As outras classes de GP, 11: A Mondial
Entre 1949 e 1957, a F.B. Mondial dominou o Campeonato do Mundo de 125 e também se distinguiu nas 250. A Mondial foi tão dominante que em 1957, venceu seis rondas incluindo o TT da Ilha de Man a caminho do título mundial de 250
Mesmo um observador menos atento em visita ao museu da Honda em Motegi poderia reparar que logo à entrada, entre as históricas corredoras da marca, há uma moto de corrida desprovida do familiar logo do H alado.
O emblema é claramente italiano e orgulhosamente informa que se está a olhar para uma ‘FB Mondial’: Uma moto feita em Milão em 1957 pelos Irmãos Bosselli (‘FB’ quer dizer Fratelli Boselli) na sua firma Mondial.
Trata-se de uma monocilíndrica 4 tempos DOHC de 125cc de Grand Prix, trazida por Soichiro Honda, oferecida diretamente pelo Conde Boselli pouco depois de ganhar o Título Mundial de 1957, que se tornou no padrão que deu origem ao programa de motociclismo da Honda.
Esta Mondial foi pilotada por Cecil Sandford (abaixo) para vencer o Campeonato Mundial de 250cc, um 1-2-3 com Tarquinio Provini e Sammy Miller nos lugares seguintes. Outrora uma das motos mais avançadas do planeta, a Mondial também tem um lugar importante na história das corridas.
1957 foi o ano em que os italianos, com exceção da MV Agusta fizeram um acordo de cavalheiros e todos desistiram dos Grandes Prémios devido ao custo elevado.
A Mondial juntou-se a eles, e o seu nome estava tão fortemente ligado ao sucesso em competição que a firma decaiu posteriormente, vindo a encerrar em 1960. Antes disso, as suas motos tinham sido líderes expoentes de alto regimes, alto desempenho e grande fiabilidade, características claramente cativantes para o Sr. Honda e sua incipiente empresa de motos.
Essa Mondial vencedora tivera a sua origem num modelo de dois anos antes, com que Tarquinio Provini vencera a categoria de 250cc na Shell Golden Cup com um motor de 175 cc afinado: o primeiro passo para uma 250cc. No início da produção da 175 TV, o motor era um OHC com distribuição por corrente, projetado pelo engenheiro Prampolini.
A sede da Mondial situava-se em Milão, na Via San Giusto, mas a maior parte da produção era subcontratada a terceiros, sendo as motos depois acabadas manualmente com grande cuidado artesanal. A empresa Michelini de Bolonha foi incumbida da produção de motores de 4 tempos de 125 e 175cc e mais tarde do motor da 250 de corrida.
O seu projetista Alfonso Drusiani empregou um trem de cinco engrenagens dentro da culaça, que comandavam mais um lote de engrenagens à cabeça que moviam as duas cames de cada lado dessa cascata de engrenagens.
Assim o motor de dimensões de 75 x 56,4 mm e cambota feita pela Hoeckle alemã era muito solto devido ao seu comando de válvulas muito preciso, sendo as de admissão de 40mm e as de escape de 37mm, colocadas a 80 graus e com molas externas, uma combinação que dava imensa potência, atingindo os 29 cv às 10.800 rpm, embora pudesse chegar às 11.400 rpm.
Um carburador inclinado Dell ‘Orto SS1 de 32 mm respirava através de um cone de alumínio (acima).
A transmissão, dependendo da versão, tinha entre 5 a 7 relações na caixa de velocidades comandadas pelo pé direito, e a suspensão incluía garfo e amortecedores hidráulicos com travões de tambor de dupla came, (abaixo) para um peso total de cerca de 110 Kg ou 121 com a carenagem integral, desenhada por um Sr. Ciriegi de Bolonha, utilizada na época.
A Mondial batia facilmente as MV Agusta e Benelli da era, ganhando todas as corridas do Mundial de 125 em 1951, e com o posterior modelo de 250cc, viria a ganhar na classe de quarto de litro, dando origem a uma gama de motos de estrada baseadas na 250 de corrida. Mesmo destas, apenas cerca de 25 foram construídas em 1957, tornando-as extremamente raras e apreciadas por colecionadores.