MotoGP, as equipas: A Aspar

Por a 6 Junho 2020 16:00

A Aspar, durante algum tempo apelidada de Angel Nieto Team, foi formada, como tantas, para providenciar uma estrutura em redor do piloto que lhe dá o nome, Jorge Martinez “Aspar”, “o que pica ou chateia”.

O Malaio Syahrin é das mais recentes contratações de Aspar

A história da equipa começa a escrever-se em 1992. Há muitos adjetivos para descrever Jorge Martínez, que forjou a sua lenda no final dos anos 1980, com quatro títulos mundiais e um vasto recorde que o tornaria num dos maiores expoentes do motociclismo internacional até hoje nas pequenas cilindradas, talvez o maior a seguir a Angel Nieto. Tenaz como poucos outros, mesmo na sua última época como piloto, ainda era impressionante vê-lo chegar à cabeça do pelotão passando 5 pilotos na mesma travagem, como se os outros nem contassem…sabia que os seus dias como piloto iriam acabar, por isso decidiu fundar a Equipa Aspar em 1992, para continuar a saborear a glória e desfrutar do epílogo da sua carreira profissional como chefe da sua própria equipa, ao mesmo tempo passando a outros alguma da sua experiência. Vários pódios e a sua última vitória na Argentina, em 1994, alcançada dentro da sua própria estrutura, ficaram para a história.

Jorge Martinez Aspar, 4 títulos de 125 e lenda MotoGP

Em 1997 pendurou o fato de cabedal, mas continuou de circuito em circuito, carregando a batuta da equipa, apesar do facto de que, quando piloto, só tinha de se preocupar com ganhar, mas como líder da equipa as preocupações multiplicaram-se.

No final da década de 1990, a equipa cimentou a sua presença com vários títulos nacionais e outros europeus, mas foi com a entrada no novo século, na década de 2000, que ocorreu o ressurgimento: campeões mundiais, vice-campeões, vitórias, tripletes… sucessos consecutivos, combinando disciplina e paixão para fazer da equipa uma das referências no mundial da atualidade. Sem dúvida, para sublinhar o primeiro grande marco do grupo valenciano, pois a formação está sediada no Ricardo Tormo, basta recuar a 2002, quando juntamente com Fonsi Nieto foi alcançado o primeiro vice-Campeonato do mundo de 250cc. 2004 foi mais uma temporada de vertigem, com um novo vice-campeão na categoria intermédia, desta vez o Argentino Sebastián Porto.

Dois pontos altos que alertaram para a onda que estava para começar, a que se segui o primeiro título de 125 com Álvaro Bautista. Antes de cantar o hino da vitória, nesse ano de 2006 a equipa ainda atingiu várias pérolas históricas e um evento sem precedentes no Mundial: três pilotos da mesma equipa subiram ao pódio no Istanbul Park, na Turquia. Seguiram-se vitórias, pódios e pole positions, e finalmente na Austrália Álvaro Bautista triunfou para conquistar o primeiro título para a Equipa Aspar.

Bautista continuou o sucesso de Aspar nas 125

O piloto de Castilla la Mancha marcou 338 pontos a caminho da coroa de 125, a maior pontuação dos últimos tempos na categoria mais pequena. Quatro dos cinco pilotos do grupo valenciano terminaram nos cinco primeiros lugares do ranking geral do ano. Sem dúvida, um domínio avassalador.

Quando tudo apontava para que seria impossível, ou pelo menos muito difícil, voltar a dominar tão claramente, a equipa voltou a fazê-lo em 2007. Apenas algumas corridas foram necessárias para confirmar que o título de 125 também repousaria nas exibições da Aspar Team no final do percurso desse ano.

Hector Faubel e Gábor Talmácsi dominaram a pequena categoria, prolongando o duelo até ao último episódio em Valencia, onde o húngaro assumiu o prémio e o valenciano foi segundo classificado. A equipa continuava a forjar a sua história.

Em 2008, a Aspar foi vice-campeã do mundo na categoria 250, ao lado de Álvaro Bautista, e em 2009 o monopólio foi reeditado na categoria de 125, desta vez nas figuras de Julian Simon, entretanto passado a manager e coach, e Bradley Smith. O espanhol e o britânico monopolizaram a luta pelo título, impedindo a intromissão de quaisquer outros rivais na luta e deixando claro que a equipa estava um furo acima dos seus adversários.

Julian Simon foi o mais consistente e acabou por celebrar a vitória no ambiente mágico de Phillip Island. Simon sagrou-se campeão e Smith vice-campeão em 125, deixando para trás, oito pódios duplos e outro triplo histórico em Assen juntamente com o companheiro inspirado Sergio Gadea.

2010 foi um ano de novidades, com a assinatura da promessa valenciana do momento, Nico Terol; o início de uma nova era na chamada Moto2 e, sem dúvida, a aterragem final no MotoGP foi a grande notícia que manteve a equipa, agora presente nas 3 classes, no centro de todas as atenções.

