MotoGP, 2020, Portimão: Oliveira: “No próximo ano ainda vai ser mais difícil ser excelente”

Por a 24 Novembro 2020 22:38

Depois de Spielberg, Miguel Oliveira venceu a sua segunda corrida de MotoGP numa das suas pistas preferidas, Portimão, onde não disse mas deu a entender que sabe ‘ler’ o vento melhor que ninguém. “No próximo ano será ainda mais difícil ser excelente”, diz o novo recruta da Red Bull KTM.

Apenas três pilotos venceram mais de uma corrida de MotoGP este ano. O vice-campeão Franco Morbidelli (3), o seu companheiro da Petronas Yamaha Fabio Quartararo (3), e Miguel Oliveira (2) com a equipa KTM Tech3.

E também as diferenças pontuais no top ten foram muito mais estreitas do que é hábitual no campeonato de MotoGP. Joan Mir foi campeão do mundo com uma diferença de somente 13 pontos para o segundo, Franco Morbidelli; e mais estranho ainda, a magra distancia de 14 pontos entre o terceiro, Alex Rins (3º) e o nono lugar de Miguel Oliveira. Concluindo, o MotoGP 2020 foi um campeonato renhido até final, fantástico, mas que não perdoava qualquer erro ou azar de um piloto e que, inevitavelmente, comprometeria as contas finais.   

“É um campeonato próximo”, ressalta Miguel Oliveira. “Este ano as corridas foram um pouco diferentes do habitual e a competitividade dos pilotos e equipas também foi diferente. As equipas satélites conseguiram subir ao pódio e vencer corridas, os fins de semana tornaram imprevisíveis. No próximo ano será ainda mais difícil ser excelente, acho, mas talvez a minha previsão esteja errada”.

Áustria – GP da Estiria

Comparando as duas vitórias de Miguel Oliveira, também é fácil chegar à conclusão de que foram diferentes, apesar da sua indiscutível tenacidade e perseverança em ambas. No final de Agosto no GP da Estíria (Áustria) o piloto luso venceu pela primeira vez na sua segunda temporada de MotoGP. “Na Áustria, garanti a vitória com uma manobra de ultrapassagem na última volta, mas as emoções foram bem diferentes”, lembra. “Naquela altura havia ainda muita adrenalina a fluir”.

Portugal – GP de Portimão

Em Portugal a história foi diferente, a primeira corrida na classe rainha em casa e num circuito conhecido. Pela primeira vez Miguel Oliveira tinha factor ‘casa’ a seu favor, e aproveitou-se sem pestanejar, com a sua segunda vitória na classe master da velocidade.

“Em Portimão não houve luta, o importante foi manter as emoções sob controle durante toda a corrida e manter a cabeça fria. Foi bom ter conseguido o objetivo. Nas três primeiras voltas  nem olhei para o pit board, queria estabelecer o meu ritmo e definir as minhas linhas. Após a primeira volta estava meio segundo à frente, e depois ampliei a minha vantagem pouco a pouco, gerenciando depois a minha vantagem nas últimas dez voltas.”

Na verdade Oliveira nem precisou de espelhos para controlar os adversários, o piloto da Tech3 KTM andou sempre 3 e 4 segundos à frente dos seus dois mais próximos perseguidores, Franco Morbidelli (Petronas Yamaha) e Jack Miller (Pramac Ducati). No final, após 25 voltas, Oliveira terminou a corrida com 3,193 segundos de vantagem sobre o australiano.

A importância do factor humano

Amargo para o vencedor português, foi a ausência de 100.000 fãs sentados nas bancadas do Autódromo Internacional do Algarve, mas devido às restrições devido à epidemia do Covid-19, as corridas decorrem com as bancadas vazias.

“Todos nós tivemos que ficar nessa bolha, que exigiu muito da gente”, disse Oliveira. “Quando estamos em casa, temos que escolher quem podemos ver e quem não. Sei que nesta prova outros pilotos tiveram que fazer sacrifícios maiores do que os meus, não vendo as suas famílias há muito tempo. Esta semana visitei a minha avó, mas tive que ficar na rua – chorámos. Não é bom como temos que viver neste momento, mas essa é a realidade e temos que nos adaptar. No final desta última corrida, tive o privilégio de compartilhar as minhas emoções da vitória com algumas pessoas da minha família. Foi ótimo”

Agora é a hora do nosso melhor guerreiro descansar das intensas batalhas que travou esta temporada, passar o natal e fim de ano junto dos seus e longe das pistas, para voltar em 2021 às pistas com a força e resiliência que já todos conhecemos.

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Ricardo Ferreira
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