História do MotoGP: Casey Stoner, Parte 2, os anos na Honda

Por a 23 Abril 2020 16:30

Vimos como Casey Stoner se tornou o único piloto a dar um título de MotoGP à Ducati em 2007, mas a sua partida da Ducati para a Honda não foi menos sensacional.

Stoner correu com a Repsol Honda em 2011, com os companheiros Dani Pedrosa e Andrea Dovizioso, na altura a equipa mais forte do paddock. Nos testes de pré-temporada na Malásia, foi logo o mais rápido nas três sessões, seguido de perto por Pedrosa e pelo então campeão mundial Jorge Lorenzo. Stoner saiu da pole e venceu a corrida de abertura da temporada no Qatar, onde tinha sido o mais rápido em todas as sessões de treinos livres.

Depois, Stoner também conquistou a pole para o Grande Prémio de Espanha em Jerez, mas ficou em segundo lugar, atrás de Marco Simoncelli, quando foi eliminado pela Ducati de Valentino Rossi. Dotado de um humor mordaz, ficou famoso o seu comentário a Rossi quando este o abalroou e deitou ao chão a tentar ultrapassar por dentro: “Obviamente, a tua ambição excedeu o teu talento!”

Stoner venceu três das cinco primeiras rondas da temporada, com vitórias em Le Mans e na Catalunha para somar à sua vitória no Qatar. Também somou vitórias em Silverstone no molhado, e Laguna Seca, para ganhar uma vantagem de 20 pontos sobre Jorge Lorenzo a 8 corridas do fim da temporada.

Stoner ganhou o Campeonato do Mundo pela segunda vez na sua ronda em casa em Phillip Island, Austrália. Aos 26 anos, Stoner venceu a nona corrida da temporada a partir da sua 11ª pole, e com o seu único adversário Jorge Lorenzo afastado da corrida devido a uma lesão na mão sofrida no aquecimento, Stoner terminou o fim de semana com uma vantagem irreversível de 65 pontos.

Esse seu segundo campeonato foi conquistado de forma dominante, com dez vitórias e selado ao vencer a sua corrida em casa a duas corridas do fim. A sua vitória no MotoGP australiano foi a sua quinta consecutiva na sua corrida de casa, o que o tornou o único piloto a vencer em Phillip Island durante a era dos 800cc do MotoGP.

Stoner foi também o vencedor do Grande Prémio da Austrália em seis ocasiões consecutivas entre 2007 e 2012 e o único piloto aparte Marc Márquez ou Jorge Lorenzo a vencer o campeonato na classe rainha na década de 2010.

A temporada de 2012 começou com vitórias em Jerez, e no Estoril, pistas em que não tinha vencido antes uma corrida de MotoGP; com a vitória no Estoril assumiu a liderança do campeonato.

Depois, venceu o TT holandês em Assen para alcançar igualdade de pontos com Lorenzo, que foi eliminado por Álvaro Bautista na primeira volta.

Isto colocou Stoner empatado com Lorenzo antes de uma desistência na última volta no Sachsenring, enquanto lutava contra o companheiro de equipa Dani Pedrosa. Stoner terminou apenas em oitavo lugar no Grande Prémio de Itália depois de sair fora do circuito, descrevendo mais tarde que não estava “confortável”, mas seguiu-se uma quarta vitória da temporada em Laguna Seca.

Na corrida seguinte, Stoner caiu fortemente durante a sessão de qualificação para o Grande Prémio de Indianápolis, sofrendo ligamentos rasgados no tornozelo, mas foi declarado apto para correr no dia seguinte. Terminou em quarto lugar na corrida, a 2,5 segundos do terceiro classificado, Andrea Dovizioso. Stoner então decidiu fazer uma cirurgia no tornozelo, excluindo-o da ação por três corridas, que essencialmente o colocaram fora da disputa pelo campeonato.

A prioridade de Stoner era então estar totalmente recuperado para a sua corrida em casa na Austrália, e era previsto regressar ao Grande Prémio do Japão em Outubro. Ao regressar, terminou em quinto lugar no Japão e em terceiro na Malásia, antes de vencer a sua corrida em casa pela sexta temporada consecutiva em Phillip Island. A vitória deu-lhe um recorde invicto nos pneus de Bridgestone no circuito.

Antes do Grande Prémio de França de 2012, a 17 de Maio, Stoner anunciou que se retiraria das corridas de Grande Prémio no final da temporada de 2012. Devido a uma a lesão de uma queda durante os treinos em Indianápolis, falhou várias corridas. Mesmo assim, completou a sua carreira no MotoGP com uma notável sexta vitória consecutiva no Grande Prémio de Phillip Island e com um pódio na sua última corrida. Antes do Grande Prémio da Austrália de 2012, Phillip Island nomeou a terceira curva “Curva Stoner”.

Stoner afirmou que já não gostava de competir nas séries, e afastar-se do stress das politiquices do MotoGP, bem como passar mais tempo com a família, que entretanto crescera para uma primeira de duas filhas com a esposa Adriana, foram outros motivos para a sua reforma.

Em entrevista ao Australian Motorcycle News, disse que preferia um regresso à forma mais pura de corridas do tempo das 500cc, afirmando que “Naquela época, eram apenas corridas – Doohan, Rainey, Schwantz, Gardner, Lawson – não metade das tretas de agora. Era viver a vida.”

Depois de anunciar a sua saída do MotoGP, persistiam rumores que Stoner se estrearia na série Australiana V8 Supercars em 2013. Tal mudança tinha precedentes, pois o seu compatriota Wayne Gardner, primeiro Australiano campeão mundial de 500, retirou-se das corridas de motociclismo em 1992 e estreou-se no ano seguinte nos V8.