Terol e Simon foram vice-campeões do mundo de 125 e Moto2, os primeiros mantendo viva a luta pelo título com Marc Márquez até à última data, e o segundo mostrando uma grande adaptação aos novos tempos. O piloto valenciano Héctor Barberá arrancou com o novo orgulho da equipa, a sua participação na categoria rainha do mundial.

Hector Barberá e a Ducati projetaram a Aspar em MotoGP

Mas se algo tem preocupado Jorge Martínez ao longo da sua carreira, foi a preocupação com a promoção de jovens talentos, pelo que foi também um precursor e arquiteto da escola de pilotos do circuito da Comunidade Valenciana.

Um berçário de jovens pilotos de onde surgiram várias das grandes estrelas dos últimos tempos e o último campeão do mundo de 125, Nico Terol, que andou com a Equipa Aspar em 2011. O conjunto valenciano viu uma pérola nascida das suas raízes monopolizar a temporada do início ao fim sob as suas orientações, para acabar por ser campeão perante o seu público, no circuito da Comunidade Valenciana, e numa equipa puramente valenciana. Para homenagear o melhor piloto valenciano da história, e um dos melhores do mundo, o último campeão do mundo de 125 deixou a sua marca na Aspar Team.

Já líder indiscutível nas categorias pequenas, o MotoGP foi a próxima paragem do Team Aspar. Não foi suficiente aparecer, o mesmo espírito triunfal tinha que ser aplicado e marcar a participação. Em 2012, com a entrada da nova categoria CRT, o conjunto valenciano varreu na classe destinada a encher as grelha de MotoGP com motos menos caras, graças a Aleix Espargaró e Randy De Puniet.

O ano de 2013 voltou a ser um passeio triunfante para Espargaró, e uma nova reviravolta deu razão a uma equipa destinada a vencer. Durante esses anos, Nico Terol, Jordi Torres ou Jonas Folger continuaram a somar triunfos no equilíbrio da equipa nas categorias Moto2 e Moto3, mas foi necessária uma renovação no projeto para continuar a crescer e enfrentar o futuro com as máximas garantias.

Em 2014, a equipa iniciou uma nova carreira na MotoGP com a Honda. A Equipa Aspar estava de volta às suas origens, à marca com que se estreou no Mundial em 1992, ainda que desta vez no primeiro escalão e pela mão de dois campeões mundiais como Nicky Hayden e Hiroshi Aoyama.

Na categoria pequena, a equipa enfrentou um novo desafio e tornou-se a ponta de lança do projeto indiano da Mahindra, um novo construtor que procura lutar contra o colosso da Honda e da KTM. Depois de tentar sozinho sem conseguir, o fabricante juntou-se à Equipa Aspar para aproveitar o conhecimento técnico da sua equipa e continuar a subir etapas. E fê-lo: no seu primeiro ano veio o primeiro pódio, de mãos dadas com o talento transalpino Pecco Bagnaia. Mas o melhor ainda estava para vir, e 2016 experimentou o seu surgimento: duas vitórias e seis pódios com Albert Arenas, Pecco Bagnaia e Jorge Martin, que devolveram a equipa à luta pelas posições de honra da pequena classe.

Num esforço para poder voltar a ser a melhor equipa independente de MotoGP, a equipa comandada por Jorge Martínez “Aspar” voltou à fábrica da Ducati para continuar a subir posições entre os melhores, com Álvaro Bautista e Karel Abraham a bordo.

Em Moto3, com Andrea Migno e Albert Arenas, mas agora na nova KTM, a Equipa Angel Nieto, rebatizada em homenagem ao 12+1 vezes campeão do mundo Angel Nieto, voltou a colher os louros que foram tantas vezes antes conquistados pelos seus pilotos ao longo dos mais de 25 anos da equipa, com duas vitórias em França e na Austrália, seguidas de mais uma vitória na Tailândia em 2019.

Agora, em 2020, começa um novo desafio para a Equipa Aspar Angel Nieto, que carrega por trás dela a paixão trazida pelos seus pilotos de todas as nacionalidades, para forjar campeões, independentemente de onde venham.

Esta nova temporada nasceu com o objetivo de lutar pelo título em Moto3 com Albert Arenas, que para já começou bem, sendo dos mais rápidos na pré-época, e continuar a crescer com o italiano Stefano Nepa, e com a renovação de ares na categoria intermédia, onde Aron Canet e o recém-chegado da MotoGP Hafizh Syahrin vão competir com as Speed Up.

Quanto a Jorge Martínez Aspar, aos 57 anos, com 11 títulos mundiais, 131 vitórias e 362 pódios conquistados pela sua equipa, só pode considerar-se um homem realizado!

 

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