MotoGP, 2021, Silverstone: A Aprilia no paraíso
É difícil avaliar o significado de um primeiro pódio para uma marca, mais a mais a única a que ainda faltava acabar nos primeiros três no MotoGP…
Que viagem tem sido para Aleix Espargaró e a Aprilia Gresini! Na maioria, os tempos difíceis superaram os bons desde a parceria em 2017, mas finalmente, Grande Prémio Monster Energy da Grã-Bretanha, Aleix Espargaró e a Aprilia celebraram juntos um pódio de sonho em MotoGP.
Já ficamos com as palavras emocionais do piloto, mas toda equipa jubilou com o resultado.
É difícil imaginar alguém no paddock a não esboçar um sorriso quando o espanhol colocou a RS-GP em terceiro lugar em frente a uma forte multidão de 67.000 pessoas em Silverstone.
Foi um pódio que demorou a chegar. A Aprilia RS-GP de 2021 é, de longe, a moto mais competitiva lançada pela marca italiana desde que regressou à classe de MotoGP em 2015.
Espargaró tem vindo a acabar à volta dos lugares do pódio durante a maior parte da campanha, mas Silverstone foi uma sensação diferente.
Podia-se dizer que esta era a sua melhor hipótese, e a da Aprilia, de um pódio até à data, e falando após a qualificação em 6º, Espargaró sabia que tinha o ritmo para lutar pelas primeiras posições.
Já na sexta-feira, Aleix Espargaró tinha dito que a chegada de Maverick Viñales provaria que ele é um dos três melhores pilotos do mundo.
Alguns concordarão com isto, outros não, mas Espargaró e a sua equipa apoiam-se mutuamente e a melhor forma de silenciar os cépticos, foi produzir uma magnífica corrida na Grã-Bretanha.
Espargaró parecia confortável em pista, e nunca cometeu erros. O seu passe a Miller após o australiano ter feito uma última tentativa de ultrapassagem na Curva 13 foi de classe.
Espargaró sabia o que estava em jogo e não entrou em pânico quando a Ducati lhe tentou fazer o interior nos travões.
Em vez disso, Espargaró posicionou-se perfeitamente para conseguir uma saída fantástica da Curva 14 e baixar Miller de volta a 4º antes da corrida pela reta abaixo até ao setor final.
Compreensivelmente, as emoções, tanto em pista, como na garagem e no Parc Fermé, vieram depois da bandeira xadrez.
Uma coisa é certa: a velocidade de Silverstone não foi fruto do acaso:
Espargaró já conseguiu oito top 10s em 2021, incluindo dois sextos em Jerez e Portimão que foram, até ao Grande Prémio da Grã-Bretanha, os melhores resultados para a Aprilia em MotoGP.
Algumas pessoas podem pensar que os top 10s e 6º não são nada demais, mas é aí que estariam errados.
A classe rainha é ferozmente competitiva nos dias de hoje, provavelmente a mais competitiva que já vimos, com todas as seis fábricas, que terminaram todas no top 6 pela primeira vez em MotoGP no Grande Prémio da Grã-Bretanha, a lutar dentro de décimos de cada sessão.
Um décimo por volta, mesmo meio décimo, poderia ser a diferença entre terminar no pódio e terminar fora dos cinco primeiros.
Margens finíssimas fazem a diferença, e essa é uma das razões pelas quais a Aprilia encontrou dificuldades desde que regressou.
A proximidade da corrida faz um espetáculo incrível para os espetadores, mas é inacreditavelmente difícil para os pilotos e equipas que estão a ar o litro para tentar chegar ao pódio todos os fins-de-semana.
É uma grande parte do que faz com que estar no pódio seja uma sensação tão incrível, especialmente para uma fábrica e um piloto que não o faz há cinco anos. Todos dão o seu melhor neste desporto exigente e brutal.
Espargaró treina tão duro como qualquer outro, dia após dia, e quando se é recompensado por isso, não há melhor sensação.
Ver Espargaró a correr desde o Parc Fermé até à sua garagem para celebrar com a sua mulher e filhos foi especial.
Dedicar a sua vida a um desporto de elite significa fazer sacrifícios, e esses sacrifícios vêm em muitas formas e tamanhos.
Estar no pódio teve grande significado para Espargaró, mas também para a sua família e amigos.
Só há uma coisa que teria tornado a tarde de domingo ainda mais doce para Espargaró, a Aprilia e todo o paddock: ver o sorriso radiante de Fausto Gresini no final da corrida.
O falecido italiano iniciou o projeto com a Aprilia em 2015, e continuará sempre a ser triste que Fausto já não esteja connosco para desfrutar de dias como este.
Todos associados com a Aprilia e Espargaró estão em alta neste momento, mas o trabalho não para.
Espargaró e a Aprilia querem mais, e pode não haver melhor pista para ir a seguir do que MotorLand Aragón.
Descontando um 13º de 2020, Espargaró nunca terminou abaixo de 7º (2019 e 2016) com a Aprilia em Aragón.
Em 2018, 2017 e 2015, Espargaró terminou em 6º, e um ano antes, Espargaró fez lá o seu primeiro pódio de MotoGP com a Yamaha Forward.
O futuro é sem dúvida brilhante para Espargaró e a Aprilia. O primeiro pódio está embrulhado e entregue, e com a chegada de Viñales, a fábrica de Noale vai começar a ser uma força a ter em conta em MotoGP.
A seguir na ordem do dia? Uma primeira vitória, como a KTM fez o ano passado!