MotoGP, 2021: Mandalika investigada pela ONU
A ONU emitiu um relatório sobre a construção da nova pista na Indonésia condenando supostos abusos de direitos humanos
A MotoGP anunciou há dias que o Circuito de Rua Mandalika, atualmente em construção, vai ser palco do regresso do Grande Prémio da Indonésia em 2022,
A pista faz parte de um projeto de turismo de 3 biliões de dólares na ilha de Lombok, que inclui hotéis e um campo de golfe.
O MotoGP está a preparar-se para realizar um teste na pista ainda este ano, enquanto o Mundial de Superbikes vai correr lá já em Novembro.
Agora, no entanto, as Nações Unidas divulgaram um relatório que aponta violações dos direitos humanos na ilha Indonésia de Lombok, relacionados com a construção do resort Mandalika, que acolherá a MotoGP.
A 31 de março, uma declaração conjunta assinada por Olivier De Schutter, um investigador especial das Nações Unidas sobre a pobreza e os direitos humanos, destacou a destruição de casas, campos, fontes de água e sítios culturais e religiosos, bem como expulsão de populações da zona.
O relatório diz que os moradores locais foram ameaçados e despejados à força sem qualquer indemnização, informação proveniente de “fontes credíveis”.
O projeto recebeu mil milhões de dólares em investimento privado, que é gerido pelo Banco Asiático de Investimento e Infraestruturas.
O relatório criticava a passividade do AIIB e acusava-o de ser “cúmplice” nas violações dos direitos humanos.
“À luz da história sombria das violações dos direitos humanos e das apropriações de terras na região, o AIIB e as empresas não podem assobiar para o lado e continuar os negócios como de costume”, pode ler-se no relatório.
“Não prevenir e lidar com riscos de violações dos direitos humanos equivale a ser cúmplice de tais abusos.”
De Schutter também disse: “O projeto Mandalika coloca à prova os compromissos louváveis da Indonésia para com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as suas obrigações subjacentes aos direitos humanos.”
“O desenvolvimento turístico em larga escala que espezinha os direitos humanos é basicamente incompatível com o conceito de desenvolvimento sustentável.”
“O tempo já passou para a construção de circuitos e projetos maciços de infraestruturas turísticas transnacionais que beneficiam um punhado de agentes económicos e não a população como um todo.”
“A economia pós-COVID deve concentrar-se em capacitar as comunidades locais, melhorar os seus meios de subsistência e participar na tomada de decisões.”
“Exortamos o Governo indonésio a garantir que a ITDC respeite os direitos humanos e o Estado de direito, bem como o AIIB e as empresas privadas a não financiarem ou participarem em projetos e atividades que contribuam para violações e abusos dos direitos humanos.”
Decerto a Dorna estará preocupada com estas alegações e terá de as investigar agora.