As outras classes de GP, 2: A Honda RC164

Por a 18 Janeiro 2021 18:00

Sem dúvida, uma das mais importantes motos de Grande Prémio em termos de avanços técnicos, a Honda RC164 venceu o Campeonato do Mundo de 250 em 1963 com Jim Redman

A RC164 de 250cc era na verdade apenas uma medida temporária, uma substituta até a RC166 estar pronta…

No final da década de 1950, os fabricantes japoneses chegaram para dominar a “Idade de Ouro” das corridas de Grande Prémio dos anos 60, e nenhuma mais do que a Honda, cujas motos multi-cilindros de pequena cilindrada representavam o auge da engenharia de motos de competição no seu tempo.

Construídas e geridas pela equipa de fábrica, com empréstimos ocasionais a privados selecionados, estas obras-primas artesanais são hoje peças de coleção extremamente raras.

Uma destas, quem sabe mesmo, a mais emblemática, é a RC164 de 250cc de 4 cilindros em linha, uma de apenas três máquinas completas deste tipo específico feita pela Honda e pilotadas pelo Rodesiano Jim Redman.

A RC164 de 250cc era na verdade apenas uma medida temporária, uma substituta até a RC166, a moto de seis cilindros, estar pronta, mas essa 6 cilindros só chegou no fim da época a tempo para Monza.

Como resultado, os 250 quatro permaneceram praticamente inalteradas e, em Assen, em 1964, Jim Redman teve o que descreveu como “a corrida da minha vida” numa delas.

Tendo vencido no ano anterior, Jim terminou em segundo lugar atrás da Yamaha de Phil Read naquele ano, num dos campeonatos mais disputados da história.

Montando esta RC164, terminou em primeiro lugar na Ilha de Man e no TT holandês em Assen, tornando-se nessa última ocasião o primeiro homem a vencer três classes de Grand Prix no mesmo dia.

Mais cinco segundos, uma vitória e um terceiro lugar na RC166 de seis cilindros  viu Jim terminar com 58 pontos para os 50 de Read, este último a levar o título por 46 pontos sob o sistema da altura, que apenas contava os melhores seis resultados.

Esta máquina de GP do Campeonato do Mundo de 250cc de 1963 apresentava ignição transistorizada, árvores de cames modificadas e outras melhorias e foi a versão final dos motores de 4 cilindros da primeira era dos Grandes Prémios.

O motor arrefecido a ar, que daria origem à CB350/4 de 1971, era um tetracilíndrico em linha de 249,3cc, que produzia mais de 46 cavalos às 14.000 rpm, e com um peso total de 130 Kg, a moto excedia os 220 Km/h, sendo um pouco menos rápida que as Yamaha oficiais, mas com melhor fiabilidade e velocidade em curva.

Se o motor (acima) era muito avançado, influenciando motos de estrada nas três décadas seguintes, o chassis era convencional, com quadro duplo berço em aço tubular, garfos, amortecedores e travões de tambor (abaixo) o esperado na época, mas Jim Redman soube aproveitar o melhor da moto para vencer.

Britânico por nascimento, Jim Redman emigrou para a Rodésia (atual Zimbabué) na adolescência.

Começou a correr de moto numa Triumph antes de vencer o Campeonato Sul-Africano num AJS 7R e partir para a Europa.

A sua grande oportunidade aconteceu em 1960, quando se candidatou ao lugar do lesionado piloto oficial da Honda, Tom Phillis, e foi-lhe oferecido um contrato para a temporada seguinte.

Quando se retirou das corridas no final de 1966, Jim tinha acumulado nada menos do que 45 vitórias em Grande Prémio e seis Campeonatos Mundiais para a Honda: dois na classe de 250cc e quatro na categoria de 350cc.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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