MotoGP, 2021: O título ainda ao alcance de Márquez?

Por a 29 Julho 2021 18:30

Se não falássemos de Marc Márquez, a questão nem se colocaria porque inverter um défice de 106 pontos em 10 corridas é missão impossível

Especialmente considerando o nível atual do MotoGP e a força dos restantes concorrentes. Senão, vejamos: Viñales, Quartararo, Miller e Oliveira já venceram este ano. Zarco, Bagnaia, Binder e Mir parecem candidatos prováveis, especialmente os primeiros dois, que já ficaram em 2º várias vezes, para nem falar de Morbidelli, ou rookies fora da bolha como Martin.

Ou considerando também o estado físico do oito vezes Campeão do Mundo e a situação técnica ainda longe de perfeita da sua Honda. Mas Marc Márquez também tinha dito na Alemanha que não devia apostar numa vitória no Sachsenring, e  sabemos o que aconteceu a seguir…

Quem pode dizer o que esperar de um fenómeno como Marc Márquez? Mesmo agora praticamente de volta ao topo das corridas de Grand Prix, mas ainda por recuperar completamente da sua lesão no braço direito, ele ainda é o homem que consegue o que nenhum outro consegue numa moto.

A sua vitória no Grande Prémio da Alemanha foi retumbante, tanto na forma como na substância. Assim, após cinco semanas de folga, e vendo um vídeo na sua rede social mostrando que ele podia lidar com uma Honda CBR600R como se fosse uma mini-moto, surgem perguntas loucas.

A situação atual no campeonato é a seguinte: Fabio Quartararo, após quatro vitórias em nove corridas, lidera com 156 pontos, o que é mais 34 do que o seu adversário e compatriota Johann Zarco.

Marc Márquez, com este feito no Sachsenring, marcou 50 pontos após sete corridas, uma vez que só começou em Portugal e fecha o top 10 provisório.

106 pontos atrás, um abismo, e Marc Márquez já o disse:

“Realisticamente, não quero saber do campeonato”, disse o piloto da Honda em Assen. “É o mesmo para terminar em segundo, terceiro ou quarto lugar. Quem terminou em segundo lugar em 2005? Não me lembro. Só nos lembramos de quem ganhou!”

E acrescentou: “Este ano trata-se de tirar a cabeça da areia e chegar a 2022 para dar mais problemas aos líderes.”

Em 1992, na classe de 500cc, Mick Doohan (3 acima) estava 65 pontos à frente de Wayne Rainey quando o piloto da Honda se lesionou. Falhou quatro corridas e, embora tenha voltado a duas corridas do fim, terminou em 12º lugar no Brasil e sexto na África do Sul. Não foi suficiente para se tornar campeão, acabando por ser vice-campeão atrás de Rainey.

Marc Márquez tem 106 pontos para recuperar e há 250 ainda a atribuir

Na era moderna do MotoGP, Valentino Rossi foi o protagonista de um regresso em 2006, quando fechou a diferença de 51 pontos para Nicky Hayden para chegar à ronda final em Valência com uma hipótese do título- diga-se de passagem, ajudado por uma idiotice de Pedrosa em Portugal, que eliminou o seu próprio colega de equipa.

Rossi estava a oito pontos de uma nova coroa, mas o italiano caiu e a balança inclinou-se a favor do malogrado Kentucky Kid.

A situação mais recente de um regresso no Campeonato Mundial de MotoGP foi vivida em 2020 com Joan Mir.

O piloto da Suzuki começou o ano com o pé esquerdo, 48 pontos atrás de Fabio Quartararo após a terceira corrida, e acabou por conquistar o título com uma vitória e consistentes visitas ao pódio.

Em 2015, Valentino Rossi também cortou 23 pontos a Jorge Lorenzo no final do ano com cinco corridas pela frente, mas apesar de ter chegado a Valência com opções, uma penalização viu-o partir da última posição e não pôde regressar, pois o espanhol venceu a corrida.

E fora do MotoGP, o próprio Marc Márquez foi o protagonista de uma das maiores reviravoltas. Foi em 2011, na sua primeira temporada na Moto2. O piloto de Cervera estava 82 pontos atrás de Stefan Bradl e, apesar de ter somado muitos pontos durante o ano, lesionou-se no olho em Motegi e falhou o final do ano, bem como as suas hipóteses de título.

No MotoGP, Márquez conseguiu recuperar 37 pontos a Viñales em sete corridas em 2017 para conquistar o título.

Hoje teria de recuperar 106 pontos com 250 por atribuir…

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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