MotoGP, 2020: Oliveira dá a primeira vitória à Tech3

Por a 26 Agosto 2020 13:30

A espera da Tech 3 por uma vitória no MotoGP acabou com 20 anos de sofrimento…

Hervé Poncharal e companhia já tiveram 31 pódios no MotoGP desde que se juntaram à grelha da classe em 2001, vindos das 250, mas a sua espera pela vitória chegou finalmente ao fim.

Há quase 20 anos, a equipa Tech 3 entrou na classe rainha com Olivier Jacque e Shinya Nakano, que tinham acabado de lutar pelo Campeonato do Mundo de 250cc.

Estavam prontos para um novo desafio e começaram a lutar contra os melhores do mundo. Os simpáticos franceses de Bormes-les-Mimosas, no sul de França, garantiram 31 pódios antes da vitória de ontem, todos com a ajuda da Yamaha. Shinya Nakano foi o primeira a experimentar esse privilégio para Poncharal, ocupando o terceiro lugar no Sachsenring durante o seu ano de estreia no Campeonato do Mundo de 500cc.

Nas 18 temporadas que se seguiram à Yamaha, outros nove pilotos também se colocaram no pódio com as suas cores, entre os quais: Alex Barros (Le Mans 2003), Jonas Folger (Sachsenring 2018), Marco Melandri (Barcelona e Assen 2004), Ben Spies (Silverstone e Indianápolis 2010), Bradley Smith (Phillip Island 2014 e Misano 2015) e Colin Edwards (Le Mans e Assen 2008, Donington 2009, mais Silverstone 2011).

Outros três pilotos ajudaram a juntar mais seis pódios durante o seu tempo na Tech 3: Cal Crutchlow, Andrea Dovizioso e, mais recentemente, Johann Zarco. No entanto, apesar de uma multiplicidade de talentos e oportunidades, por qualquer razão, a vitória escapou sempre à Tech 3.

Johann Zarco esteve muito perto em duas ocasiões. Houve, naturalmente, a corrida que liderou em Valência há três anos, apenas para ser derrotado por três décimos de segundo por Dani Pedrosa no final da temporada.

Folger foi um dos quase-quase para a Tech3

Poucos meses depois, Zarco voltou a aproximar-se na infame luta em Termas. No final, a vitória naquele dia foi para um ex-homem da Tech 3, agora na Honda, Cal Crutchlow.

Além disso, quem pode esquecer nesse mesmo ano Jonas Folger pressionando Marc Márquez até ao fim na sua ronda em casa na Alemanha. Folger acabou em segundo lugar, atrás do campeão do mundo, tendo-o pressionado com tanta força como qualquer outro e, como resultado, ficando o mais próximo possível de quebrar o domínio do Espanhol no Sachsenring.

Depois, em 2019, a viagem com a Yamaha acabou. Um novo começo com a KTM e, perante os fracos resultados da moto até aí, os críticos afirmaram que a maldição Tech 3 nunca seria quebrada.

Começando do zero com o RC16, uma máquina relativamente jovem comparada com as outras motos na grelha, poderia ter assustado muitas equipas, mas não Hervé e o seu grupo de mecânicos.

Toda a sua equipa arregaçou as mangas e os seus esforços começaram então a dar frutos, especialmente em 2020.

Em Jerez, Miguel Oliveira igualou a sua melhor prestação de carreira do Red Bull Ring no ano passado ao terminar em oitavo lugar. Uma semana depois, classificou-se em quinto lugar da grelha apenas para se envolver com Brad Binder (KTM Red Bull Factory Racing) na primeira curva na primeira volta.

Além de tudo o mais, era o GP 150 para Miguel Oliveira

O piloto português, porém, colocaria isso para trás das costas e atuaria ainda melhor em Brno, com um sexto lugar.

De repente, um resultado Nos três primeiros para o português de 25 anos e a Tech 3 era uma possibilidade real, mas uma vitória, certamente, era esperar demais!

Depois veio o Grande Prémio da Estíria. Uma corrida tão louca como as quatro que vieram antes dela numa temporada de MotoGP que será recordada muitos anos. Durante muita épocas, Poncharal sentou-se e assistiu do muro das boxes, enquanto as suas máquinas Tech 3 perdiam por pouco a vitória, tendo liderado durante grande parte da corrida.

Desta vez, porém, foi diferente. A única vez que a moto dele estava na frente foi quando saíram da última curva na última volta. Desta vez, Poncharal viu a sua mota liderar a corrida por nada mais do que cinco segundos, mas importou-se com isso? Claro que não. Foram os 5 segundos que importavam!

Cenas de puro júbilo seguiram-se no muro das boxes e na garagem com Guy Coulon, Steve Blackburn, Jerome Poncharal e a filha Mathilde Poncharal, que Hervé abraçou calorosamente após a bandeira axadrezada, todos tiveram o seu sonho realizado. 20 anos de sangue, suor e lágrimas finalmente a dar frutos quando a Tech 3 se tornou mais uma vencedora em MotoGP.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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