MotoGP, as equipas: A Gresini
Não poderíamos falar da Gresini, uma das mais prestigiadas equipas no Paddock de MotoGP, sem começar por falar do seu criador e manager Fausto Gresini, um ex-Campeão Mundial de 125 Italiano.
A sua longa carreira como piloto deixou muitas boas memórias e vitórias e uma experiência incrível, de que poucos no mundo se podem gabar. Fausto Gresini tem o extraordinário talento de saber transformar sonhos em realidade. Essa capacidade tem sido uma constante ao longo da sua carreira: um homem clássico e autodidata, está constantemente a apontar a novos objetivos.
O seu entusiasmo contagioso é ainda hoje impulsionado pela inteligência e humildade de iniciar um novo desafio cada vez que um objetivo é alcançado e pela capacidade de envolver através de argumentos racionais, mas também de paixão, os seus parceiros de negócio.
Foi assim, agora há mais de 25 anos, quando decidiu dar o salto de mecânico de moto para piloto profissional. Como piloto, somou numerosas vitórias, mas também descobriu e aperfeiçoou as suas excelentes capacidades de comunicação. Depois de 13 temporadas de corridas e dois títulos mundiais, Fausto Gresini pensou que tinha chegado a altura de definir um novo objetivo e fundou a sua própria equipa: “a certa altura da minha vida tive de fazer uma escolha: ser um velho piloto ou tornar-me um jovem manager”.
Depois, a lista de pilotos que passaram pela Gresini é um verdadeiro “quem é quem” no Mundial, com nomes como Katoh, Edwards, Gibernau, Melandri, Capirossi, Simoncelli, De Angelis, Elias, Nakano ou, mais recentemente, Bastianini, Martin, Di Giannantonio ou Rodrigo.
Pode ser estranho para muitos ficar a saber que, quando em 1997, Fausto Gresini se estreou com a sua própria equipa na classe rainha, no Campeonato do Mundo de 500, o fez com a Brasileiro Alex Barros a pilotar um Honda NSR V com o apoio da Honda Brasil. Nesse ano, Alex Barros e a equipa acabaram numa posição satisfatória, em 9º, o filho de um português orgulhosamente alcançando o seu primeiro pódio em Donington.
Em 1998 o piloto manteve-se o mesmo, mas a mota mudou: Barros já montou uma Honda NSR 500 de quatro cilindros, a moto que dominava as corridas de Grande Prémio nesses anos. No final da época, a posição da equipa foi quinto e o pódio único passou a dois.
Em 1999, a relação entre a Gresini Racing e Honda HRC tornou-se mais forte. O necessário desenvolvimento da nova Honda NSR 250 foi ajudado pela chegada do italiano Loris Capirossi. Nesse ano, o total de pódios foi de nove, três dos quais foram vitórias: o trabalho da equipa foi recompensado com uma posição final do 3º lugar no Campeonato do Mundo, estabelecendo a Gresini Racing como uma das melhores equipas da classe de 250.
No ano 2000, a Honda confiou a Fausto Gresini e à sua equipa a sua nova NSR 250 juntamente com o jovem japonês Daijiro Katoh. Katoh, que era completamente novo no Campeonato do Mundo, era tido em grande consideração pela Honda, graças aos seus inúmeros sucessos no seu país natal. A marca não se enganara, pois Katoh averbou quatro vitórias e 9 pódios, a caminho de um fabuloso terceiro no Campeonato, que venceria no ano seguinte graças às suas onze vitórias, três segundos e um terceiro. A superioridade da moto, do piloto e da equipa no seu conjunto foi absoluta e não deixou espaço para qualquer tipo de argumentos. Nessa temporada, o espanhol Emílio Alzamora foi companheiro de equipa de Katoh e terminou em sétimo lugar com dois brilhantes segundos lugares.
A temporada de 2002 foi um marco importante para a Gresini Racing, pois representou a entrada da equipa ao mais alto nível na classe de MotoGP com a nova máquina RC211V de quatro tempos. Daijiro Katoh terminou na sétima posição, surgindo como o melhor rookie. Na classe de 250, a equipa conseguiu grandes resultados com Roberto Rolfo e Emílio Alzamora, respetivamente terceiro e sétimo.
Durante a corrida de abertura da temporada de 2003 em Suzuka, no Japão, Daijiro Katoh foi vítima de um acidente fatal. O seu companheiro de equipa, Sete Gibernau, dedicou-lhe as suas 4 vitórias e os outros sucessos alcançados durante a temporada. O espanhol, muito motivado e graças a uma grande equipa e à melhor moto, subiu ao pódio 10 vezes, tornando-se Vice-Campeão do Mundo de 2003.
