História do MotoGP: Nicky Hayden: Recordando o Kentucky Kid, Parte 2

Por a 19 Abril 2020 16:00

Vimos como Nicky Hayden ganhou fama internacional com a Honda, como colega de Rossi na formação da Repsol.

Depois de uma temporada relativamente pobre em 2004, muitas pessoas criticaram o seu desempenho e afirmaram que ele deveria ser expulso da Honda. No entanto, as coisas melhorariam em 2005.

Na primeira ronda da temporada em Espanha, Hayden retirou-se pela primeira vez na temporada. Primeiro, estava numa posição forte para terminar no pódio, superando a Yamaha de Valentino Rossi no início da corrida, antes de ser despromovido para terceiro pelo mesmo Rossi, mantendo uma diferença de dois segundos para o quarto lugar Marco Melandri.

A oito voltas do fim e a 1,5 segundos dos homens da frente, Gibernau e Rossi, Hayden perdeu a frente da sua RCV de fábrica e saiu na curva final, entrando na gravilha para abandonar. Em contraste, porém, obteve pontos consistentes nas seis corridas seguintes em Portugal, na China, em França, em Itália, na Catalunha e na Holanda, terminando em sétimo, nono, sexto, quinto e quarto, respetivamente.

A dar autógrafos em Assen

A descoberta de Nicky Hayden no Mundial acontecera uns anos antes, no GP dos Estados Unidos, realizado no Autódromo de Laguna Seca. O circuito californiano não estava no calendário desde 1994, e apenas um punhado de pilotos tinham experiência com a pista.

O australiano Troy Bayliss e o norte-americano Colin Edwards conheciam-na bem dos seus dias nas Superbike, bem como Hayden, que venceu uma corrida da AMA no circuito em 2000 e foi quarto como wildcard numa corrida do Mundial de Superbike em 2002. Rossi, por outro lado, nunca ali tinha corrido, dando a estes uma vantagem.

No sábado, Hayden conquistou a sua primeira pole na classe de MotoGP, batendo o ex-companheiro de equipa Rossi por 0,354 segundos. No dia da corrida, Bayliss lutou pelo primeiro lugar quando as luzes se apagaram e abriu uma diferença de um segundo até ao final da primeira volta. Logo a seguir, Rossi passou-o para o segundo lugar, mas um pouco depois, Hayden foi para a frente e pela volta 10, já 2,6 segundos o separavam de Rossi.

Na 16.ª volta, Edwards ultrapassou Rossi para segundo e cortou a vantagem para 1,8 segundos, três voltas depois. Hayden reagiu aumentando o seu ritmo e cruzando a linha a 1,941 segundos de Colin Edwards e a 2,312 segundos do terceiro lugar, Valentino Rossi.

Esta foi a primeira vitória do “Kentucky Kid” em MotoGP e a primeira vitória para a equipa da Honda Repsol desde a vitória de Rossi na ronda valenciana de 2003.

Depois de um grande resultado no Grande Prémio de casa, nos EUA, Hayden registou o seu segundo abandono da temporada na Grã-Bretanha. Na segunda volta, Hayden caiu na curva final enquanto seguia em sétimo. Na 10.ª ronda, na Alemanha, Hayden conseguiu a sua segunda pole da temporada, batendo Sete Gibernau por 0,101 segundos no seu 24.º aniversário.

Quando as luzes se apagaram, Hayden converteu a pole numa vantagem na primeira volta, seguido por Rossi, Barros e Gibernau. A corrida foi interrompida na sexta volta depois de um violento despiste de John Hopkins na Suzuki o ter deixado na pista inanimado. Depois de a corrida ter sido reiniciada, Hayden voltaria a começar na primeira posição, com Rossi, Gibernau, Barros e agora Max Biaggi a segui-lo. Na segunda volta, Rossi assumiu a liderança de Hayden antes de ser relegado para o terceiro lugar por Gibernau, ultrapassando-o no final da mesma volta.

Gibernau alargou na última volta, mas Hayden não conseguiu capitalizar o erro, cruzando a linha a 0,885 segundos do vencedor da corrida, Rossi, para subir ao segundo lugar do pódio.

Nas três corridas seguintes, Hayden terminaria também no pódio. Nas rondas Checa, Japonesa e Malaia, Hayden terminou em quinto, sétimo e quarto, conseguindo ainda a volta mais rápida no circuito de Sepang.

Hayden terminou a temporada no pódio consecutivamente nas quatro corridas seguintes. No Qatar, viria a somar mais um terceiro lugar. Na Austrália, Hayden conseguiu a sua terceira pole da temporada e estabeleceu um novo recorde no circuito de Phillip Island com o tempo de 1:29.337 segundos, mais rápido do que o anterior recorde de Rossi no traçado.

No dia seguinte, Hayden converteu a sua pole numa vantagem quando os semáforos se apagaram. Porém, à terceira volta, Rossi ultrapassou-o entrando na curva 1 antes de ser ultrapassado por Marco Melandri. Hayden reagiu, passando Melandri novamente até Lukey Heights, fechando a diferença para Rossi e lutando duramente com ele das voltas 8 a 17.

