MotoGP, 2021: Como Quartararo mudou

Por a 6 Julho 2021 17:30

Fabio Quartararo explica porque está diferente e pode orgulhar-se de um desempenho praticamente sem falhas nesta primeira parte da época de MotoGP

Quartararo já é o único piloto de MotoGP a ter pontuado em todas as corridas este ano. Um sinal forte do jovem francês, que se tinha distinguido no ano passado pela sua irregularidade. Surpreendentemente, Luca Marini é outro que acabou todas até agora, mas nem sempre pontuou, tendo já falhado nesse aspeto em 4 provas. Quartararo, pelo contrário, também marcou quatro vitórias em nove rondas e seis pódios no total.

No campeonato, estas boas exibições traduzem-se em 156 pontos, ou seja, 34 mais do que o seu seguidor mais próximo que não é outro senão o seu compatriota Johann Zarco.

Mas o piloto da Yamaha diz que também mudou e ao ouvi-lo, percebe-se um pouco de onde vem esta nova regularidade que faltara antes.

Em 2021, chegou um novo Fabio Quartararo. Depois de nove corridas, temos de admitir que o trabalho com o seu manager Eric Mahé forjou um campeão que se move serenamente em direção ao seu pleno potencial.

Aproveitando as férias de Verão, aquele que sucedeu a Valentino Rossi na boxe da Yamaha oficial reflete sobre esta evolução, que passa sobretudo por uma adaptação mental, física e técnica à moto:

“Penso que cada piloto deve adaptar-se à sua moto”. Com base neste princípio, ele explica o seu método: “Ando de forma diferente do ano passado, não é totalmente natural, mas funciona bem”.

E entra em pormenores: “Consigo sentir o limite, sinto que posso andar muito depressa e, de momento, acho que está a correr bem. Em 2019 foi o mesmo e neste momento sinto que estou super-concentrado e fixo na moto. Por isso, está a correr bastante bem!”

Fabio Quartararo admite “pilotar de forma diferente”. O que é que isso significa? “Normalmente sou mais um piloto super-rápido nas curvas e neste momento estou a tentar ser um pouco mais um animal, travando super-tarde, tentando andar de forma um pouco diferente.”

“Por exemplo, havia algumas curvas na Alemanha onde eu podia ir mais depressa, mas estava apenas a pensar na moto, e que se eu fosse mais depressa ela não virava, por isso preciso de uma maneira diferente de pensar sobre a saída de curva e assim. Em algumas pistas isso acontece, por isso não é totalmente natural, mas é preciso adaptar-se.”

Ele termina com a conclusão desta abordagem, “portanto, se for mais lento numa curva, na seguinte, serei mais rápido”. Não é natural e fácil, mas quando se compreende a moto, ela anda depressa e anda-se de uma forma fácil e rápida”.

Refletindo sobre a primeira metade da sua temporada como um todo, Quartararo acredita que a Yamaha tem sido “rápida em todas as circunstâncias”.

A síndrome do braço inchado negou-lhe a vitória em Jerez e o fato aberto penalizou-o em Barcelona, tanto literal como figurativamente.

Estes fatores externos são, até agora, os únicos pontos negativos, sem os quais a sua vantagem seria ainda maior.

“Mas temos sido rápidos em todas as circunstâncias e mesmo quando temos lutado com dificuldades, na Alemanha ou na chuva em Le Mans, temos sido capazes de lutar por pódios.”

O francês tem todos os motivos para terminar dizendo que “falando sobre o início da época, estou realmente feliz”.

A época do MotoGP recomeça em Agosto com dois Grandes Prémios consecutivos no Red Bull Ring, considerado como o quintal dos rivais da Ducati e KTM, o que também coloca a Yamaha contra a parede… Se Fabio Quartararo sair incólume deste duplo impacto, ou mesmo reforçado, será um grande golpe para os seus rivais.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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