Na temporada de 2004, Colin Edwards, campeão mundial de Superbike, juntou-se a Sete Gibernau na Equipa de MotoGP da Honda Telefonica MoviStar, gerida pela Gresini. Sete foi vice-campeão do mundo pela segunda vez consecutiva com 4 vitórias, enquanto Colin terminou o ano na 5ª posição.
Marco Melandri e Sete Gibernau foram os pilotos da Movistar Honda para a temporada de 2005. A Equipa conseguiu levar o jovem piloto italiano aos mais altos escalões da categoria e no final da época Marco foi vice-campeão do mundo com duas vitórias surpreendentes no seu palmarés.
Na temporada de 2006, Toni Elias e Marco Melandri foram os pilotos da Equipa Honda Fortuna. Marco venceu três corridas, na Turquia, França e Austrália e acabou em 4º no final da temporada. Toni terminou na 9ª posição conquistando a sua primeira vitória em MotoGP em Portugal.
A Honda Gresini confirmou Marco Melandri e Toni Elias também para a temporada de 2007, em que conquistaria 5 pódios, na Turquia, França, EUA, Japão e Austrália, resultando novamente na classificação entre as melhores equipas independentes no MotoGP. Marco Melandri ficou em 5º lugar na classificação final.
Na temporada de MotoGP de 2008 cresceu o envolvimento do Gruppo San Carlo e a empresa italiana tornou-se a patrocinadora titular da Honda Gresini. A Equipa alinhou com o estreante Alex De Angelis e o experiente japonês Shinya Nakano.
A seguir, a Honda Gresini San Carlo confirmou Alex DeAngelis, agora com a preciosa experiência de uma temporada completa de MotoGP atrás de si, para o campeonato de 2009, enquanto Toni Elias regressava à equipa onde obteve a sua primeira vitória no MotoGP. Depois de um início bastante difícil, Toni e Alex apresentam-se de forma brilhante na segunda parte da temporada, alcançando a 7ª e 8ª posições no ranking final do campeonato.
Na temporada de 2010 a Gresini Racing assumiu um duplo compromisso com uma nova Equipa de Moto2 para se instalar ao lado da Honda San Carlo Gresini na classe de MotoGP. Na frente da MotoGP, Marco Melandri regressa a uma equipa onde festejou algumas das maiores conquistas da sua carreira enquanto Marco Simoncelli se estreava na classe principal. A confiança de Simoncelli com a nova classe e moto cresceu corrida após corrida, pois conseguiu estar constantemente nos lugares cimeiros durante a última parte da temporada. Na classe Moto2, Toni Elias sagrou-se campeão do mundo com sete vitórias.
A temporada de 2011 certificaria que Marco Simoncelli pertencia definitivamente ao pináculo exclusivo dos pilotos de topo da MotoGP. Sic tem um início de ano brilhante nos testes e passa a andar sempre nos lugares cimeiros desde as primeiras corridas do campeonato, com emocionantes pódios em Brno e Phillip Island… e é então que um destino fatal leva Marco para sempre na Malásia. A perda da Sic, grande piloto e personagem, deixa um espaço vazio na comunidade de MotoGP e entre todos os seus fãs.
2012 é um ano muito difícil, com a tristeza pela perda da Sic ainda forte no coração da equipa, mas a Gresini encontra a motivação para seguir em frente e consegue montar o programa de corridas mais empenhado de sempre: 3 equipas a correr, uma para cada categoria do campeonato do mundo. No MotoGP, Álvaro Bautista alcança dois pódios emocionantes e termina o campeonato numa brilhante 5ª posição, enquanto o seu companheiro de equipa Michele Pirro se estreia na classe rainha montando uma máquina que Gresini desenvolve de acordo com os novos regulamentos da CRT.
A entrada da GO&FUN como patrocinador de título para os projetos de MotoGP e Moto3 instila uma grande motivação e energia na equipa em 2013, com Álvaro Bautista no MotoGP e o australiano Bryan Staring a estrear-se na categoria CRT. Entretanto, os compromissos em Moto2 e Moto3 mantêm o foco num grande programa de treino para jovens pilotos, que inclui Niccolò Antonelli e Lorenzo Baldassarri. Bautista fecha uma temporada de crescimento positivo, arrecadando nove ligares no “top 5” e perdendo o pódio por alguns milésimos em pelo menos duas ocasiões, acabando em sexto lugar na classificação final.
Pelo terceiro ano consecutivo, a Gresini Racing participa no MotoGP, Moto2 e Moto3 em 2014. Um compromisso global que é recompensado pelos belos pódios arrecadados por Álvaro Bautista na primeira classe (França), por Xavier Simeon na classe média (Argentina) e pelas prestações da grande revelação da temporada, a jovem Enea Bastianini, vencedor do troféu “Rookie of the Year” em Moto3 graças a três pódios em Barcelona, Brno e Silverstone.
