MotoGP, 2021, Catalunha: O Campeonato após Barcelona

Por a 9 Junho 2021 12:30

Chegamos a um merecido intervalo de um par de semanas na azáfama do calendário mundial com a liderança não totalmente inesperada de Fabio Quartararo mas vários candidatos fortes na perseguição ao líder

Miguel Oliveira nem é um candidato óbvio ao título, com vitórias regulares e dominantes como Quartararo, nem um “outsider”


Apesar das melhores tentativas de Johann Zarco, da carga de Miller para duas vitórias consecutivas, e de vitórias isoladas de Viñales e Oliveira, o Francês de 22 anos é o claro líder do campeonato e, diga-se de passagem, um candidato fortíssimo às honras este ano.

Tendo dito isso, quem mais está em posição de influenciar o desfecho em 2021?

Desde logo, nunca podemos descontar da equação Joan Mir, calmamente sentado em quinto neste momento, e para já com apenas dois pódios no degrau mais baixo em seu nome. Porém, com apenas um resultado fora dos pontos, o homem da Suzuki Ecstar continuar a fazer da consistência a sua arma mais forte.

O candidato mais óbvio a seguir, mas que ainda não concretizou com uma vitória parece ser Johann Zarco:  a sua regularidade já o viu no degrau intermédio do pódio nada menos que quatro vezes este ano, e mais uma vez só não acabou uma corrida, justamente em Portugal.

Com 101 pontos no bolso, a 16 do líder, uma vitória de Zarco poderia começar a mudar isso a seu favor, num ano em que os franceses estão mais proeminentes no campeonato da Classe Rainha do que nunca na história de 72 anos dos Grandes Prémios.


Depois, temos Jack Miller que, como Zarco, também só não pontuou até agora em Portugal, mas ao contrário de Zarco, começou a época com dois nonos algo indiferentes no Qatar, antes de voltar em força para vencer duas vezes seguidas em Espanha e França.

O seu último pódio na Catalunha, embora ganho na secretaria após as penalizações de Quartararo, também o coloca apenas a 25 pontos do líder, um resultado fácil de inverter num par de corridas, sempre levando em conta que na última fase do campeonato, se as provas no Extremo-Oriente se vierem a realizar, temos circuitos muito fortes para a Ducati.
Isto leva-nos inevitavelmente aos que até podiam, mas ainda não venceram porque não calhou, ou não foram capazes de juntar todos os fatores como Oliveira fez tão brilhantemente na última corrida.

Fundamentalmente, eles são Francesco Bagnaia, que em 4º no campeonato com 88 pontos, também já vai com três pódios, mas deitou fora a sua mais forte hipótese de uma primeira vitória quando caiu logo no início do Grande Prémio de Itália há duas corridas atrás.

Outro é Alex Rins, que a pilotar a GSX-RR Campeã Mundial, ou idêntica, tem perfeita legitimidade para ambicionar um resultado forte este ano, mas por só ter acabado as duas primeiras corridas, está completamente afundado na classificação em 15º com apenas 23 pontos.
A partir daí, temos “outsiders” que poderão até ganhar uma outra corrida (e alguns já estão bem na altura de o fazer) como Takaaki Nakagami, Pol Espargaró ou Danilo Petrucci, mas dificilmente montarão um ataque concertado ao título.

O mesmo, mas com ainda menos hipóteses, se pode dizer de prodígios como Alex Márquez ou Jorge Martin.


Finalmente, isto deixa o nosso Miguel Oliveira num meio-termo algo desconfortável: nem é um candidato óbvio ao título, com vitórias regulares e dominantes como Quartararo, nem bem um “outsider” cuja recente vitória na última corrida na Catalunha possa ser vista como um ato isolado.

De facto, ela veio na sequência do seu primeiro pódio em MotoGP que não foi uma vitória, o segundo em Mugello, e aproximam-se agora pistas muito rápidas e sem grandes paragens ou ganchos, em que tradicionalmente, a KTM é forte: A Alemanha e a Áustria, com duas corridas consecutivas.

No final do verão, a tabela do campeonato poderá apresentar-se muito diferente, mas para já a vantagem pertence firmemente ao pequeno francês de Nice que será decerto um digno campeão… se lá chegar!

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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