Fibra de Campeão
Quando olhamos para trás e nos lembramos daquelas duas azaradas primeiras provas do Mundial de Moto3 para Miguel Oliveira, e depois da lesão na mão, com mais duas corridas quase a zero, não podemos deixar de nos lembrar de como são, por vezes as coisas. Provavelmente, após aqueles momentos só mesmo o fantástico piloto luso acreditava que iria dar a volta e o que fez dali para a frente mostrou que Portugal está mais perto de ter ali um dos melhores atletas da sua história no desporto.
A combatividade que Miguel Oliveira evidenciou na segunda metade da época em geral e nesta corrida de Valência, em particular, vencendo com toda a classe, uma classe indescritível, apesar de um enormíssima oposição, mostrou um grande fibra de campeão. Fez o que lhe competia, colocou toda a pressão possível e imaginária em Danny Kent, que claramente a acusou. As expressões nas boxes da Leopard Racing diziam muito do que estava a acontecer em pista e o nervosismo de todos os que estão ligados ao novo Campeão do Mundo de Moto3, foi perfeitamente evidente.
Fiz questão de ouvir e ver, ao mesmo tempo a transmissão portuguesa e a inglesa – só por curiosidade – e o nervosismo dos comentadores ingleses não enganava ninguém. Todos os que torciam por Danny Kent estavam um pilha de nervos, e a ‘claque’ que fizeram pelas investidas de Vazquez, Navarro e Fenati face a Miguel Oliveira não escondiam o que confiavam no seu piloto. É verdade que Danny Kent é um grande piloto, mas a forma como acusou a pressão nas últimas corridas mostra que para o ano no Moto2 vai estar ali uma dupla de pilotos muito interessante de se seguir.
De resto, ainda não foi desta que Miguel Oliveira chegou ao merecido título de Campeão do Mundo, mas com o que lhe vimos fazer esta época, sabemos que estão para vir boas coisas. Quais, o futuro o dirá. Parabéns Miguel e obrigado por teres colocado todos os portugueses ao teu lado desta forma. Foste um verdadeiro herói, e neste momento não é tristeza que sentimos por ter visto o Danny Kent ser Campeão, é orgulho por tudo o que fizeste.
José Luis Abreu