MotoGP, A história da reviravolta de Pecco Bagnaia no campeonato

Por a 18 Outubro 2022 11:30

Francesco Bagnaia não começou bem o campeonato e não era de todo expectável que o estivesse a liderar a duas voltas do fim. Com um ponto conquistado nas primeiras duas corridas, quatro abandonos antes da pausa de verão, e a 91 pontos de Fabio Quartararo a determinada altura, Bagnaia conseguiu virar a situação e tem agora uma vantagem de 14 pontos antes da penúltima prova, na Malásia.

Quanto a Fabio Quartararo, a história escreve-se ao contrário. O campeão do mundo tinha vencido de forma dominante em Portugal, Catalunha e Alemanha, parecendo que estava embalado para o bicampeonato. Foi depois da Alemanha que Bagnaia chegou a admitir que seria quase impossível ser campeão, sendo nessa fase que estava a 91 pontos.

Uma semana depois da queda no Sachsenring, o Grande Prémio dos Países Baixos apontava para mais dificuldades de Pecco contra Quartararo, que tinha vencido em Assen em 2021, numa pista que costuma favorecer a Yamaha. Contudo, o francês cometeu o primeiro erro da época e não pontuou, com Pecco a bater Marco Bezzecchi e Maverick Viñales, vencendo e reduzindo a distância para 66 pontos.

Silverstone assinalou o início da segunda metade da época, com Quartararo a ter de cumprir uma long lap penalty nessa corrida, depois do incidente com Aleix Espargaró em Assen. Isso custou a hipótese de vitória ao homem da Yamaha, com Pecco a voltar a conquistar os 25 pontos. Uma semana depois, no Red Bull Ring, o italiano ganhou pela terceira vez consecutiva – e a cortar mais cinco pontos da desvantagem, uma vez que Quartararo terminou em segundo.

Em Misano, Pecco avançou para a quarta vitória consecutiva, apesar dos esforços de Enea Bastianini, que ficou a 34 milésimos do seu futuro colega de equipa. À saída de Misano, a diferença entre Pecco e Quartararo era de 30 pontos, com 61 a serem reduzidos no espaço de quatro corridas.

Em Aragão, Quartararo sofreu logo um incidente na primeira volta com Marc Márquez que levou ao seu abandono, com Bagnaia e Bastianini a lutarem pela vitória novamente. Desta vez, foi o piloto da Gresini a levar a melhor, mas o segundo lugar fazia com que Pecco ganhasse 20 pontos ao líder do campeonato, estando a apenas dez de distância.

No Japão, o ímpeto voltou a virar a favor do piloto da Yamaha, parecendo que Bagnaia tinha deitado tudo a perder. Uma queda na última volta, com um aplauso sarcástico a si próprio, condenou o piloto da Ducati a terminar sem pontos, com Quartararo a distanciar-se, apesar de ter sido apenas oitavo. A vitória de Jack Miller tinha sido o único motivo para a Ducati sorrir, com a vantagem do campeão do mundo a ser de 18 pontos antes da Tailândia, onde El Diablo já tinha um pódio.

Contudo, a chuva que caiu em Buriram levou a uma corrida desastrosa para Quartararo e para a Yamaha, com o francês a ser 17.º depois de mostrar boa forma em pista seca. Pecco terminou em terceiro, atrás de Jack Miller e do vencedor da corrida, Miguel Oliveira, reduzindo a distância para dois pontos com três corridas de sobra.

Por fim, após dois anos de ausência, o MotoGP regressou a Phillip Island, na Austrália. Quartararo via esta prova como uma possibilidade de voltar aos bons resultados, mas nada disso aconteceu. Um erro na curva 4, seguido de uma queda na curva 2, abriu a porta a Bagnaia, que foi terceiro, e assumiu a liderança do campeonato por 14 pontos, quando chegou a estar 91 atrás.

Desde que o atual sistema de pontos entrou em vigor em 1993, nunca antes um piloto tinha recuperado de uma desvantagem tão grande. Em 2020, Joan Mir recuperou de um défice de 48 pontos para Quartararo, com Marc Márquez a ganhar 37 pontos a Maverick Viñales em 2017 e 30 a Dani Pedrosa em 2013. Mir e Márquez vieram a sagrar-se campeões. Pecco ainda não é, mas tem um match point na Malásia.

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