MotoGP: A evolução de Jorge Lorenzo
O piloto espanhol protagonizou uma das grandes transferências do último defeso ao trocar a Yamaha pela Ducati repetindo aquilo que anos antes o seu grande rival, Valentino Rossi, havia feito. Desde logo muito se especulou se o tricampeão do mundo de MotoGP teria capacidade para continuar a ganhar, algo que Rossi não conseguiu.
Parecendo não ficar afectado pelas inevitáveis comparações, Lorenzo meteu mãos à obra. A fase inicial da época não foi fácil, pois as dificuldades para aceder à Q2, fase decisiva da qualificação eram muitas, e os pontos somados nas primeiras três provas foram apenas 12. Porém aos poucos o maiorquino foi adaptando a sua pilotagem à difícil Desmosedici, que tantas ‘vítimas’ já fez ao longo dos anos.
Na chegada à Europa veio o primeiro pódio com o terceiro lugar em Jerez, depois em Mugello – território sagrado para a Ducati – liderou pela primeira vez uma corrida aos comandos da moto transalpina. Momento que seguiu-se em mais rondas, nomeadamente na fase inicial das corridas, mas a falta de consistência fez sempre Lorenzo perder posições com o acumular das voltas. Porém nas últimas rondas esse capítulo parece estar a ser ultrapassado e imagine-se nas corridas à chuva, o conhecido calcanhar de Aquiles do espanhol. Será que a ‘nuvem negra’ ficou na Yamaha?
Em Misano quando liderava confortavelmente a corrida sofreu uma queda, enquanto no último de fim de semana um ‘susto’ e as famigeradas ordens de equipa fizeram reverter o jogo a favor do seu colega, Andrea Dovizioso, tendo Jorge Lorenzo de contentar-se com o segundo posto, mas que mesmo assim ofereceu à Ducati a primeira dobradinha do ano em termos de pilotos oficiais.
Mais uma vez Lorenzo ficou no quase, mas como disse ontem Miguel Oliveira na chegada a Lisboa, depois das duas primeiras vitórias em Moto2, já “sabia que o resultado estava para acontecer só não sabia quando é que iria surgir”. O mesmo parece aplicar-se cada vez com mais força ao piloto de 30 anos. Será em Valência, onde Jorge venceu por três vezes nos últimos três anos, ou a travessia do caminho das pedras vai ainda a meio e só chegará ao seu destino em 2018?
Este ano na Ducati não é suficiente para dar um “duche” de humildade a Lorenzo, e também não é este artigo que vai quebrar a sua arrogância. Faz-me lembrar um outro espanhol (asturiano) da F1, que tardou a “amansar”, mas que nos os últimos 3 anos me convenceu que as pessoas podem mudar, mas não me parece que Lorenzo seja capaz disso, até porque não me parece que já seja suficientemente habilidoso na chuva para ser um grande piloto.