MotoGP, 2020: Ezpeleta explica planos para o calendário

Por a 30 Abril 2020 15:00

Após o cancelamento do Sachsenring, Assen e KymiRing, anunciado ontem, poderemos ainda contar com o Red Bull Ring, Jerez, Aragón, Catalunha e Misano?

O CEO da Dorna, Carmelo Ezpeleta, explicou porque é que, depois de adiar os eventos anteriores, foi tomada a decisão de cancelar os MotoGP da Alemanha, Holanda e Finlândia.

O executivo espanhol também reiterou os planos para iniciar a temporada de 2020, constantemente adiada até aqui, em Julho, através da utilização de testes extensivos para Coronavírus de membros do paddock, além da forma como está planeada a realização do calendário do Campeonato do Mundo.

Com as respetivas autoridades a prorrogarem a proibição de reuniões públicas até pelo menos final de Agosto, a única forma das rondas de Sachsenring, Assen e KymiRing terem avançado seria como um evento à “porta fechada”, mas parece que tal não era viável.

“Qualquer um destes [três] Grand Prix sem espectadores é muito difícil de fazer”, disse Ezpeleta. “É por essa razão que decidimos com os três promotores locais passar para o próximo ano, em vez de colocá-los numa nova data.”

Abordando a perda do TT holandês, única prova que faz parte do calendário do campeonato do mundo desde a época inaugural de 1949, Ezpeleta acrescentou: “Este problema do Coronavírus é algo como nunca vimos e por isso infelizmente realizar Assen este ano não é uma possibilidade.”

“As autoridades dos Países Baixos proibiram acontecimentos públicos até ao final de Agosto e por isso é completamente impossível (…) até lá. Depois disso, em Assen será difícil organizar um Grande Prémio e mais difícil ainda sem espetadores.”

Assen ostentou o maior número de público do dia de corrida do ano passado com 105.000 espetadores, e o Sachsenring foi um dos três eventos a reunir mais de 200.000 fãs no fim de semana. A situação do KymiRing era ainda mais complicada pela necessidade de receber a homologação do circuito e de realizar um teste de pneus prévio.

Parece agora muito provável que todas as corridas realizadas este ano terão lugar sem fãs.

“Vai ser difícil ter espectadores nas corridas, mas teremos a nossa fantástica cobertura televisiva que permitirá à maioria das pessoas assistir às corridas”, confirmou Ezpeleta.

O trio de cancelamentos significa que Brno, no dia 9 de Agosto, é agora o evento mais antigo da lista. No entanto, o CEO de 74 anos delineou os planos para um início em final de Julho, o que significaria remarcar uma das corridas adiadas ou antecipar um evento a partir do final da temporada.

“A nossa ideia agora é começar no final de Julho. Onde e quando ainda está por decidir”, disse.

O que sabemos é que o evento de abertura, e talvez mesmo toda a época encurtada, será realizado na Europa. Em caso afirmativo, as corridas terminarão no final de Novembro, devido ao clima. Se forem possíveis eventos não europeus, o campeonato poderá seguir até Dezembro.

“Temos a certeza que o nosso programa é começar na Europa e correr entre o final de Julho e Novembro e ver o que está a acontecer, e se as corridas não europeias serão possíveis depois de Novembro”, disse Ezpeleta.

“Na pior das hipóteses, se não for possível viajar para fora da Europa, vamos manter um Campeonato de pelo menos 10 a 12 corridas entre o final de Julho e o final de Novembro.”

Mas isso não significa que tivesse de haver 10 ou 12 locais diferentes, pois “Estamos a considerar fazer dois fins de semana consecutivos de corrida no mesmo circuito”, disse Ezpeleta. Nesse caso, seriam potencialmente apenas cinco ou seis circuitos a cobrir 12 provas, o que também permitira às equipas em dificuldades poupar imenso em deslocações.

Antes de ser anunciado um calendário, o MotoGP deve mesmo assim ser autorizado pelas autoridades competentes do país de acolhimento a realizar um evento “à porta fechada”. A chave para isso é o plano do MotoGP de testar os membros do paddock antes, durante e depois de viajar para cada circuito.

“Todos serão testados antes de saírem de casa, depois testados quando chegarem ao circuito e também quando regressarem a casa. Esta é a ideia”, explicou Ezpeleta. “Estamos a trabalhar com outra empresa que pertence à Bridgepoint [dona da Dorna] para adquirir 10.000 testes.”

Resta saber se esses testes (a par dos esforços de distanciamento social e talvez do uso de máscaras faciais) serão suficientes para persuadir uma nação anfitriã a permitir uma reunião internacional de 1.600 pessoas, mas o MotoGP está confiante de que pelo menos vários países o farão.

“O que estamos a fazer é tentar fazer um protocolo… Para ver como as corridas poderiam ser, sem espectadores e com um número limitado de pessoas a trabalhar no paddock, o que dará diferentes situações em termos de transporte, alojamento e hospitalidade”, disse Ezpeleta.

“O número máximo” de pessoal permitido no paddock “para uma equipa de fábrica de MotoGP será 40, para equipas satélite ou independentes serão 25, 20 para Moto2 e 15 para Moto3.

Depois ainda haverá… todas as pessoas que produzem o sinal de televisão… e o número mínimo de pessoas da Dorna encarregues da organização de corridas. Isto vai dar uma média de cerca de 1.600 pessoas.

“Infelizmente, neste momento não haverá meios de comunicação nem televisão… Talvez alguns fotógrafos forneçam imagens a todos.”

A Áustria está a ser marcada para o início da temporada de F1 no início de julho. Se tudo passar sem problemas, o Red Bull Ring certamente acolherá pelo menos uma corrida da temporada revista de MotoGP, atualmente com data de 16 de Agosto. A Espanha (destino do frete proveniente do Qatar) seria outro provável anfitrião, uma vez que tem quatro circuitos de Grande Prémio diferentes. No entanto, Ezpeleta está confiante de que as viagens aéreas em breve serão possíveis.

“O primeiro programa em que estamos a pensar [é] a possibilidade de nos deslocarmos de carro entre eventos se necessário, mas penso que até Julho, com muitas medidas de segurança, será possível voar dentro da Europa”, disse.

Como detentor dos direitos comerciais tanto para o MotoGP como para as SBK, especulava-se que os fins de semana combinados de corridas pudessem ser possíveis, embora estes inflacionassem ainda mais os números de paddock. Em vez disso, o Mundial de SBK poderá realizar-se agora no fim de semana após o MotoGP.

“A ideia é que, como muitos dos circuitos em que vamos estar em MotoGP também fazem corridas de Superbike, talvez possamos ter uma corrida de Superbike no fim de semana imediatamente após uma corrida de MotoGP”, disse Ezpeleta.

Tendo em conta as palavras de Ezpeleta, eis os locais que vão acolher o MotoGP e as SBK esta temporada e, como tal, parecem mais prováveis de se juntar à Áustria como parte do calendário final proposto para 2020: Jerez, Aragón, Catalunha e Misano. Esses cinco locais proporcionariam uma temporada de dez corridas, se duas rondas fossem realizadas em cada pista.

Os eventos de SBK no Qatar e agora Assen foram cancelados para o MotoGP, enquanto Phillip Island já realizou a sua prova de SBK.

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