Na 17.ª volta, Hayden reassumiu a liderança de Rossi, mas o ritmo tinha abrandado suficientemente para o trio de Melandri, Gibernau e Checa apanharem os dois na frente. Na 19.ª volta, Rossi ultrapassou Hayden antes de Melandri fazer o mesmo ao assumir a posição na travagem para o gancho da Honda.

A dupla trocaria de posições várias vezes antes de Hayden finalmente encontrar uma vantagem firme sobre Melandri, mas o efeito combinado da disputa e da fuga de Rossi na frente, deixara Hayden a um segundo de Rossi a cinco voltas do fim. Hayden fez tudo para fechar a diferença, mas Rossi conseguiu vencer a corrida com uma vantagem de 1,007 segundos.

No novo GP da Turquia, comissariado pelos “laranjinhas” do M C Estoril, Hayden conquistou mais um terceiro lugar e, na ronda da Comunidade Valenciana, perderia por 0,097 segundos para o vencedor da corrida, Marco Melandri, mesmo atacando forte na última volta.

Assim, Hayden terminou em terceiro no campeonato com 206 pontos, 161 pontos atrás do campeão Valentino Rossi e 14 pontos atrás do segundo classificado Marco Melandri. Marcou seis pódios, um dos quais foi uma vitória.

Depois de silenciar os seus críticos em 2005, vencendo a sua corrida em casa e marcando uma data de pódios, 2006 seria um ano ainda melhor para o “Kentucky Kid”.

Na ronda inaugural em Espanha, Hayden terminou em terceiro, impedindo Toni Elías de vencer por menos de 0,1 segundo, enquanto o defensor do título, Valentino Rossi, terminou em 14.º, depois de ter sido eliminado pelo mesmo Elías. Na segunda corrida no Qatar, Hayden terminou em segundo lugar, com Rossi a vencer a corrida.

Em Assen com Barros atrás

 

Hayden fez uma corrida forte, ultrapassando mesmo Rossi para liderar na 19ª volta, mas acabou por perder na última volta e ficar a 0,9 segundos de Rossi. Na Turquia, Hayden terminaria em terceiro, depois do seu companheiro de equipa na Honda Repsol, Dani Pedrosa, ter caído fora de contenção nas fases finais da corrida. Isto permitiu que Hayden assumisse a liderança do campeonato sobre Capirossi por apenas um ponto.

Na ronda chinesa, Hayden viria a registar o seu quarto pódio consecutivo, terminando em segundo lugar, atrás do seu companheiro de equipa, Pedrosa, que venceu a prova. Hayden começou em quinto, mas caiu para sétimo na primeira volta antes de subir no pelotão até se encontrar em segundo, atrás de Pedrosa.

Nas últimas 10 voltas, Hayden fechou a diferença para Pedrosa para apenas 0,6 segundos, a quatro voltas do fim, mas Dani respondeu aumentando o seu ritmo, estabelecendo a volta mais rápida e aumentando a diferença para vencer com uma margem de 1,505 segundos sobre Hayden.

No GP de França, Hayden terminou fora do pódio pela primeira vez nessa temporada, terminando em quinto lugar, mas deixaria Le Mans com uma vantagem de 43 pontos sobre Rossi no campeonato, porque este terminara ainda mais baixo, em oitavo. Os seus concorrentes mais próximos nessa altura eram Marco Melandri e Loris Capirossi, ambos a três pontos de distância.

Depois de França, Hayden recuperou ao terminar em terceiro em Itália, lutando ao longo da corrida pelo segundo lugar de Capirossi, o que deu a Capirossi a liderança do campeonato. A seguir, foi segundo na Catalunha (enquanto Capirossi e Melandri não pontuaram), marcando a volta mais rápida e a sua primeira vitória da temporada na ronda holandesa.

Hayden começou do quinto lugar da grelha, mas ultrapassou Marco Melandri, Shinya Nakano e John Hopkins para subir ao segundo lugar e perseguir Colin Edwards, que liderou durante grande parte da corrida. Na penúltima volta, Hayden ultrapassou-o na travagem para a chicane das traseiras. Edwards tentou manter a sua Yamaha ao seu lado, mas foi forçado a levantar e tomar acção evasiva para escapar a uma queda, voltando a pouco mais de um segundo do piloto da Honda.

Esse erro parecia ter resolvido a corrida, mas Edwards puxou forte e passou Hayden novamente a meia volta do fim. Ambos estavam no limite, e Edwards conseguiu uma melhor tração nas curvas rápidas que precedem a chicane e retomou a liderança a umas curvas do fim. Edwards escolheu uma linha interna defensiva na sua M1 através da rápida esquerda antes da meta, dando-lhe vantagem para a chicane final Japp Timmer.

