Moto2: O comboio dos duros

Por a 5 Julho 2017 13:44

Após a conclusão da primeira metade da temporada de 2017 na categoria intermédia do Mundial é possível verificar que esta tem vindo a ser dominada por seis pilotos mais um intruso, que vai aparecendo a espaços. Esta situação ficou bem patente há sensivelmente uma semana e meia no circuito de Assen, onde estes mesmos seis pilotos lutaram entre si pela vitória dando um autêntico recital num dos mais emblemáticos circuito do calendário.

Desde logo a destacar o nosso Miguel Oliveira. Trocando para 2017 a Leopard Racing, equipa na qual se estreou em 2016 em Moto2, pela bem conhecida Red Bull KTM Ajo, formação que representou em Moto3, Oliveira apareceu revigorado neste novo ano desde os primeiros testes de pré-época. Nesta primeira metade da temporada o vice-campeão do mundo de Moto3 em 2015 já demonstrou por diversas ocasiões estar ao mesmo nível dos melhores desta competitiva categoria, sendo o reflexo disso a pole position e os quatro pódios já alcançados, feitos que até então nenhum outro luso havia conseguido. A isto junta-se o facto de nas nove corridas já realizadas ter pontuado em oito e sem nunca ficar abaixo do sexto posto, regularidade que vale para já o terceiro lugar no campeonato. Tudo isto aos comandos de uma moto que pertence a uma marca estreante no Mundial. Fica apenas a faltar o tão aguardado triunfo, mas como em tudo na vida é preciso dar tempo ao tempo.

No mesmo plano de destaque da Red Bull KTM Ajo e de Miguel Oliveira está invariavelmente a Marc VDS. A formação belga conquistou oito das nove provas disputadas até ao momento ao qual juntou sete poles. Registos impressionantes para uma equipa que lidera o campeonato com Franco Morbidelli, piloto que já somou seis triunfos, e é sem dúvida o grande candidato à conquista do título, dispondo de 34 pontos de vantagem para o segundo classificado. Do outro lado da boxe está o irmão mais novo de Marc Márquez, Álex. Dotado de uma grande rapidez o jovem espanhol continua a ser capaz do melhor, duas vitórias já alcançadas, mas também do pior, pois a sua conhecida irregularidade continua a pregar partidas e consequentemente a comprometer resultados positivos.

Num registo mais discreto, mas altamente eficaz está o segundo classificado do campeonato, Thomas Lüthi. Piloto que compete nesta categoria desde os seus primórdios, Lüthi tem pautado a sua temporada por uma enorme regularidade, sete pódios em nove Grandes Prémios, e não fosse o abandono no GP da Alemanha por queda e estaria a morder os calcanhares a Franco Morbidelli. Facto notável tendo em conta a extraordinária época do homem da Marc VDS.

Quem também tem dado nas vistas em 2017 é Mattia Pasini, que tem apresentado uma forma que nunca se tinha vista nesta categoria, onde já compete a tempo inteiro desde 2013. O piloto da Italtrans Racing Team tem sido muito rápido e já conseguiu somar a sua primeira vitória em Moto2 e logo no seu GP de Itália. Porém a época de Pasini tem sido também marcada pela irregularidade, nomeadamente no início da época, e por alguns comportamentos menos correctos, o que levam a como diz o povo que no melhor pano caia a nódoa. A desclassificação no GP da Catalunha, por irregularidade no óleo utilizado na sua moto, quando havia sido segundo e o facto de ter perdido o terceiro lugar no GP da Holanda, por ter atalhado a última chicane do circuito de Assen na última volta, são prova disso.

Segue-se Takaaki Nakagami, que tal como Mattia Pasini e Álex Márquez é capaz do oito e do oitenta. Com talento para se defender na perfeição de Miguel Oliveira no GP do Qatar, onde foi terceiro, Nakagami noutros fins de semana desaparece por completo andando completamente perdido no meio do pelotão. Esta irregularidade ajuda a explicar o sétimo lugar no campeonato nesta fase não obstante ter já conquistado três pódios.

E são precisamente três pódios que o intruso, que falamos no início do texto, já amealhou. Falamos do estreante Francesco Bagnaia, que parece ter se adaptado na perfeição a esta exigente categoria. O protegido de Valentino Rossi não se deixou amedrontar pelo facto de ser estreante e em alguns Grandes Prémios tem aparecido em grande estilo exibindo toda a rapidez que já havia mostrado em Moto3 então aos comandos de uma Mahindra. Sem dúvida um nome a reter no futuro deste campeonato e a acompanhar com atenção na segunda metade de 2017.

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Alexandre Melo
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