MOTOGP, ANDALUZIA: A EVOLUÇÃO NA KTM

Por a 27 Julho 2020 16:00

A colisão que excluiu Miguel Oliveira do que poderia ter sido o seu mais brilhante resultado no Mundial de MotoGP até agora, quem sabe mesmo um pódio, não nos deve distrair do significado das últimas duas semanas em termos do pulo que as KTM souberam dar até aqui com a nova moto de 2020.

Sinais prematuros vieram logo das primeiras impressões de Miguel Oliveira, quando disse depois dos ensaios pré-época que a moto de 2020 “não tinha nada a ver com a de 2019”.

A rápida habituação quer de Binder, quer de Lecuona a uma moto exigente de pilotar, atestavam também isso mesmo.

Quando há dias Miguel Oliveira foi o mais rápido em pista, batendo até o bem mais experiente na RC16, quase desenhada à sua volta, Pol Espargaró, a conclusão foi, não só que em termos humanos, Miguel estava pronto, mas que em termos técnicos as KTM iam subir a parada esta ano.

O mais recente Grande Prémio foi prova disso mesmo, com Espargaró, Binder e Miguel a andarem no ritmo dos da frente e toda a equipa KTM a trabalhar para colocar as motos no ponto certo, uma encomenda difícil nas condições de calor extremo e, não menos importante, na habituação a novas borrachas da Michelin trazidas especialmente para o que eles sabiam ia ser um Grande Prémio de exigências excecionais nos pneus… circunstância, que no entanto, se aplicava a toda a grelha e não só às KTM.

Recapitulando, três das quatro RC16 saíram da grelha de partida das três primeiras linhas, lideradas pela KTM Red Bull Tech3 de Miguel Oliveira em 5º lugar.

Pol Espargaró (44) obteve a sétima posição numa das corridas mais quentes de que há registo, com temperaturas quase a atingir os 40 graus e o asfalto a registar 59 graus no termómetro. Espargaró está agora no 5º lugar da classificação do Campeonato do Mundo.

Brad Binder, que tinha abalado o paddock do MotoGP ao afixar o terceiro melhor tempo num dos Treinos Livres no seu segundo Grande Prémio e passou diretamente para a Q2 no domingo, só para depois, infelizmente, bater na roda traseira de Miguel Oliveira na primeira curva, teve de recuperar da última posição, fazendo voltas iguais aos líderes pelo segundo domingo consecutivo, e voltando à 12ª posição antes de cair outra vez.

A mesma curva também apanhou Iker Lecuona, da KTM Red Bull Tech3, na sexta volta.

Pol Espargaró comentou: “Aconteceram muitas coisas! Quase me despistei no início quando toquei na roda traseira do Danilo Petrucci e perdi algumas posições. Tive de lutar para recuperar terreno e puxei muito, mas depois estava a sofrer com o calor. A semana passada não foi muito má, mas hoje quase não consegui continuar. A moto está a ter um bom desempenho e normalmente, Jerez é um dos circuitos mais difíceis para nós. Já vimos outros fabricantes em dificuldades, mas a equipa saiu-se bem e conseguimos mostrar algumas das melhorias para que todos na fábrica têm trabalhado no inverno. De certeza que esperávamos um pouco mais hoje, mas temos vindo a ganhar pontos e estamos em quinto lugar no campeonato.”

Brad Binder juntou: “Hoje definitivamente não correu como planeado e o pior foi que destruí a corrida para o Miguel. Teve um ótimo fim de semana até então e tenho a certeza que teria tido uma corrida forte. Sinto muito por isso. Tive um bom começo e não vi o Danilo por dentro e quando vi já era tarde demais: não consegui evitar o Miguel. Quando vi o acidente, fiquei muito preocupado, por isso estou contente por ele estar bem. Depois disso, a minha corrida ficou difícil. Dei o meu melhor para seguir o meu caminho através do grupo. Continuei a trabalhar, a empurrar e a entrar na última curva, saí de frente e tentei salvá-la, mas agarrou outra vez e cuspiu-me do outro lado. Felizmente estou bem e tentaremos de novo da próxima vez.”

Miguel Oliveira, como já noticiámos, deu um relato detalhado das suas impressões, que aqui resumimos: “Era a primeira curva, toda a gente quer ganhar posições, por isso é normal que às vezes julguemos mal os pontos de travagem ao estarmos demasiado otimistas. Temos mais corridas este ano, por isso não é o fim do mundo.”

Iker Lecuona: “Na semana passada, estava a lutar com as temperaturas. Na corrida de hoje, não sei porquê, a moto parecia um pouco diferente da anterior. Estava a discutir muito posições com o Alex Márquez. Cometi um erro e tentei pressionar de novo, mas finalmente perdi a frente. Lamento muito pela minha equipa. Sei que estão sempre a esforçar-se muito. Vamos tentar melhorar em Brno.”

Mike Leitner, Diretor de Corridas da KTM Red Bull: “O fim de semana em geral foi muito positivo e fomos muito otimistas para a corrida, mas é assim que a modalidade é, às vezes. Foi triste ver o Miguel e o Brad fora da corrida na primeira curva, mas temos visto muitos problemas nessa curva ao longo dos anos. O Brad puxou e mostrou grande velocidade novamente até que entrou um pouco depressa demais na última curva. Estamos felizes que os pilotos estejam todos bem e possam ir para Brno sem problemas. Pol está no quinto lugar do campeonato agora e vimos que muitas motos tinham sérios problemas nestas condições, mas conseguimos terminar. Vamos assumir esta 7ª posição como positiva e trabalhámos arduamente para isso. Vamos para Brno esperando por mais uma boa semana.”

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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