MotoGP: Desde 1969 que não se via um Top 10 sem nenhuma moto japonesa!
No GP da Alemanha de domingo, fez-se história: foi a primeira vez, desde 1969, que nenhuma moto japonesa se colocou entre os dez primeiros. Contúdo, Marc Márquez recusa-se a atirar a toalha ao chão e aceitar uma nova realidade.
Na corrida de Sachsenring, no domingo, os cinco primeiros lugares na corrida de MotoGP foram ocupados por motos Desmosedici GP da Ducati. A última vez que um fabricante de MotoGP monopolizou os cinco primeiros foi há duas décadas, quando a Honda dominou o Grande Prémio do Brasil de 2003, com a sua sublime RC211V.
A Ducati também teve oito motos entre os nove primeiros, cercando uma KTM em sexto, mas o que muitos não sabem é que a RC16 austríaca conta agora com a contribuição de muitos ex-engenheiros da Ducati. Por outras palavras, a Ducati está em absoluto ao ataque, técnica, comercial e politicamente. Além disso, a empresa italiana tem oito motos na grelha, o que lhe confere todo o tipo de vantagens.
A vitória do piloto da Pramac, Jorge Martin, também coloca um ponto final num longo jejum de triunfos da Ducati em Sachsenring, que durava desde a vitória Casey Stoner em 2008 no circuito alemão…
Mas o facto mais relevante é este: a corrida de domingo foi a primeira vez que um GP da categoria rainha terminou sem uma única moto japonesa a terminar entre os dez primeiros em cinquenta e quatro anos!
De facto, o último GP sem nenhuma moto japonesa no Top 10 data do longínquo ano de 1969, quando o primeiro humano pisou na lua e os Beatles lançaram seu último álbum.
Um Novo Mundo liderado por contrutores Europeus
Nos últimos anos, a Ducati levou o MotoGP a um mundo totalmente novo. Se observamos as últimas motos de fábrica da Ducati, Aprilia e KTM, vemos como parecem totalmente diferentes de como eram há meia década. A Honda e a Yamaha, não muito. A Ducati e a Aprilia contrataram aerodinâmica da Ferrari para a Fórmula 1, enquanto a KTM agora trabalha com a Red Bull Advanced Technologies, que cria aerodinâmica para o atual campeão mundial de F1, a Red Bull. Os europeus estão a avançar e a relegar os seus rivais japoneses muito para trás. Terá a Suzuki advinhado a calamidade que aí vinha, retirando-se a tempo da desonra?
A tecnologia aerodinâmica do MotoGP abriu um mundo totalmente novo – para o bem ou para o mal – onde há muito a aprender e muito a ganhar: aderência, acima de tudo. O downforce agora afeta o desenvolvimento de todas as partes dessas motos, porque com mais aderência se pode ir mais longe em todas as direções. E os tempos de corrida deste ano provam onde a aerodinâmica levou o MotoGP: a corrida de domingo foi nove segundos mais rápida do que há quatro anos, Mugello foi 16 segundos mais rápida e a corrida de Le Mans foi 15 segundos mais rápida. A Honda e Yamaha fizeram alguma evolução na direção do desenvolvimento aerodinâmico, mas já estão vários anos atrás dos seus rivais.
Nada na atual RC213VS ou na Yamaha YZR-M1 sugere que qualquer uma das fábricas esteja a pensar profundamente nessa área de tecnologia, de modo que Márquez e Fabio Quartararo parecem estar condenados a arriscar a vida. Márquez e Quartararo são dois dos pilotos mais talentosos do MotoGP, mas isso já não é suficiente!
Em resumo, as motos de MotoGP mais avançadas de hoje não funcionam como motos normais. Já não entram e saem das curvas como o costumavam fazer e precisam ser pilotados de uma certa maneira para aproveitar a tecnologia mais recente: aerodinâmica, dispositivos de altura e assim por diante. O mundo mudou e os japoneses não o perceberam, e por isso estão agora em apuros.
A recusa de Márquez em aceitar os factos
Marc Márquez , 11 vezes vencedor do Sachsenring, está neste momento a lamber as feridas depois de um fim de semana infernal no GP da Alemanha, que o levou a cair cinco vezes, incluindo três highsides, desistindo da corrida de domingo depois de partir o polegar no warm-up da manhã.
Algumas dessas quedas foram devidas à recusa do piloto de 30 anos em desistir do seu circuito favorito, quaisquer que fossem as probabilidades. No mínimo, a sua Honda RC213V parece estar a funcionar pessimamente – sem aderência de entrada, sem aderência de saída, sem estabilidade e eletrónica aparentemente incapaz de salvá-lo. Márquez também havia caído nas duas corridas anteriores de MotoGP, tentando o impossível: rodar junto das Ducati. Os seus detratores dizem que o oito vezes campeão mundial devia ir para reforma, alguns dos seus fãs defendem que deveria mudar de marca.
Sendo certo que Márquez não se conforma, nem nunca aceita a derrota porque isso está no seu ADN, não o devemos criticar porque, antes do mais, o piloto de Cervara que atualmente reside em Madrid, é um profissional a 100% de corpo e alma que está a fazer tudo pela marca que lhe paga o ordenado, pondo em risco a sua própria vida com uma moto que é uma lástima… Mas, imaginem o que ele faria numa Ducati!!! E o mesmo vale para Fabio Quartararo! Acontece que os responsáveis de Borgo Panigale querem um Campeão do Mundo italiano com uma moto italiana… o que é perfeitamente compreensível.
Arrisca a própria vida mas também a dos outros.
Aquele acidente com o Zarco foi impressionante e também lamentável visto que não se preocupou em saber da situação do colega.
Ainda vai causar um grave acidente por ir para lá dos limites da mota e de pilotagem.