MotoGP, 2022, Análise: A controversa probição dos dispositivos de altura

Por a 26 Março 2022 21:31

Na passada terça-feira, o MotoGP anunciou que irá proibir a controversa tecnologia de dispositivos de altura dianteiros a partir do final desta época. Que consequências traz esta mudança para o futuro?

Esta decisão é de enorme significado para o futuro do MotoGP, pois assinala uma grande mudança no processo de elaboração de regras, contornando os fabricantes anteriormente todo-poderosos, que durante muitos anos redigiram eles próprios os regulamentos técnicos.

A Dorna permitiu aos fabricantes (representados pela MSMA) escrever as regras porque a empresa espanhola queria, sem dúvida, os intervenientes mais importantes do desporto centralmente envolvidos na realização dos melhores campeonatos do mundo. No entanto, a constante discussão e falta de consenso entre os seis membros da MSMA – Aprilia, Ducati, Honda, KTM, Suzuki e Yamaha – tem exasperado cada vez mais a Dorna, em particular o CEO Carmelo Ezpeleta.

A controvérsia sobre os dispositivos de altura dianteiros e traseiros – dispositivos mecânicos complexos usados pelos pilotos durante as corridas para aumentar o desempenho – fez com que a situação se tornasse cada vez mais complicada. No início deste ano, a Dorna pediu ao MSMA para corrigir esta situação, querendo agora proibir os dispositvos de altura frontais a partir de 2023, assim como osdipositivos frontais e traseiros a partir de 2024 –  os dispositivos de partida (Holeshot) não fazem parte deste debate.

Apesar de numerosas reuniões, a MSMA não chegou a uma conclusão, porque as suas regras exigem decisões unânimes sobre todos os regulamentos técnicos. Aprilia, Honda. KTM, Suzuki e Yamaha queriam todos a proibição dos dispositivos frontais, mas a Ducati não… Face a isto, a Dorna tomou a decisão de forma unilateral, porque está preocupada com o aumento dos e das performances das motos de MotoGP que já superam a velocidade de 362km/h em algumas pistas.

Na abertura da temporada do GP do Qatar, a Comissão de Grandes Prémios – o órgão que supervisiona o processo de elaboração de regras do MotoGP – reuniu-se para discutir a situação e ignorou efectivamente o veto da MSMA sobre as regras técnicas. Como é que isto é possível? Porque a Dorna insiste que actualmente não tem qualquer contrato com a MSMA que dê aos fabricantes o controlo das regras técnicas. Obviamente, a perda de paciência da Dorna com a MSMA tem enormes implicações para o futuro do estabelecimento de regras técnicas do MotoGP.

Veremos o desenvolvimento de tudo isto. Uma coisa é certa, se a Dorna acredita que o desenvolvimento começa a ficar fora de controlo, então passa a impor as suas próprias restrições sobre numerososas evoluções (aerodinâmica, ajudas eletrónicas , etc.) colocando-se inevitavelmente em conflito com um ou mais fabricantes. Para já, a Ducati é a primeira atingida pelo veto aos dispositivos de altura, a partir de 2023 – mas também outros fabricantes que investiram largas somas com semelhante tecnologia.

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Ricardo Ferreira
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