MotoGP à Lupa, 2020: 11 – Câmaras a bordo
Contribuindo para o espetáculo, mais do que para o desempenho, uma pequena história do desenvolvimento de câmaras a bordo em MotoGP
O TT Assen de 2015 assinalou o 30º aniversário da tecnologia de captação de imagens de TV a bordo no Campeonato do Mundo de MotoGP.
Em 1985, o GP da Holanda viu o vencedor da corrida, Randy Mamola, andar na primeira moto de GP equipada com uma câmara a bordo, fornecendo algumas sensacionais imagens ao vivo nunca antes vistas.
Após esta primeira experiência, a Dorna Sports investiu fortemente na tecnologia, de forma a melhorar a cobertura televisiva do desporto quando a empresa adquiriu os direitos da série em 1992. A tecnologia foi subcontratada no início, mas a Dorna começou a criar a sua própria equipa de Investigação & Desenvolvimento para desenvolver câmaras adaptadas para o principal campeonato de motociclismo.
A Dorna sempre trabalhou em estreita colaboração com os fabricantes envolvidos no desporto de forma a tornar os sistemas a bordo parte integrante das motos, primeiro com um acordo específico com a Associação de Fabricantes de Motos (MSMA) em 1998, afirmando que as motos deviam apresentar essas câmaras já incorporadas nas carenagens, e depois nos anos seguintes, adaptando o pacote às necessidades dos fabricantes à medida que a tecnologia evoluiu.
A miniaturização do sistema de câmaras a bordo foi o primeiro grande empreendimento da Dorna quando iniciou a sua própria operação de I&D em 2002, tornado indispensável pelas motos cada vez mais compactas e as exigências de um desporto onde tentar cortar peso de cada componente é prática comum.
Tendo reduzido o peso e o volume das câmaras para metade entre 2002 e 2006, a Dorna conseguiu implementar mais câmaras por moto. A parceria com a Vislink/Gigawave de 2003 foi fundamental para isto, permitindo quatro câmaras em vez de duas, permitindo cobrir a visão dianteira e traseira.
Vários refinamentos técnicos foram introduzidos sem problemas ao longo dos anos, com avanços como a passagem do analógico para a transmissão digital em 2007, superando as limitações de transportar o sinal de vídeo das motos para as unidades de produção de TV através de uma ligação a um helicóptero. Isto garantiu uma cobertura completa, mesmo com mau tempo, sob um túnel ou a partir das boxes.
A introdução do módulo de dados em 2008 para transmitir telemetria de moto permitiu adicionar servos para operar as câmaras e abriu caminho à introdução da câmara Giroscópica em 2010, proporcionando uma imersão inigualável na modalidade para destacar ainda mais o impressionante ângulo de inclinação alcançado pelos melhores pilotos.
Comparadas com as limitadas câmaras nos lados da pista, as imagens oferecem uma espectacularidade difícil de igualar, e de facto, ambas se complementam ao longo de uma transmissão, dando imagens de diferentes ângulos do mesmo incidente.
Nos últimos anos, a grande mudança na tecnologia a bordo foi o salto da resolução SD para resolução HD, sendo a Dorna a primeira a trazer o vídeo de 1080p ao vivo de uma moto em 2011.
Isto forneceu imagens cristalinas aproveitando as primeiras lentes HD a bordo, desenvolvidas pela Fujifilm, e deu um nível de detalhe inigualável à transmissão de MotoGP, aproximando ainda mais o público da experiência dos pilotos.
Após esta grande evolução, a Dorna Sports replicou a abordagem que adotou nos primeiros dias do seu projeto de recolha de imagens a bordo, focando-se novamente na miniaturização do seu novo sistema HD antes de enfrentar novos desafios para melhorar a transmissão televisiva.
Uma das mais recentes inovações é a impressionante câmara Giroscópica a 360 graus que permite seguir uma ação de perseguição de tirar o fôlego e panorâmica dramática de um dado piloto para outro assunto, tudo com um sistema 17 vezes mais leve do que o primeiro sistema de câmaras a bordo usado na moto de Randy Mamola há 30 anos, que pesava mais de 1,5 Kg…
O sistema de câmara única usado em 1985 gerou uma grande variedade de câmaras, que culmina agora, em cada fim-de-semana, com a implantação de nada menos do que cem câmaras a bordo em todas as três classes do Campeonato Mundial.