MotoGP, Um olhar para os 11 anos de Marc Márquez na Honda
No dia 7 de abril de 2013, o circuito internacional de Losail era o palco da estreia de Marc Márquez no MotoGP, corrida que o espanhol assinalou com um pódio. Márquez dava assim início a 11 anos consecutivos com a mesma equipa, que vão chegar ao fim no final desta temporada. Vamos revisitar esses 11 anos.
Começando pelo ano de 2013, com a fasquia alta após a despedida de Casey Stoner da Honda, Márquez entrou com tudo no MotoGP, com o primeiro pódio no Qatar a ser seguido pela primeira vitória em Austin na ronda seguinte, num circuito que se tornaria um dos seus favoritos. O 93 mostrava todo o seu talento em pista, também na hora de ultrapassar, como fez com Jorge Lorenzo em Jerez, ou com Valentino Rossi em Laguna Seca. Momentos como uma queda forte num treino em Mugello ou a desqualificação no GP da Austrália não o impediram de assegurar o título na temporada de estreia, tornando-se no mais novo a ganhar um título de MotoGP.
O início de Márquez na época de 2014 seria destruidor, com dez vitórias nas primeiras dez rondas do ano, do Qatar até Indianapolis. Já com três títulos no bolso, um em cada categoria, Márquez só viu a sua série de vitórias ser interrompida em Brno por Dani Pedrosa. Depois de igualar Mick Doohan com 12 vitórias numa só época, o espanhol foi coroado campeão no Japão, num ano em que venceu 13 corridas, registo que não foi melhorado desde então.
Em 2015, Márquez não exibiu os níveis de domínio do ano anterior. Ganhando em Austin, o 93 não voltaria a ganhar até chegar a outro dos seus circuitos prediletos, o Sachsenring, na Alemanha. 2015 também foi o ano em que Valentino Rossi e Márquez tiveram um incidente na Argentina que motivou futuros episódios em Assen e sobretudo na Malásia. Nesse momento, Márquez caiu, Rossi foi penalizado e Jorge Lorenzo conquistou o seu terceiro título mundial.
Márquez não deixou que a perda do título o afetasse, recuperando a coroa em 2016. Com uma abordagem mais madura, o espanhol conseguiu as suas vitórias anuais no COTA e no Sachsenring, conquistando o título em Motegi na sua quinta e última vitória do ano, com Rossi e Lorenzo a caírem ambos.
2017 viu a emergência de novos rivais para Márquez, com Lorenzo fora da equação a curto prazo com a sua ida para a Ducati, com Andrea Dovizioso a emergir na Desmosedici. Viñales também surpreendeu na pré-época, Rossi começou bem e Dani Pedrosa também era um concorrente. Mas ninguém pôde negar o sexto título ao piloto de Cervera, embora as decisões tenham ficado reservadas para a última ronda, depois das vitórias de Dovizioso em Spielberg e no Japão. Na ronda derradeira, em Valência, Márquez ainda teve de salvar uma queda, mas conseguiu mesmo vencer o título.
Em 2018, Dovizioso conseguiu a vitória numa grande corrida no Qatar. Depois de não ter pontuado na Argentina, na sequência de mais um incidente com Valentino Rossi, Márquez conseguiu três vitórias consecutivas para começar a defesa do seu título, que acabou por ser bem-sucedida, depois de mais seis vitórias e ainda outros quatro pódios.
Se a época de 2014 fica na memória pelas 13 vitórias, a de 2019 chama a atenção pelos recordes. O espanhol abriu a época com outra batalha com Dovizioso em Losail, com uma queda em Austin a deixar a dúvida na cabeça das pessoas, mas Márquez respondeu como um campeão. Nas 17 corridas seguintes, nunca terminou abaixo do top-2, com seis segundos lugares e 420 pontos que deram a Márquez o seu oitavo título mundial, após uma batalha na Tailândia contra um Fabio Quartararo que era rookie.
Em 2020, o cenário piorou. Com o espanhol a ter a sua primeira oportunidade de igualar o registo de nove títulos de Valentino Rossi, uma lesão grave na primeira ronda do campeonato, em Jerez, quando tentava uma recuperação, causou-lhe uma fratura no úmero direito. O piloto foi operado e tentou regressar à ação na semana seguinte, mas rapidamente desistiu da ideia, tendo depois de ser operado uma segunda vez, acabando a época mais cedo.
Depois de uma terceira cirurgia, Márquez voltaria na terceira ronda de 2021, em Portimão, 265 dias depois. Lideraria brevemente em Le Mans à chuva, antes de voltar a ganhar no seu Sachsenring. Apesar de uma queda em Assen, teve uma luta com Pecco Bagnaia em Aragão e venceu em Austin e em Misano. Tudo parecia estar a correr bem, até que um acidente enquanto treinava lhe causou diplopia, uma lesão ao nível da visão, forçando nova paragem.
Márquez voltou em 2022, mas voltou a lesionar-se, com um grande highside na Indonésia a forçá-lo a falhar um par de provas. Voltou em pleno para os Estados Unidos, e, apesar de ser atrapalhado por um problema mecânico no arranque, recuperou até ao sexto lugar. Semanas mais tarde, anunciou a decisão de ser novamente operado ao braço direito, voltando depois no teste de Misano. O primeiro GP em Aragão foi algo turbulento, mas Márquez foi subindo de forma com o passar do tempo, conseguindo uma pole position no Japão e o seu 100.º pódio na Austrália.
Agora, o espanhol sairá da Honda no final desta temporada (tudo indica que irá para a Gresini), deixando para trás uma rica história na marca japonesa.