das principais estruturas no paddock de MotoGP há mais de 30 anos.
A equipa entrou pela primeira vez nos Grand Prix em 1990 e passou a maior parte dessa década como privados competindo com um chassis próprio movido por um motor Honda na classe 250- até porque antes, Guy Coulon passara largos anos com a formação da Honda France no Mundial de Resistência, nomeadamente ao lado de outro Português, o campeão Mundial de Endurance Alex Vieira…
Tragédia também tocou a equipa, quando em 1993 Nobuyuki Wakai, que estava sediado na Tech3 e a usar a oficina da equipa, atropelou um espectador que se infiltrara no Pit lane em Jerez e bateu com a cabeça e morreu instantaneamente.
Do lado positivo, após várias vitórias em Grande Prémio nas 250 com nomes como Dominique Sarron e John Kocisnky, a equipa mudou-se para a Yamaha em 1999, tornando-se a formação oficial da fábrica no Campeonato do Mundo de 250.
A parceria foi um sucesso imediato, vencendo um par de corridas na sua primeira temporada e passando de força em força no ano seguinte, quando os pilotos Olivier Jacque e Shinya Nakano dominaram completamente o campeonato.
Nakano ganhou mais corridas, mas foi Jacque quem brilhou quando mais importava, passando o seu companheiro de equipa por fora da última curva da corrida final para levar a bandeira axadrezada por menos de dois centésimos de segundo e o título por sete pontos.
Após o seu sucesso nas 250, o esquadrão do Sul de França mudou-se para a classe rainha em 2001, onde têm permanecido desde então. A Tech 3 foi o único esquadrão satélite da Yamaha no Campeonato do Mundo de MotoGP, recebendo todo o apoio técnico da fábrica nessa altura e ajudando ao desenvolvimento com soluções alternativas sugeridas pela sua larga experiência nas corridas.
A equipa alinhou com dois novos pilotos para 2007, o já vencedor em MotoGP, Makoto Tamada, que trouxer a sua vasta experiência à equipa da Honda, à medida que desenvolvia a última geração de pneus Dunlops a bordo da YZR-M1 de 800cc.
A estrela japonesa juntou-se ao jovem francês Sylvain Guintoli, outra descoberta da Tech3 apoiada pela Federação Francesa, um excelente privado nas 250 das temporadas anteriores, que fez a subida a tempo inteiro à classe rainha, depois de ter servido a equipa como piloto de testes intermitentemente desde 2002.
Em 2001, portanto, a equipa mudou toda a operação para a classe rainha, novamente com a Yamaha, Jacque e Nakano nas YZR500, embora o seu estatuto tenha mudado para o de equipa satélite até assinar pela KTM em 2018.
Em 2006 e 2007 a equipa usou pneus Dunlop, mas regressou à Michelin em 2008. Na temporada de 2008, o bicampeão mundial de Superbike James Toseland associou-se ao bicampeão mundial de Superbike Colin Edwards na formação.
Em 2010, Ben Spies substituiu Toseland, mostrando a confiança que a Yamaha detinha na formação.
Spies terminou a temporada em sexto lugar, enquanto Edwards, que nunca chegou a vencer um Grande Prémio, terminou no 11º lugar. Na nova categoria de Moto2, o piloto da Tech3, Yuki Takahashi, terminou a temporada no 12º lugar, enquanto Raffaele De Rosa terminou em 27º, a bordo de motos com motores CBR600 da Honda, como todas na classe, com um chassis Tech3.
Em 2011, Spies mudou-se para a equipa da Fábrica da Yamaha, e foi substituído por Cal Crutchlow; a equipa reteve Colin Edwards por uma quarta temporada. Em 2012, Crutchlow mudou-se para o segundo ano do seu contrato de dois anos, enquanto Edwards anunciou que ia partir para a equipa Forward Racing com Andrea Dovizioso confirmado como seu substituto.
Bradley Smith assinou um acordo para a equipa de MotoGP em 2013 e 2014, por esta altura os nomes que tinham passado pela formação já a incluir alguns dos mais prestigiados pilotos do Campeonato.
No início de 2018, depois de vinte anos de associação com a Yamaha, a equipa anunciou uma mudança para a KTM a partir da temporada de 2019, tornando-se uma equipa satélite para a presença da empresa austríaca no MotoGP.
A diferença aqui foi que, ao contrário do que se vinha passando na Yamaha, a formação era garantida motos idênticas às da equipa oficial, e terá sido essa uma das razões para Miguel Oliveira aceitar a subida à MotoGP com os Franceses, que deu à KTM um dos seus melhores resultados o ano passado com o 8º de Oliveira na Áustria, batendo os pilotos “regulares” da fábrica nessa ocasião, ainda por coima a poucos Km da base da casa-mãe.
Em meados de 2018, a Tech3 também confirmou que iria entrar na temporada inaugural do Mundial de MotoE em 2019, onde Hector Garzó fez pódios em todas as corridas que acabou menos uma, para terminar o ano inaugural da classe em 4º a 2 ponto do 3º Eric Granado .
Depois da temporada de 2019 em Moto2, com a KTM a retirar-se oficialmente da série, para 2020 a Tech3 vai inscrever pela primeira vez uma equipa de dois pilotos na classe Moto3, também com máquinas KTM, Deniz Oncu e Ayumu Sasaki.
Com a entrada de Iker Lecuona ao lado de Miguel Oliveira na classe rainha, e a GP16 a ter dado um grande salto para 2020, grandes coisas são esperadas do português e a Tech3 brilhará decerto uma vez mais…