MotoGP, 2021: O salto da Moto2

Por a 9 Abril 2021 16:00

Algumas pessoas estão surpreendidas com o facto de os pilotos de Moto2 se poderem adaptar tão rapidamente a uma moto de MotoGP duas vezes mais potente. Há razões para tal

“Quando ainda estava em Moto2 vi-os a fazerem coisas numa MotoGP que queria fazer, mas não se podiam fazer numa Moto2.” Johann Zarco

Pilotos como Martin, Bastianini, Marini este ano, e antes deles nomes como Zarco, Quartararo, Bagnaia, Oliveira ou Morbidelli, brilharam logo nas suas primeiras provas, fazendo tempos referenciais e mostrando rápida adaptação ao que é uma moto muita mais complexa de gerir, violenta nas reacções e no consumo de pneus, mais pesada e duas vezes mais potente.

Umas das razões é simples… os melhores pilotos de Moto2 usam a máquina constantemente nos limites, tentando extrair mais do seu desempenho e aguentado as reações adversas que isso provoca como torsão, chatter, derrapagens ou instabilidade… de repente, quando sobem a uma MotoGP descobrem que a moto lida facilmente com tudo que lhe possam atirar e muito mais, e dedicam-se a explorar esses novos limites…

As motos de MotoGP são incrivelmente exigentes, mas ao mesmo tempo, são facilmente as motos de corrida mais avançadas e refinadas.

Uma moto de Moto2 é um rafeiro, uma combinação de um motor de moto de estrada num chassis de corrida, por isso é sempre um compromisso, que não é 100% projetado para dar a volta a uma pista de corrida da forma amsi eficiente possível.

Uma moto de MotoGP é totalmente sem compromissos. Cada parte da moto é projetada com apenas um objetivo, o de ajudar o piloto a fazer voltas o mais rápido possível.

Por esta razão, muitos pilotos de Moto2 acham as motos de MotoGP uma agradável surpresa, apesar da potência bruta do motor, da muita eletrónica, e dos travões de carbono.

Miguel Oliveira, por exemplo, replicou a sua passagem pelas classes de Moto3 e Moto2, levando um ano de adaptação a entrar nos pontos e vencendo no segundo ano na classe.

Johann Zarco a falar sobre graduar-se no MotoGP:

“Quando comecei a andar de moto de MotoGP comecei a compreender a categoria, tudo acerca da moto, a potência, a eletrónica e os pneus”, disse ele já em 2017. “Por isso, é melhor entender como é que os pilotos de MotoGP podem fazer as coisas que fazem, porque às vezes quando ainda estava a fazer Moto2 vi-os a fazerem coisas numa MotoGP que queria fazer, mas não se podiam fazer numa moto de Moto2.”

Com os seus resultados de estrondo logo nas primeiras corridas, pareceria que Martin, Bastianini, Marini e Co. concordam com esta avaliação… embora depois da sua pole de estreia, Martin tenha dito que não esperava lutar pela vitória na corrida, pois sabia que tinha muito ainda a aprender a correr contra pilotos muito mais experientes, e um resultado entre os primeiros 5 já seria fabuloso… Pelos vistos, a aprendizagem foi mais rápida ainda do que o próprio rookie esperava…

Mas não se deixem enganar por pensar que isto torna uma moto de MotoGP fácil de pilotar…

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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