MotoGP, 2020, Valência: Irregularidade pode sair cara à Yamaha

Por a 30 Outubro 2020 12:00

O triunfo de Franco Morbidelli no Grande Prémio de Teruel é uma boa notícia para as suas aspirações na luta pelo título, mas os resultados irregulares da marca japonesa podem ser um problema

Apesar do sucesso de Morbidelli na última prova, a situação da Yamaha é preocupante. Dominam aos sábados, seja qual for o circuito, conseguem sempre uma volta rápida, tendo alcançado 8 das 11 poles disputadas até à data, e colocando repetidamente 3 ou até os 4 pilotos nas duas primeiras filas da grelha. Porém, isso não se tem traduzido em resultados no Domingo…

Com Valentino Rossi em quarentena depois de ter sido testado positivo para Covid na semana passada, a marca dos três diapasões jogou nas duas corridas em MotorLand Aragón com Maverick Viñales e a dupla das Yamaha Petronas, Fabio Quartararo e Franco Morbidelli.

Deste último, é o vencedor do Grande Prémio de Teruel, Morbidelli, que mais pontuou num trio de provas, (Le Mans, Aragón 1 e 2) que, no papel, se saiu melhor.

O Italo-Brasileiro da Yamaha Petronas levou, com mão de ferro, a vitória na segunda corrida em Alcañiz, mantendo as Suzuki de Alex Rins e Joan Mir à distância.

Estes 25 pontos fazem com que subisse ao quarto lugar do campeonato, com 112 pontos, ficando a 25 pontos do líder, Joan Mir, com 75 pontos em jogo até agora, o que significa que tem de se continuar a contar com ele para a coroa da categoria rainha.

Além disso, e apesar do ‘0’ em França, ‘Morbi’ é, depois de Rins (45) e Mir (37), o piloto que mais pontos marcou nas 3 últimas provas(35).

O caso do seu colega de equipa, Fabio Quartararo, é o oposto. O piloto francês tornou-se o favorito para vencer o campeonato com “alguma vantagem”, mas a sua irregularidade está a acrescentar problemas e mais problemas.

Duas vitórias em Jerez vieram seguidas de vários resultados fora do top 5, até um quarto lugar na Emilia Romagna, seguido, após muito tempo, pela vitória no Grande Prémio da Catalunha.

Nas três últimas, por outro lado, somou apenas 15 pontos, com resultados um pouco abaixo do esperado em Le Mans (9º) e no anterior GP de Teruel (8º), e uma primeira corrida realmente frustrante em Aragón, acabando fora dos pontos com problemas na pressão do pneu dianteiro.

Perdeu a liderança no GP de Aragón, e a irregularidade dos seus resultados, juntamente com a regularidade do seu principal rival Joan Mir, pode custar-lhe caro num ano em que começou como o grande favorito ao título.

Finalmente, Maverick Viñales, talvez o mais prejudicado, devido à sua irregularidade nos resultados e às suas atuações de sábado a domingo.

Alcançou três poles na temporada, mostrando sempre um grande ritmo aos sábados, argumentando que a marca japonesa está um passo à frente dos outros nesse aspeto.

Depois, tudo muda no domingo. Apesar de ter tido apenas um abandono na Estíria na temporada, quando os seus discos explodiram, é um piloto que vai desde terminar no pódio, até mesmo vencendo, como aconteceu no GP de Emilia Romagna, até lutar para terminar sequer no top 10.

Além disso, sofre muito nas partidas, vendo o claro exemplo do GP da Catalunha, onde saiu no top 5 e terminou as primeiras curvas fora dos pontos. O potencial do catalão é conhecido, mas estes pequenos deslizes prejudicam-no na batalha pelo campeonato.

Por outro lado, Valentino Rossi está desaparecido, depois de ter perdido duas corridas por testar positivo ao COVID-19, vindo de 3 zeros consecutivos (Misano, Catalunha e Le Mans);

Além disso, Il Dottore continua na sua luta pessoal para conseguir um 200º pódio que lhe resiste.

Chegados à última tripla do ano, com duas corridas no circuito Ricardo Tormo de Cheste (GP da Europa e GP da Comunidade Valenciana), e o final da temporada na nova sede do Grande Prémio de Portugal, Portimão, que podemos esperar?

A pista valenciana é das que melhor se adequam às características da YZR-M1, enquanto o traçado português, por outro lado, é desconhecido para todos, apesar de se ter feito um teste lá há algumas semanas.

A cereja no topo de uma temporada que parecia ir tão bem para a Yamaha poderá ser apenas o título de marcas…

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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