História do MotoGP: Kenny Roberts Jr.
Continuamos a nossa série de Campeões com um só título na classe rainha com Kenny Roberts, filho do grande Kenny Roberts Sr.
Kenneth Leroy Roberts Jr. nasceu em Mountain View, Califórnia, a 25 de Julho de 1973 e venceu o Campeonato do Mundo de 500 em 2000. Junta-se ao pai Kenny Roberts, sendo ainda a única dupla pai-filho que ganhou o Campeonato Mundial de MotoGP.
Roberts filho correu pela primeira vez na classe de 250 em Willow Springs em 1990, vencendo 5 corridas na sua temporada de estreia em velocidade. Em 1993, estreou-se no Mundial de 500 na prova de Laguna Seca, e foi piloto de 250 a tempo inteiro em 1994 e 1995 com a equipa Marlboro-Yamaha gerida pelo seu pai, onde chegou a ter um jovem Sete Gibernau como colega de equipa.
A equipa Roberts subiu às 500 de Grande Prémio com a Yamaha em 1996. Roberts terminou a sua temporada de estreia em 500cc na 13ª posição e a Yamaha decidiu não renovar o seu contrato. Integrou a equipa do pai em 1997, passando dois anos a desenvolver a sua moto de dois tempos Modenas. Nesses dois anos, lutou com dificuldades para chegar às primeiras posições, terminando em 16º e 13º, respetivamente, em 1997 e 1998.
Em 1999, assinou contrato com a equipa Suzuki de Grande Prémio. A sua estreia com a Suzuki na Malásia resultou numa vitória surpresa, derrotando o então campeão, Michael Doohan. Venceu a segunda corrida no Japão, onde voltou a derrotar Doohan. Essa série de vitórias inesperadas posicionou-o como um forte candidato a desafiar Doohan para o campeonato.
No entanto, Doohan retirou-se devido a lesões sofridas num acidente na terceira corrida em Espanha. Depois, o principal desafio para o campeonato veio, como vimos antes, do colega de equipa de Doohan, Alex Crivillé.
Roberts não conseguiu encontrar consistência durante o resto da temporada, registando apenas mais duas vitórias e quatro pódios. A sua liderança no campeonato foi posteriormente assumida por Crivillé, que mais tarde conquistou o título. Mesmo assim, Roberts terminaria um respeitável segundo no campeonato.
Depois, renovou o desafio pelo campeonato em 2000. Com Crivillé a falhar em busca do regresso à sua forma, o principal desafio a Roberts veio de Valentino Rossi, um estreante acabado de conquistar o título de 250.
Desta vez, Roberts conseguiu encontrar consistência ao levar quatro vitórias e cinco pódios em 16 corridas na moto assistida pelo grande Erv Kanemoto. Roberts, por então a residir em Barcelona, conquistou o seu primeiro título, duas corridas antes do final da temporada, no Grande Prémio do Brasil no Rio de Janeiro, depois de terminar em 6º lugar, apesar de Rossi ter vencido a corrida.
Tornou-se o primeiro filho de um antigo campeão a conquistar o título. A sua vitória também significou que a Suzuki quebrou a série de seis anos de vitórias consecutivas da Honda no campeonato mundial.
Em 2001, último ano das 2 tempos, Roberts e a Suzuki enfrentaram uma tarefa difícil para defender o título. Com Rossi a dominar a série para conquistar o título, Roberts só conseguiu um único pódio e terminou a temporada numa dececionante 11ª posição. Isto também marcou o fim da era das motos de dois tempos de 500cc, à medida que os regulamentos mudaram para 2002 e as 4 tempos de 990cc se tornaram a norma.
Entre 2002 e 2005, Roberts enfrentou dificuldades no desenvolvimento da nova moto Suzuki GSV-R de quatro tempos que a fábrica tinha criado para desafiar a Honda e Yamaha. A moto tinha um motor derivado de um Cosworth de Formula 1 e era explosiva e difícil de pilotar, enquanto as restantes 4 tempos eram mais fáceis.
Também estava a ser desafiado pelo seu fogoso companheiro de equipa mais novo, John Hopkins, que muitas vezes o superou. Mesmo em 2003 e 2004, Hopkins conseguiu terminar a temporada à frente de Roberts. Durante o período de 4 anos, Roberts conseguiu apenas dois pódios, um em 2002 e um em 2005. No final de 2005, a Suzuki decidiu não renovar o contrato de Roberts e optou por um piloto mais jovem, o Australiano Chris Vermeulen.
Com isso, Roberts regressou à equipa do pai em 2006. A Honda forneceu um motor RC211V V5 com o quadro a ser desenhado pelo Team Roberts, que tinha as antigas instalações da Arrows de Formula 1 em Inglaterra, e a moto foi posteriormente chamada KR211V. Conquistou o seu primeiro pódio da época na Catalunha, tendo começado da primeira linha.
Uma série de cinco posições consecutivas no Top 5 a meio da temporada mostrou a promessa da moto. Voltou a terminar em 3º lugar no Estoril, tendo liderado a uma volta do fim. Kenny explicou mais tarde que tinha contado mal o número de voltas, e quando chegou à reta final com uma volta para completar a prova, esperava ver a bandeira axadrezada, e que isso o distraiu e impediu que bloqueasse a manobra de ultrapassagem de Toni Elías.
Com estes dois pódios, terminou em 6º lugar na classificação no final do ano, auxiliado por pilotos como Casey Stoner e Sete Gibernau terem falhado corridas. Este foi o melhor resultado de Roberts desde que ganhou o campeonato em 2000.
No início de 2007 Roberts, permaneceu na equipa do pai. No entanto, 2007 voltou a marcar uma nova era, uma vez que a moto de 990cc foi substituída por uma fórmula de 800cc de capacidade. Ainda andou na KR212V que usava o motor V4 da RC212V fornecido pela Honda. A temporada de 2007, no entanto, foi menos bem sucedida, devido à Honda se concentrar em melhorar a Honda Repsol de fábrica. Depois de apenas 4 pontos na primeira parte da temporada, Kenny Jr. deixou de correr a meio da temporada, foi substituído pelo seu irmão Kurtis, e nunca mais voltou em 2007. Apesar de experiências com um motor KTM que seria os primórdios da actual equipa de MotoGP, tanto Kenny como a equipa já não participaram na temporada de 2008.
Assim, Roberts Jr. retirou-se tendo alinhado em 185 Grandes Prémios, conseguido 8 vitórias e 22 pódios, com 10 pole position e 9 voltas mais rápidas também a seu crédito. Roberts foi inscrito no MotoGP Hall of Fame da FIM em 2017.