MotoGP, 2021: Quanto custa uma MotoGP?
Não é segredo que na classe elite da competição os orçamentos lidam com somas astronómicas. De entre os custos a suportar, as motos, verdadeiros protótipos feitos em levas de 5 ou 6, são a maior fatia… Quanto custa então uma MotoGP?
O preço de um motor da classe rainha varia entre 200 mil e 250 mil euros. Alugar uma moto completa pode custar até 2 milhões de euros por temporada por piloto para uma equipa satélite.
Isto dar-lhes-ia acesso às duas motos de que necessitam para cada concorrente, bem como às melhorias que são desenvolvidas, mas não a peças sobressalentes.
As motos de fábrica, por outro lado, têm normalmente um custo total de 3 milhões de euros, o que requer um orçamento significativamente mais elevado para as equipas que querem ter uma.
Isto explica o argumento usado pela Petronas para não mudar Morbidelli para uma Yamaha YZR-M1 de fábrica da moto de especificação A- isso implicaria encontrar à última hora mais 1 milhão no orçamento da equipa malaia. Só que a equipa tinha anunciado para 2021 cortes de 50% nos salários por causa da pandemia e redução no número de corridas.
Para lhes dar uma ideia dos custos elevados envolvidos do lado das motos, a eletrónica de uma moto de MotoGP pode custar mais de 100 mil euros com os sensores, cabos e painéis, com só este último a custar 2.500 euros. À partida, nenhuma peça eletrónica custa menos de 1.000 euros.
Os travões também são caros, mas o custo não é tão elevado. A FIM limitou o preço do kit de travão dianteiro a 70.000€ (excluindo impostos), incluindo três pares de pinças, três cilindros, 10 discos de carbono e 28 jogos de pastilhas. Se uma equipa precisa de mais peças para completar a temporada, têm de comprá-las separadamente.
Um acidente não é brincadeira. Um impacto suave em que a moto é arrastada num dos lados durante alguns metros normalmente implica um custo entre 15.000€ e 20.000€ para reparar tampas, apoios para os pés, manetes, travão traseiro ou outros elementos que possam estar danificados. Uma queda violenta em que a moto capota pode significar uma despesa de 100.000 euros para substituir rodas, pneus, discos de travão, suspensão, radiador e sensores.
Mas mesmo isso é melhor do que um impacto que possa danificar as partes críticas da moto. Se houver danos no quadro, no braço oscilante, na eletrónica interna, no depósito de combustível ou no motor, as reparações podem facilmente ascender a meio milhão de euros.
O custo de uma Moto3
Na categoria inferior em que os pilotos competem em pequenas monocilíndricas, encontramos os preços mais baixos, embora estes sejam igualmente importantes. Um motor para uma destas máquinas pode custar ao fabricante até 12.000€, embora as equipas que decidam alugar uma delas possam pagar até 60.000 euros sem incluir impostos ou transportes. Este pacote inclui seis motores, dois corpos injectores com borboletas e aceleradores e duas caixas de velocidades completas.
Uma moto de Moto3 completa sem motor, centralina ou transponders pode custar um máximo de €85.000
Outras despesas
Peças, viagens, pessoal, consumíveis e mantimentos… Um GP envolve custos enormes, que são divididos entre a organização, equipas, patrocinadores e colaboradores. Um dos custos mais elevados e necessários são os pneus.
As motocicletas de MotoGP têm pneus específicos para cada circuito, com compostos criados exclusivamente para a competição. Para fornecer pneus a todas as equipas de MotoGP, a Michelin tem de gastar mais de 1,2 milhões de euros em cada GP. Esta despesa inclui os próprios pneus e o pessoal técnico e de assistência.
A fibra de carbono que é utilizada para fazer carenagens e um grande número de componentes custa cerca de 20 euros o quilo, só a tela, sem ter em conta a forma e o tratamento térmico e de vácuo necessário. O aço, em comparação, custa apenas 20 cêntimos por quilo, e se olharmos para os plásticos o preço é ainda mais baixo. Outros materiais são ainda mais caros, por exemplo o magnésio usado nas jantes. Cada aro feito deste material tem um preço total de €4.000 –e danifica-se facilmente, pois racha.
Os custos de viagem rondam os 1.200€ por cada membro da equipa de MotoGP por cada GP. Isto significa uma despesa de quase 700 mil euros para uma equipa de 30 pessoas numa temporada de 19 corridas. Isto sem ter em conta que o líder da equipa, os pilotos e os gestores podem viajar numa classe superior, que custa ainda mais.
Os equipamentos de hospitality também são fundamentais para o evento, e são responsáveis por uma despesa superior a €600.000 por temporada, não incluindo o custo do transporte, veículos e outros itens. Se juntarmos todos estes itens, o custo é superior a 2 milhões de euros.
Com estes preços, a Honda RC213V-S, a adaptação para estrada da moto que Marc Márquez e Dani Pedrosa montaram em 2015, é barata em comparação. Esta máquina de edição limitada custa 190.000€ mais 12 mil euros para o kit de adaptação a circuito. Para que seja tão “barato”, a equipa utiliza alguns dos extras que podemos ver na moto da versão de MotoGP, como uma caixa de velocidades em prise constante, pastilhas de travão de carbono, válvulas pneumáticas, etc.