MotoGP: Suzuki para onde caminhas?

Por a 10 Maio 2017 16:37

Depois de em 2016 ter quebrado um longo jejum de vitórias por intermédio de Maverick Viñales, a Suzuki partiu para a nova época com expectativas elevadas. Isto apesar de ter trocado a sua dupla de pilotos com a saída de Maverick Viñales e Aleix Espargaró para a Yamaha e Aprilia, respetivamente, em contrataponto com a chegada de Andrea Iannone e do estreante Álex Rins.

No entanto e quando se esperava a confirmação da aproximação às rivais Honda, Yamaha e Ducati a verdade dos números é que após os quatro primeiros Grandes Prémios do ano a Suzuki tem apenas 16 pontos somados, naquele que é o pior arranque da insígnia de Hamamatsu desde que regressou à classe rainha em 2015. A este pobre registo acrescenta-se o facto de pela primeira vez a Suzuki não ter pontuado em dois Grandes Prémios durante uma temporada.

Entre as principais queixas dos pilotos da formação nipónica, nomeadamente de Andrea Iannone, está a falta de velocidade de ponta da GSX-RR contudo os problemas neste momento não se resumem apenas à moto e ao seu desenvolvimento.

Andrea Iannone continua fiel a si próprio, isto é capaz do melhor e do pior. Logo na corrida de abertura o piloto italiano estava na luta pelo pódio quando uma queda deitou por terra todo o seu esforço. Seguiu-se uma falsa partida no GP da Argentina, que comprometeu o seu resultado final (16º), um sétimo lugar no GP das Américas (o melhor resultado até ao momento) e novo abandono no GP de Espanha devido a queda e quando lutava pelas primeiras posições. É muita a curiosidade para saber se o chefe de equipa, Davide Brivio, conseguirá ser a figura que coloca juízo na cabeça do piloto que é conhecido como o ‘Maníaco’. Para já Iannone continua indomável e a provocar os mesmos dissabores que nos últimos anos marcaram a sua passagem pela Ducati e valeram a sua dispensa em detrimento do outro Andrea, neste caso Dovizioso.

No outro lado da boxe os problemas estendem-se. O rookie Álex Rins teve um início de consulado para esquecer. Duas lesões travaram o piloto espanhol sendo que a última, a fratura de um pulso durante o GP da Argentina, colocou Rins KO. Como ‘highlight’ ficou para já um positivo nono lugar na primeira corrida que fez entre os maiores do pelotão.

Levando em conta o lote de pilotos disponível, que não é o mais abrangente nesta fase da época, o piloto de testes Takuya Tsuda teve aos 33 anos a oportunidade de assinar a sua estreia em MotoGP. Como é natural Tsuda rodou sempre longe dos lugares da frente vendo a bandeira de xadrez no 17º posto, portanto sem direito a pontos. Ficou uma experiência para contar mais tarde ao netos.

Para o lugar de Álex Rins pelo menos no GP de França a Suzuki recrutou Sylvain Guintoli, piloto que desde 2008 não está de forma permanente em MotoGP e que parece ter entrado em ‘pré-reforma’ ao rumar em 2017 para o Campeonato Britânico de Superbikes. Apesar das boas indicações deixadas no teste oficial de Jerez, onde não ficou assim tão longe das primeiros lugares não se pode exigir muito a Guintoli neste regresso inesperado, apesar de ser um piloto que até ao ano passado esteve a competir ao mais alto nível no Mundial de Superbikes.

Perante tal quadro não é de esperar muitas melhorias no futuro próximo numa equipa que está neste momento entregue a Andrea Iannone e com tudo o que isso significa. Mesmo que o italiano faça aqui e ali um brilharete é do conhecimento geral que o impetuoso italiano é uma bomba relógio sempre pronta a explodir.

Como é óbvio estamos apenas com quatro Grandes Prémios decorridos pelo que é cedo para fazer um balanço, mas este poderá ser muito bem um ano, em que face a tantas contrariedades, a Suzuki em vez de dar um passo em frente no sua curva de evolução poderá dar um passo atrás e continuar longe dos momentos gloriosos que viveu com nomes como Kenny Roberts Jr., Barry Sheene ou Kevin Schwantz.

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Alexandre Melo
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