MotoGP, 2020: Chassis de aço x chassis de alumínio

Por a 5 Janeiro 2020 15:30

À beira da época de 2020, só a KTM mantém um quadro de aço na MotoGP. O diretor da Kalex, Alex Baumgärtel, diz que confia no alumínio, mas também reconhece as vantagens de um chassis de aço. Com a adoção de um quadro em viga para 2020, a KTM poderá ganhar vantagem na classe MotoGP?

A engenharia alemã do fabricante Kalex de Bobingen venceu todos os títulos do Campeonato do Mundo de Moto2 desde 2013 e já comemorou um total de 110 vitórias em GP.

Em 2019, a companhia de Alex Baumgärtel e Klaus Hirsekorn, com os campeões mundiais Alex Márquez e Tom Lüthi  e com a ajuda de Augusto Fernandez, Lorenzo Baldassarri e Luca Marini venceu 14 das 19 corridas da Moto2 no Mundial.

Os dois proprietários da Kalex são da indústria automotiva e optaram pelo chassis de alumínio desde o primeiro dia.

A KTM entrou no Campeonato do Mundo de Moto2 em 2017 com novas motos com quadro em treliça de aço tubular. Em três anos, a KTM conquistou 14 vitórias em GP na Moto2, boa parte delas com Miuel Oliveira. No entanto, os austríacos afastaram-se da classe Moto2 como fabricante de chassis para 2020.

“Para nós, o quadro de aço é quase uma religião”, enfatiza o CEO da KTM, Stefan Pierer. “Somos líderes de mercado nesta área. Mostramos no Moto3 e no Moto2 que esse conceito pode ser bem-sucedido e queremos prova-lo no MotoGP.”

Muitos pilotos de corrida e especialistas autoproclamados duvidam que a KTM possa prevalecer na classe MotoGP com o quadro de aço e a suspensão WP (todos os rivais usam elementos de suspensão Öhlins).

Alguns críticos dizem que não é o proprietário quem deve determinar o tipo de material do quadro, que essa decisão deve ser deixada aos engenheiros e técnicos do departamento de corrida.

O facto é que a Ducati venceu o Campeonato do Mundo de MotoGP com um quadro de aço em 2007, mas desde então adotou um chassis monocoque de carbono e mais recentemente um quadro de alumínio.

A KTM conquistou dez lugares nos dez primeiros no Campeonato do Mundo de MotoGP em 2019. O conceito de aço não é, portanto, posto em causa, por si só. Os perfis laterais quadrados da viga do novo chassis, que receberam muita atenção durante o teste de Valência, não fazem nada para mudar isso.

Agora, o diretor-gerente da Kalex, Alex Baumgärtel, reflecte sobre se ainda se pode alcançar o objetivo na MotoGP de hoje com um quadro de aço:

“Em princípio, esta é uma tecnologia em que sou relativamente flexível. Claro que também se pode chegar lá com aço. Mas acho que o aço é muito sensível. Especialmente quando se trabalha na flexão, as tolerâncias são obviamente mais sensíveis, simplesmente porque o módulo de elasticidade ou o alongamento é quase duas vezes e meia maior. Isso também torna a sensibilidade à geometria maior e mais sensível.

Se tivessemos três décimos de tolerância numa produção com alumínio e também com aço, o fator de erro (para o aço) seria de 2,5. A questão do aço é, portanto, um pouco mais sensível.

Uma vantagem das estruturas de aço é que, com novas máquinas de corrida em novas categorias, os quadros de aço podem ser adaptados com muito mais facilidade se for necessário alterar a flexibilidade ou a rigidez. Isso é feito simplesmente trocando uma peça no quadro, quase de um dia para o outro.

Pode-se variar a flexão do aço infinitamente com diferentes espessuras de parede ou diâmetros de tubo. Logo, podemos realizar ajustes mais rapidamente do que fazer um quadro inteiro em alumínio. Essa é obviamente a vantagem desse tipo de construção de quadro.

Nesse caso, torna-se cada vez mais complexo para o chassis de alumínio acompanhar, porque precisamos de reprojetar uma peça fresada completa. Claro, isso também envolve custos muito maiores.

É preciso escrever um novo programa, já que as peças do chassis são fresadas a partir de um bloco sólido.

Na produção em série, os quadros de alumínio não são fresados a partir de sólido, mas soldando várias peças fundidas. Mas isso é muito caro para a competição, para fazer 5 ou 6 peças. Seria preciso fazer quantidades muito maiores. Só compensa de 200 peças para cima.

Agora, se a KTM pode dar a volta por cima no MotoGP com um chassis de aço? Eu acho que sim. Os fabricantes japoneses vendem muitas motos de série com quadros de aço, mas nas corridas contam com alumínio. A KTM confia consistentemente no aço. Não faz sentido? Os quadros de aço das motos de série nos japoneses aparecem nas pequenas cilindradas; é tudo acerca de custos de produção. É preciso manter a produção de quadros barata, é uma racional de produção em massa. Se olharmos para as motos de competição, elas estão a um nível tecnológico completamente diferente. Logo já dá para experimentar com quadros de alumínio.”

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