MotoGP, 2021, Catalunha: As três vitórias de Oliveira, 2
Continuamos a análise das 3 vitórias de Oliveira em MotoGP, que o tornam dos pilotos mais vencedores da atualidade
Na primeira parte, revemos os pilotos que têm no seu palmarés um maior ou igual número de vitórias a Miguel Oliveira… mas voltando ao assunto em mão, as três vitórias de Miguel Oliveira são muito especiais, cada uma muito diferente na forma como vieram, e vale a pena analisá-las individualmente.
A primeira, com o próprio Miguel reconheceu, foi uma vitória por oportunismo: um bom arranque na segunda metade duma corrida dividida em duas partes viu-o numa posição de pódio, e no seu entusiasmo frenético, os adversários à sua frente cometeram erros que lhe permitiram adiantar-se na última curva e vencer.
A vitória foi tornada mais notável pelo facto de ser apenas a segunda da KTM RC16, uma moto que até há pouco tempo antes nem era considerada competitiva.
A segunda vitória, a fechar a época em Portimão o ano passado, foi quase de domínio arrogante: Miguel estava simplesmente num nível aparte:
Fez a pole e a volta mais rápida e venceu, tendo arrancado da dianteira sem nunca ser liderado ou, sequer, ameaçado, até ver a bandeira de xadrez.
Ao contrário do que possa parecer, isto torna a sua mais recente vitória, no último Grande Prémio da Catalunha da semana passada, um triunfo ainda mais notável.
Foi talvez a primeira vitória em que Miguel combateu de igual para igual com os considerados candidatos ao título, nomes como Quartararo, Miller ou Zarco e os bateu em Pista.
Não por arrancar à frente.
Não por ter um fator qualquer de superioridade psicológica como poderia ser argumentado que teria em Portimão.
Venceu, simplesmente, por se ter superiorizado na forma inteligente como soube gerir a corrida, sem dúvida imprimindo um ritmo forte, mas também sabendo exatamente quando poupar os pneus e quando atacar.
Venceu tomando as decisões corretas, como passar Zarco na altura certa antes da chegada de Mir.
Indo mais longe, não é preciso lembrar que muitos vários grandes campeões do passado tiveram poucas vitórias, ou não chegaram a ter vitórias em MotoGP de todo.
Pablo Nieto, agora manager da VR46 tem um lugar especial no seu coração para o Estoril, porque aí venceu a sua única corrida no Mundial de 125.
Emílio Alzamora, que agora gere Márquez, foi campeão mundial de 125 com uma série de segundos, sem nunca ter ganho um Grande Prémio no ano em que foi Campeão.
Colin Edwards, o texano que era dos pilotos mais credenciados da sua época, tendo acompanhado Valentino Rossi em várias equipas de fábrica, também nunca venceu um Grande Prémio apesar dos dois títulos mundiais de Superbike.
Na grelha atual de 23 pilotos de MotoGP, apenas 10 desse número já venceram corridas na classe rainha, e como vimos, dois deles, Valentino Rossi e Marc Márquez são casos aparte com longas carreiras e números de vitórias, pódios e poles que bateram recordes.
Dos outros, Miguel já está entre os três mais vencedores.
O facto é ainda mais notável se considerarmos que vem de um país sem uma tradição de pilotagem, sendo o primeiro piloto que chegou ao mundial a tempo inteiro, com todas as dificuldades que isso acarreta, por comparação com os seus adversários espanhóis ou italianos.
Agora, vem aí uma série de circuitos onde a KTM é tradicionalmente muito forte, pelo que esse total de Miguel Oliveira vai quase de certeza ser aumentado, talvez até dobrado, se não estamos a exagerar no otimismo, antes do final da época. Go, Miguel, go!!!
Artigo muito objectivo e muito bem escrito.
100% de acordo.
Vamos torcer para que o nosso optimismo se venha a concretizar.
Parabéns !