No MotoGP, o estreante inglês Scott Redding é o melhor colocado no final da temporada entre os pilotos a bordo da novo Honda RCV1000R de classe aberta.
Para 2015, a Equipa Gresini e a Aprilia Racing chegam a um importante acordo para uma parceria de longo prazo na classe de MotoGP: um capítulo completamente novo para a Gresini Racing após uma colaboração de 18 anos com a Honda.
Álvaro Bautista e Stefan Bradl correram com sucesso e desenvolveram o protótipo da Aprilia RS-GP, atingindo três top 10. Em Moto2, a equipa conseguiu a primeira vitória com as cores da Federal Oil, com Xavier Simeon a conseguir uma sensacional vitória no Grande Prémio da Alemanha em Sachsenring; no final da temporada, o belga é sétimo da classificação. O jovem talento Enea Bastianini luta até ao fim para o título Mundial de Moto3, fechando o Campeonato em terceiro lugar, graças a uma vitória e um total de seis pódios.
Já 2016 é um ano de sucesso para a Gresini Racing em todas as classes do Campeonato do Mundo: no MotoGP, a Aprilia RS-GP pilotada por Álvaro Bautista e Stefan Bradl cresce durante a temporada, até chegar ao Top 10 de forma consistente. As equipas que correm em Moto2 e Moto3 estão ao mais alto nível, ambas a desafiar para o título: Sam Lowes leva duas vitórias impressionantes e é quinto no final da temporada, enquanto em Moto3 Enea Bastianini é vice-campeão do Mundo e o estreante Fabio Di Giannantonio apenas perde o troféu de “Rookie of the Year” por pouco.
2017 foi um ano de mudanças para a Gresini Racing, que acolheu a bordo Aleix Espargaró no MotoGP, Jorge Navarro nas Moto2 e Jorge Martin em Moto3. A equipa confirmou ainda Fabio Di Giannantonio na classe de quarto de litro e promoveu Sam Lowes da categoria de pesos médios para a classe rainha. As maiores alegrias vieram de Moto3, onde ‘Di Gia’ e Martín arrecadaram 14 pontos, 9 pole positions e uma vitória em corrida, e ambos conquistaram um lugar entre os 5 primeiros classificados na classificação final.
Aleix Espargaró foi a agradável surpresa do ano, com o espanhol a fazer algumas performances impressionantes e dois sextos lugares no Qatar e em Aragón. Jorge Navarro foi capaz de mostrar sinais promissores, naquele que foi o seu ano de estreia em Moto2.
Depopis, 2018 foi certamente um ano para recordar com a campanha bem sucedida para o título de Moto3: a caminho do sucesso, a Equipa de Moto3 Del Conca Gresini ganhou tudo: o título de pilotos com Jorge Martin, vice-campeão com Fabio Di Giannantonio, Título Mundial de equipas e campeonato de fabricantes para a Honda.
Na classe intermédia, porém, a segunda tentativa de Jorge Navarro na classe não correspondeu às expectativas, com o espanhol a conseguir apenas um arranque de primeira linha e um monte de colocações no top-10. As coisas melhoraram no MotoGP, cortesia da consistência de Aleix Espargaró, e o esforço do piloto espanhol foi recompensado com mais uma temporada com a equipa.
2019 é um ano histórico para o Campeonato do Mundo de MotoGP, ao abrir as portas à MotoE, na qual a equipa Trentino Gresini dominou e conquistou o primeiro título da série elétrica com Matteo Ferrari. Este foi um grande golo alcançado pela Gresini Racing, que não brilhou nas classes Moto2 e Moto3, com a distância de Sam Lowes do topo e as lesões de Gabriel Rodrigo a minarem o resultado na categoria de quarto de litro.
Na classe de MotoGP, Aleix mostrou-se mais uma vez um piloto de confiança, enquanto os primeiros passos de Iannone deixaram grandes esperanças para o futuro. Uma breve menção vai ainda para o Campeonato italiano (CIV), onde os jovens da Gresini Júnior conseguiram subir ao pódio algumas vezes.
Para 2020, o desafio continua, mesmo com a Aprilia a envolver-se mais diretamente na gestão da equipa de MotoGP, e decerto com 5 títulos, outros tantos vice-Campeonatos, 56 vitórias, e 171 pódios de 774 corridas, ainda vamos ver pilotos da Gresini no pódio por muito tempo…
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MotoGP: Usará Martin o número 1 na Aprilia em 2025?22 Novembro 2024 17:44