MotoGP, 2020, Teruel: As opções de Andrea Dovizioso

Por a 26 Outubro 2020 18:59

Andrea Dovizioso dificilmente se vê a mudar para a Aprilia, e está cada vez mais conformado com um  papel de piloto de testes. As opções podem ser a a Honda, a Yamaha ou até a KTM

Andrea Dovizioso teve dois Grandes Prémios muito apagados. Após uma batalha com o seu companheiro de equipa Danilo Petrucci, que foi promovido à Q2 graças a Dovizioso, não conseguiu sucesso no GP de Aragón.

No sábado, no Grande Prémio de Teruel, o três-vezes vice-campeão de MotoGP ficou mesmo afundado na 17ª posição da grelha, a 0,865 segundos da pole de Fabio Quartararo e terminando em 13º lugar na prova para recolher uns escassos três pontos.

Nas últimas sete corridas desde que venceu em Spielberg, o 15 vezes vencedor em MotoGP somou apenas 53 pontos no Campeonato do Mundo.

Isto corresponde a uma média de 7,5 pontos por corrida do campeonato do mundo, ou seja, cerca de 9º lugar.

Na tabela do Campeonato, o vice-campeão está agora a 28 pontos do líder Joan Mir da Suzuki.

Mas não é só a falta de competitividade da Desmosedici GP20 da Ducati que está a causar problemas ao Italiano de 34 anos. O seu futuro incerto também dá que pensar ao piloto de fábrica da Ducati.

A Ducati desconsiderou Dovi durante tanto tempo, protelando a extensão do contrato até o impasse se tornar ridículo para o antigo campeão do mundo de 125 de 2004, que, desiludido, confirmou a 15 de agosto em Spielberg a separação no final da temporada.

Na altura, todas as portas se tinham fechado sobre as outras equipas oficiais, com exceção da Aprilia, onde o diretor de corrida Massimo Rivola anunciou que Crutchlow ou Dovizioso só seriam considerados se Andrea Iannone ficasse suspenso até Junho de 2021.

O que é mais, após os primeiros contactos entre o empresário de Dovizioso, Simone Battistella, e a marca de Noale, verificou-se que a expectativa de Dovi excedia o orçamento da Aprilia Racing, mesmo com Rivola a confirmar mais tarde o seu interesse em Dovizioso.

Ficou agora claro que Aprilia não terá orçamento suficiente, sem um patrocinador principal rico e nenhum pessoal adicional para 2021.

O departamento técnico foi reduzido ao máximo sob o controverso diretor técnico Romano Albesiano. A maioria dos especialistas deixou a escuderia de Noale, e mesmo antes da temporada de 2019, o projetista de motores da Aprilia, o Engº Mario Manganelli também saiu.

Portanto, como se esperava, Dovizioso não irá para a Aprilia.

No entanto, quer ficar no MotoGP e tem vindo a negociar há meses com todas as fábricas, exceto a Aprilia e Ducati, para um contrato como piloto de testes, piloto substituto e piloto com três wild card por temporada.

As negociações com a Suzuki foram interrompidas, pois os japoneses continuam com Sylvain Guintoli, ex-Campeão Mundial de SBK, agora com 38 anos.

As discussões com a Yamaha também estão difíceis, embora Valentino Rossi esteja a torcer pelo seu amigo e compatriota Dovi, mantendo uma aparência de apoiar o antigo rival e ódio de estimação Jorge Lorenzo.

Mas a Yamaha pode continuar a contar com a equipa japonesa de testes. Até agora, a infra estrutura da equipa europeia de testes, mesmo contando com Lorenzo, não tem estado ao nível da Honda, da Ducati ou da KTM.

“Temos oportunidades na Yamaha, Honda e KTM“, diz Simone Battistella, revelando que também teve uma conversa com o diretor de competição da KTM, Pit Beirer, há uma semana.

Só que na KTM, o interesse em Dovi é limitado depois de Dani Pedrosa, grande responsável pela passagem da RC16 de “também entrou” a vencedora,  ter prolongado o seu contrato.

“A nossa formação de pilotos está definida para a próxima temporada”, sublinha o diretor da equipa Mike Leitner. “A equipa de teste permanecerá inalterada com Dani Pedrosa e Mika Kallio.”

A Honda Racing Corporation pode ser a mais próxima de satisfazer as exigências de Dovizioso. Mas Stefan Bradl, piloto de testes de MotoGP na Honda há três anos, espera também uma extensão do contrato. “Recebi sinais positivos da HRC nas últimas semanas”, disse o 12º no GP de Teruel, que ontem perdeu apenas 0,7 segundos para o melhor piloto da Honda que, após quedas de Nakagami e Márquez, foi Cal Crutchlow.

Além disso, a HRC já empregou dois ou três pilotos de testes de MotoGP e pilotos de substituição ao mesmo tempo no passado: Casey Stoner, Hiroshi Aoyama ou Takumi Takahashi, por exemplo.

Depois de oito anos de Ducati, Dovi poderia definitivamente trazer um manancial de know-how técnico à Honda. O outro problema é até que ponto quererão as equipas investir em pilotos de teste caros, quando o desenvolvimento está congelado até 2021…

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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