MotoGP, 2021: Miguel Oliveira, a entrevista do meio da época, Parte 1

Por a 3 Julho 2021 16:30

Oliveira recebeu os jornalistas em típica atitude descontraída, e começou por referir que participa no MotoGP na mais competitiva época de sempre:

“Às vezes sentimos que temos tudo para um bom resultado, mas falta aquela pontinha de sorte para concretizar as coisas!”

“Temos visto que as últimas corridas tem sido muito rápidas e toda a época tem sido bastante competitiva. Por exemplo, na minha segunda corrida do Qatar, fiquei em 15º com um intervalo de 8 segundos para o vencedor!
Temos ido a vários circuitos e batido vários recordes, e cada vez mais o terceiro treino livre, que é aquele que, através dos tempos combinados, nos dá acesso à Q2, está a tornar-se numa autêntica sessão de qualificação, onde se batem recordes.”

“Portanto, torna-se cada vez mais difícil estarmos naquele grupo restrito que são os 10 primeiros.”

“As motos têm evoluído bastante e a proximidade entre os vários construtores tem contribuído massivamente para que as coisas estejam mais apertadas… e isso cria um espetáculo muito bonito.”

“Têm-se visto corridas espetaculares, com várias ultrapassagens e com muita incerteza naquilo que será o resultado final e nos protagonistas.
Temos visto também várias surpresas, uma boa parte delas da minha parte, mas está a ser um campeonato muito interessante, temos vários fatores que contribuíram para isso.”
“Acho que este último ano, não terem permitido desenvolvimento daquilo que são as peças principais para as motos veio aproximar tudo um pouco.

Isso significa que todos os pilotos conseguem explorar ao máximo as suas máquinas e isso acaba por inevitavelmente ter uma proximidade competitiva brutal!”
Miguel considerou que o facto de grande parte do Paddock ter sido vacinado no Qatar não teve influência no seu desempenho, embora se tenha sentido febril um par de dias, como comentou:
“As reações no paddock foram as mais variadas, houve pessoas que sentiram alguns efeitos, outras não sentiram nada, mas a segurança foi fundamental para darmos continuidade ao nosso campeonato, porque temos uma caravana com centenas de pessoas que são fundamentais para dar continuidade ao espetáculo!”
“Da parte do promotor Dorna, garantir essa continuidade através do governo do Qatar para quem se quisesse vacinar, foi um passo importante.”

“Temos tido zero casos de Covid-19 no paddock e no entanto, estamos a viajar pela Europa inteira e começamos a viajar até para fora da Europa com o início do campeonato no Qatar…”

“Portanto, eu cheguei a ter ligeiros sintomas de febre até à quinta-feira antes da segunda corrida, mas de resto todos na equipa passaram bem e todos tiveram em forma durante o fim-de-semana!”

Várias perguntas incidiram sobre a súbita melhoria de forma e Miguel teve isto a dizer:
“Sempre que se fala de desenvolvimento da nossa moto, parece que estamos a esconder alguma coisa mas não estamos a esconder nada!”

“Revelámos à imprensa que na corrida de Mugello tínhamos começado a usar um novo chassis que já tínhamos testado no passado, após o Grande Prémio de Espanha em Jerez, e achámos que ao longo de uma corrida, em longa duração, pudesse trazer algo de positivo!”
“Por outro lado, a equipa ali teve um novo parceiro técnico de combustível, e tudo isso junto é que permitiu um bom resultado..:”

“Da nossa perspetiva, de quem trabalha dentro da boxe, já antes tínhamos a sensação que um pódio estaria em breve ao alcance e até poderia ter chegado há mais tempo, talvez até na segunda corrida do Qatar se não tivesse tido aquele problema eletrônico do meu Dashboard avariar.”

“Depois, Portimão foi outra prova onde também podia ter terminado no pódio Jerez foi um pouco mais limitante pela minha posição de saída…”

“Finalmente em Le Mans, a seco ou com a chuva, as coisas podiam ter corrido lindamente, acabaram por não correr porque eu caí na corrida!”
“A verdade é que parece que as coisas só começaram a correr bem a partir de Mugello mas, da minha perspetiva, já tínhamos tudo para que as coisas corressem bem antes, simplesmente não aconteceu!”
“Às vezes sentimos que temos tudo para um bom resultado, mas falta aquela pontinha de sorte, que é uma expressão que eu não gosto de usar muito na competição, mas que às vezes é mesmo preciso, para concretizar as coisas!”

“Acho que foi isso que nós ficamos a conseguir a partir de Mugello, terminar corridas, e que o fim-de-semana corresse todo na maior perfeição possível!”
“Por outro lado, até Mugello, não tive nenhum resultado dentro do top 10 e isso pode ter contribuído para algum desânimo no seio da equipa…”

“Apesar de toda a gente saber do meu valor, havia ali um espírito que é sempre reforçado por um bom resultado!”

“A partir daí, as últimas quatro corridas foram aquilo que se viu, da minha parte não houve qualquer alteração no estado de espírito, era uma coisa que eu sabia que estava ao meu alcance, mas de saber a concretizar é um passo muito grande!”
“Foi essa certeza que nos veio trazer a calma no seio da equipa, o saber que tínhamos condições para continuar a atingir bons resultados!”

Miguel foi também confrontado com a possibilidade de haver um segundo GP em Portimão em substituição da Austrália:

“A possibilidade de haver um segundo GP em Portimão deixa-me muito animado, a minha ambição é poder correr em condições diferentes e alterar o resultado, que foi essa queda prematura. Se acontecer, o meu objetivo é, obviamente apontar à vitória!

(continua)

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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