MotoGP: Marc Márquez, da Honda para a Ducati com passagem no apeadeiro da KTM
A novela de Marc Márquez durou nada menos que cinco meses, em que o destino do oito vezes campeão mundial passou do Japão para a Áustria e para a Casa Gresini… sempre à espera do anúncio oficial.
Recapitulando tudo o que aconteceu neste período, vejamos como chegámos a Marc Márquez a um passo da equipa Gresini e da Ducati não oficial.
No início de 2023, Marc Márquez tinha a certeza de que poderia ter uma voz no campeonato do mundo. Sentia-se bem fisicamente , tinha passado um inverno apenas de treino e zero intervenções cirurgicas (depois dos quatro operações ao úmero entre o verão de 2020 e junho de 2022) e estava pronto a ir “ para a guerra ”.
Em Portimão tinha conquistado a pole e o pódio no primeiro sprint da história mas depois no domingo deu-se grande confusão: abalroa Miguel Oliveira, lesionando-o e lesionando-se a ele próprio, o que resultou na ausência de três GPs (Argentina, Texas e Jerez) e numa polémica sem fim com muitos apelos pela penalização de Long Lap pela sua manobra em Portimão. Assim, e após os primeiros Grandes Prémios, Marc Márquez percebia que este seria um ano ‘horribilis’.
Em Abril de 2023 começam a circular os primeiros rumores sobre uma possível saída antecipada do #93 da Honda. O primeiro a realmente virar notícia foi Jorge Lorenzo, mas quem provavelmente mais surpreendeu foi Wayne Rainey. Em abril o tricampeão mundial de 500cc entendeu tudo, antes de mais ninguém! E este foi o seu pensamento: “Esse tipo de pensamento (trocar de moto) certamente passa pela sua cabeça: para se recuperar o Marc precisa de uma moto que o faça se sentir bem e a Honda, no momento, não é isso”. Resumindo, ver o irmão feliz com a Ducati, fez Marc querer trocar de moto. Mas é cedo, ainda estamos em abril e ninguém dá seguimento às palavras de Rainey.
No final de Maio de 2023 foi a vez de outro campeão mundial, desta vez Jorge Lorenzo lançar uma frase que acabaria por ser uma profecia: “O Marc Márquez aceitará uma oferta da Ducati, mesmo que não o satisfaça inteiramente”, disse o maiorquino numa entrevista ao site MotoGP.com falando sobre o futuro do piloto de Cervera.
No dia 6 de junho, numa entrevista à SKY, Claudio Domenicali, CEO da Ducati fecha a porta a Márquez, dizendo: “Não é a coisa certa para nós”, esclarecendo que não há espaço para o número 93. “O Bagnaia é um talento louco e também temos Bastianini, Martin, muitos jovens que acompanhamos. A Ducati tira a sua força da forma como trabalha com os seus pilotos, temos um espírito de família, sentimo-nos muito bem assim e vamos continuar assim”.
Após estas declarações, Márquez finalmente fala. “A Honda é o plano A, mas quero uma moto para vencer“, numa primeira admissão do desejo de trocar de moto. Na Holanda, no final de junho, uma série de acontecimentos importantes sobre o futuro de Márquez: o primeiro drible para perguntas diretas. Os rumores sobre a KTM e o reconhecimento de um momento muito difícil. “Se eu me ofereci à KTM? É falso”, disse o oito vezes campeão mundial. Seguem-se as declarações de Alberto Puig que abrem um cenário novo e concreto, “A Honda não retém ninguém de má vontade, logo o Márquez pode sair.” A partir desta altura, quase todos os dias a mídia falará sobre a possibilidade de mudança.
Para muitos comentadores, a KTM e Marc Márquez era um negócio fechado, mas para 2025, não para 2024. Em vez dos rumores proseguirem, o fabricante austríaco faz de tudo para obter o OK da Dorna para colocar 6 motos na grelha. Tudo para criar uma equipa de sonho: Marc Márquez e Pedro Acosta. Mas a Dorna opôs-se e a passagem do #93 para o fabricante austríaco deixa de ser falada.
Em Agosto de 2023, Márquez entra na órbita da Ducati para 2024. De um cenário improvável, os rumores sobre Márquez na Ducati de repente ganham força, falando-se sobre as equipas satélite da marca de Bolonha. Fala-se sobre a Pramac e Gresini e, na verdade Paolo Campinoti tentou convencer Márquez. No entanto, não foi alcançado um acordo, aparentemente devido a um desentendimento sobre a duração do contrato: a Pramac ofereceu um contrato de dois anos, mas Márquez só queria ficar na equipa por um ano. O resto é história recente.
Nos testes de Misano, as palavras de Márquez, a meio do dia, confirmam que o número 93 pensa seriamente em despedir-se: “Tenho três alternativas”, adivinhando-se que poderia ficar na Honda, ir para a Gresini, ou ir para a Pramac. Mas, poucos dias depois a Pramac anuncia a contratação da Morbidelli… e Márquez declara: “Agora são duas opções”.
No dia 4 de Outubro, a Honda emite um comunicado oficial a anunciar a separação de Marc Márquez no final da temporada. O breve comunicado de imprensa da Honda chega pouco depois da hora do almoço: depois de 11 anos, os caminhos de Márquez e do HRC separam-se. Agora falta apenas uma peça do quebra-cabeça, o comunicado com o qual a Gresini formalize a contratação do oito vezes campeão mundial. Então sim, terminará esta longa novela.
Não foi ele que disse que ganhava em qualquer mota????