Depois de inúmeras negações, em Janeiro de 2013, Stoner anunciou que iria mesmo mudar-se para as corridas de carros de turismo com um contrato de um ano com a Triple Eight Race Engineering. O seu carro seria um Holden VE Commodore, o mesmo carro que foi conduzido à vitória nos 1000 Km de Bathurst por Mark Skaife e Craig Lowndes.

Porém, a sua temporada de estreia não foi bem sucedida, terminando no meio-campo a maioria das corridas com um melhor de 5º lugar na Pista de Queensland. Terminou a 18ª temporada na classificação com 704 pontos.

Assim, em 2013, Stoner assinou com a Honda como piloto de testes para ajudar de forma limitada no desenvolvimento de novas máquinas até ao final da temporada de 2014. Depois, renovou o seu contrato em 2015 para mais uma temporada de testes até 1 de Janeiro de 2016.

Depois de três anos de reforma do MotoGP, en 2015, a HRC anunciou que Casey Stoner regressaria às corridas de moto e em Julho, Stoner competiu nas 8 Horas de Suzuka numa Honda CBR1000RR. Os seus companheiros de equipa foram Michael van der Mark e o Campeão japonês e piloto de teste da HRC Takumi Takahashi.

A equipa qualificou-se para a corrida na quarta posição, mas a liderar a corrida, Stoner sofreu uma violenta queda devido a uma avaria no acelerador que o obrigou ir contra uma barreira e terminou a corrida deles logo aí.

Stoner sofreu uma escápula direita partida e uma tíbia esquerda fraturada como resultado do acidente e comentou: “Não tive tempo suficiente para accionar a embraiagem quando o acelerador prendeu. Endireitei a moto para tentar abrandar, mas ia em direção à parede, por isso decidi colocá-la de lado e bater na barreira. Infelizmente as barreiras eram muito mais duras do que pareciam e saímos com ossos partidos.”

Stoner a liderar as 8 Horas de Suzuka

A Honda investigou a moto e descobriu que o mecanismo “fly-by-wire” do acelerador estava defeituoso e estava aberto a 26 graus antes do acidente. A Honda pediu oficialmente desculpas a Stoner pela falha mecânica.

Depois do Grande Prémio do Qatar de 2015, Dani Pedrosa teve de ser operado para tratar o síndrome compartimental (tendinite) no antebraço direito. Isto significaria que Pedrosa perderia as duas próximas corridas consecutivas, em Austin e na Argentina. Stoner ofereceu-se para substituir Pedrosa para estes dois eventos.

No entanto, o vice-presidente da HRC Shuhei Nakamoto e o team manager da Honda Repsol, Livio Suppo, decidiram não usar Stoner porque não tinham uma moto especificamente montada para Casey, também disseram que Casey não conhecia o Circuito das Américas e Autódromo Termas de Río Hondo e queriam que ele fosse o mais competitivo possível.

Stoner ficou desapontado e comentou no twitter: “Desculpem todos, mas não estou a correr @circuitamericas no próximo fim de semana, teria sido uma honra andar pelo @26_DaniPedrosa #NotMeantToBe.” E acrescentou: “Bolas, não preciso de preparação, pois não estava a planear ganhar, apenas substituir um bom amigo e divertir-me no Texas!” Em vez disso, a Repsol Honda escolheu o piloto de testes da HRC Hiroshi Aoyama para substituir Dani Pedrosa.

Em 2016, Casey Stoner regressou à Ducati como piloto de teste para a temporada de MotoGP de 2016, terminando o seu mandato de cinco anos com a Honda. O papel principal de Stoner com a Ducati era ser piloto de teste e foi ainda proposto que ele pudesse aparecer em algumas corridas como wild card. Stoner participou nos testes oficiais de pré-temporada na Malásia e foi o piloto mais rápido da Ducati na grelha. Terminou o último dia de testes com o 5º melhor tempo da geral.

Mais tarde, em Abril, Stoner considerou correr no Grande Prémio da Argentina para substituir o lesionado Danilo Petrucci, mas decidiu não o fazer. Luigi dall’Igna, gestor da Ducati, comentou que a condição física de Stoner ainda não estava ao nível necessário para competir e acrescentou que, “Casey também teve alguns problemas físicos, ainda não tem força. Não faria sentido entrar numa corrida nesta altura. A meio da temporada, veremos.”

A encantadora Adriana era outra das razões da popularidade de Stoner

Em 2013, Stoner foi nomeado membro da Ordem da Austrália por um serviço significativo ao desporto de moto. A FIM nomeou-o lenda de MotoGP em 2013 antes do Grande Prémio da Austrália de 2013. Em Outubro de 2015, foi inscrito no Sport Australia Hall of Fame.

No dia 6 de Outubro de 2017, o nascimento da sua segunda filha, Caleya Maria, foi anunciado por Stoner nas redes sociais.

A prova mais bem sucedida de Stoner foi o Grande Prémio da Austrália, que dominou com seis vitórias consecutivas até à sua reforma, nunca tendo perdido no evento numa moto de fábrica. As suas próximas melhores corridas foram o Qatar, com quatro vitórias, e depois a Grã-Bretanha e Laguna Seca com 3 vitórias cada. Além disso, Casey Stoner venceu todos os Grandes Prémios disponíveis durante a sua carreira de piloto. Como tal, venceu 21 provas totais de diferentes circuitos com vitórias no Qatar, Turquia, China, Catalunha, Donington Park, Silverstone, Laguna Seca, República Checa, São Marino, Phillip Island, Malásia, Holanda, Alemanha, Valência, Itália, Aragão, Japão, França, Indianápolis, Jerez e Portugal.

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