MotoGP, 2021, Aragón: Antecedentes da partida de Viñales

Por a 6 Setembro 2021 15:30

O diretor de Competição da Yamaha Lin Jarvis tem falado sobre os antecedentes que culminaram na saída de Viñales da Yamaha

“Não se pode impedir um piloto de expressar os seus sentimentos, mas há um certo limite!” Lin Jarvis

A Yamaha Motor Company lidera neste momento as três categorias do Campeonatos do Mundo de MotoGP (Campeonato do Mundo de Pilotos, Campeonato do Mundo de Marcas, e Campeonato do Mundo de Equipas) depois do GP de Silverstone e pode ganhar a Tripla Coroa pela primeira vez desde 2015 (na altura com Lorenzo e Rossi).

A Yamaha ganhou nada menos que 13 das 26 corridas na classe de MotoGP desde o início da época de 2020: Fabio Quartararo levou oito vitórias, Morbidelli três, Viñales duas.

No mesmo período, a Ducati só reivindicou cinco vitórias (Miller 2, Dovizioso 1, Martin 1) neste período, a KTM, com 3 de Oliveira e 2 de Binder, igualmente, além de duas da Suzuki Rins 1, Mir 1), e uma da Honda com Marc Márquez.

No entanto, os gestores da Yamaha também tiveram de lidar com alguns contratempos nos últimos meses, por exemplo a separação de Maverick Viñales, a difícil busca de um piloto para a Yamaha Petronas para 2022 e depois a retirada do patrocinador principal Petronas no final da época de 2021, após três anos no MotoGP.

As últimas três corridas com Viñales na Saxónia, Assen e Spielberg-1 foram particularmente cansativas, com o espanhol a terminar duas vezes em último lugar e depois a tentar arruinar o motor na Áustria e a entrar nas boxes para desistir antes da última volta.

Além disso, os gestores da Yamaha Sumi, Jarvis e Meregalli tiveram de engolir as declarações de Viñales em Assen de que a YZR-M1 Yamaha só era competitiva quatro vezes por ano.

No entanto, a Yamaha venceu sete corridas de MotoGP só em 2020, com Morbidelli a terminar em segundo lugar no campeonato mundial.

Lin Jarvis, Director Geral da Yamaha Motor Racing, falou abertamente sobre os problemas que levaram à separação, mencionando as  declarações prejudiciais à marca de Maverick Viñales, o seu desempenho irregular e a sua falta de autocrítica.

Viñales ganhava uns 6,5 milhões de euros por ano na Yamaha, e um piloto de fábrica, para mais tão altamente pago, normalmente é obrigado por contrato a não fazer declarações em público que sejam prejudiciais para a empresa. Jarvis confirmou a existência dessa cláusula, acrescentando, “não se pode impedir um piloto de expressar os seus sentimentos, mas há um certo limite que não deve ser ultrapassado nesse contexto.”

É claro que o piloto deveria evitar declarações negativas, até porque elas só vão piorar as coisas e não vai ser mais rápido nem melhorar o seu desempenho se apenas criticar a sua equipa, a marca e os seus engenheiros.

“Isso é um facto. Pode exprimir a sua opinião numa reunião privada, mas não o deve fazer em público.”

Os comentários de Viñales mostram o problema, sugerindo que um piloto deveria trabalhar mais nos bastidores, a construir uma equipa forte.

Viñales também mencionou que teria de pensar duas vezes sobre a assinatura de um contrato no futuro.

Ganhou oito corridas em quatro anos e meio com a Yamaha, enquanto Quartararo precisou de apenas 13 meses para o fazer.

A autocrítica não é aparentemente o ponto forte de Maverick, que preferiu mudar três vezes o seu chefe de tripulação e uma vez o seu número da corrida (de 21 para 12).

A fábrica e a equipa da Yamaha estavam totalmente determinadas a ter sucesso com Maverick, como diz ainda Jarvis:

“Estivemos juntos durante cinco anos, para nós foi um grande investimento.”

“Tínhamos um enorme desejo de alcançar os resultados que queríamos juntos.

Será que cometemos erros? Claro que todos fazemos alguns.”

“Conseguimos sempre colocar a melhor moto em pista? Provavelmente não.”

“Mas a vida é assim!”

“Há seis fabricantes a correr. Só um pode ganhar.”

Viñales foi terceiro no campeonato mundial com a Yamaha em 2017 e 2019, mas nunca conseguiu uma temporada em que fosse consistente do princípio ao fim.

É por isso que nunca foi candidato sério ao título. Nem mesmo em 2020, quando Marc Márquez estava ausente.

Foi também um pouco invulgar em 2021, contimnua Jarvis:

“Maverick terminou uma boa corrida na Catalunha no 5º lugar e obteve o 1º lugar no teste de segunda-feira. Cinco dias depois, teve um fim-de-semana desastroso na Alemanha e depois decidiu sair. Mas sete dias após a catástrofe do GP de Sachsenring, voltou a dominar todas as sessões de treino em Assen e terminou em 2º lugar na corrida. Isso foi bastante invulgar.”

Não podemos deixar de ter a sensação de que Viñales estava desesperado por se afastar da Yamaha e de Quartararo.

Como chefe de equipa, é preciso respeitar os desejos de um piloto, e assim Viñales foi libertado do seu contrato.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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