Hayden porém atirou-se sem abrandar e ambos fizeram a curva lado a lado, mas Hayden não conseguiu (possivelmente depois de selecionar um neutro falso) e saiu largo através do cascalho do interior. Isto teria dado a vitória a Edwards, mas este também saiu largo para um pedaço de relva sintética e ao acelerar, foi cuspido da sua moto, permitindo que Hayden ganhasse a corrida e desperdiçando a sua hipótese de ganhar um Grande Prémio.

Esta vitória deu a Hayden a pontuação máxima de 25 pontos e com Rossi a terminar no oitavo lugar, aumentou a sua diferença sobre este no campeonato para 46 pontos.

Hayden voltaria a terminar fora do pódio em 7º na Grã-Bretanha, com Rossi a conquistar o segundo lugar, mas responderia na Alemanha ao terminar em terceiro, atrás de Marco Melandri e Rossi, com quem lutou ao longo de toda a corrida, terminando 0.266 atrás do eventual vencedor da corrida, Rossi.

A seguir venceu a sua corrida em casa na ronda dos Estados Unidos, em Laguna Seca, pelo segundo ano consecutivo.

Hayden começou do sexto lugar na grelha, mas ganhou três lugares na curva 1 e perseguiu Kenny Roberts Jr. e Chris Vermeulen. Depois, ultrapassou Kenny Roberts Jr. na volta nove, mas por essa altura Vermeulen tinha construído uma diferença de dois segundos.

No entanto, Hayden alcançou Vermeulen, quando os pneus Bridgestone começaram a sofrer nas condições quentes e, quando o meio da corrida chegou, estava colado ao Australiano. Vermeulen saiu ligeiramente largo na volta seguinte, relutantemente cedendo o comando a Hayden.

Depois de assumir o primeiro lugar de Vermeulen, Nicky abriu uma diferença de dois segundos e cruzou a linha em primeiro, 3,186 segundos à frente do colega de equipa Dani Pedrosa. Rossi retirou-se da corrida devido a problemas mecânicos, aumentando a vantagem de Hayden sobre o agora segundo classificado Pedrosa para 34 pontos e sobre Rossi, que agora ficara em quarto lugar no campeonato, para 51 pontos.

Mais adiante, Hayden terminou em 9º lugar na República Checa, 4º na Malásia e 5º na Austrália, apesar de ter marcado aí a sua primeira e única pole position da temporada, e também quinto no Japão. Com Rossi a somar pódios consistentes, incluindo uma vitória em Sepang, conseguiu subir ao segundo lugar do campeonato mais uma vez e reduzir o défice de pontos de 51 em Laguna Seca para apenas 12 em Motegi.

Na penúltima ronda em Portugal, Rossi conquistou a pole, com Hayden a começar da terceira posição. António Lima do MCE confessou depois que lhe tinham pedido confidencialidade para o facto de que sábado à noite, um furgão tinha discretamente chegado aos portões do paddock com um grande caixote endereçado à Honda: um novo motor mais espigado vindo directamente do Japão para a RCV de Hayden…

No dia da corrida, porém, Hayden foi eliminado pelo seu companheiro de equipa Dani Pedrosa na quinta volta, depois de Pedrosa ter tentado ultrapassar fora de controlo, falhando ao pisar o corretor na parabólica interior, e arrastando consigo Hayden, fazendo com que ambos os pilotos se retirassem. Depois da corrida, Hayden disse que “não esperava que o Dani encostasse e me deixasse passar, mas também não esperava que ele fizesse isso.”

Nicky Hayden emocionou-se com o título em Valencia

Esta primeira e única desistência do ano praticamente daria a Rossi o campeonato na última ronda da temporada. No entanto, como Rossi terminou em segundo, apenas 0,002 atrás do vencedor da corrida, Toni Elías, no que é uma das mais curtas diferenças de sempre em MotoGP, perdeu cinco pontos, que teriam um papel crucial na última corrida em Valência.

Sendo relegado para o segundo lugar da classificação, Hayden sabia que seria difícil vencer em Valencia. Rossi só precisava de terminar em segundo lugar para ganhar o título. No sábado conquistou a sua segunda pole position consecutiva, com Hayden a começar na segunda linha do quinto lugar. No dia da corrida, no entanto, Rossi teve um mau arranque, deixando-o em sétimo lugar na volta inicial. Hayden subiu, entretanto, do sexto para o segundo lugar, depois de na terceira volta de 30 ter sido deixado passar pelo seu envergonhado companheiro de equipa Pedrosa. Em seguida, tentou ir atrás do líder da corrida, o wildcard Troy Bayliss, que substituíra o lesionado Sete Gibernau.

No entanto, na quinta volta, Rossi cometeu um erro crucial quando perdeu a roda dianteira da sua M1 e deslizou para fora da pista. Conseguiu voltar, mas terminou em 13º lugar, enquanto Nicky Hayden cruzou a linha de meta terceiro, atrás das Ducati de Bayliss e Capirossi, arrecadando 252 pontos contra os 247 de Rossi e, assim, conquistando o título de 2006 por cinco pontos.

(continua)

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