As mais belas motos de GP, 21: A Linto 500

Por a 9 Janeiro 2021 17:30

Vimos como várias motos de Grande Prémio dos anos 50 e 60 eram criações artesanais feitas ou pelos seus próprios donos ou por mecânicos brilhantes de altura, muitas vezes aproveitando como origem motores de outras motos, como foi o caso da Linto 500

Com 65 cavalos às 10.000 rpm chegava aos 260 quilómetros por hora, e batia tudo menos as MV Agusta tetracilíndricas

A Linto 500 surgiu pela mão do génio mecânico Lino Tonti, um engenheiro da região Romagna de Itália, financiado pelo seu amigo e concessionário Citroen Umberto Premoli.

Tendo trabalhado para a Benelli, Mondial e Bianchi, Tonti já tinha projetado várias moto especiais de Grande Prémio, talvez a mais famosa de entre elas a Bianchi 500 de dois cilindros pilotada por Venturi, Grassetti e McIntire.

Abandonando o projeto original de uma cabeça de 4 válvulas radiais por falta de fundos, a Linto 500 não era mais que a geminação de dois monocílindricos horizontais Aermacchi, criando um motor bicilíndrico a quatro tempos com distribuição por varetas derivado da famosa Ala D’Oro.

O motor de 496,7 cc com dimensões de 72 x 61 mm, caixa de seis velocidades, embraiagem seca e 65 cavalos às 10.000 rpm chegava aos 260 quilómetros por hora, e com o quadro aberto em aço tubular, que suportava o motor suspenso, mais uma criação de Belletti de Milão, garfos hidráulicos Ceriani, travões Fontana de quatro sapatas, e 142 Kg de peso total, batia tudo menos as MV Agusta tetracilíndricas da época.

O protótipo da Linto 500 apareceu primeiro em 1968 e logo em testes já produzia 61 cavalos às 9.800 rpm, mais do que as Norton e Matchless que eram a espinha dorsal dos Grandes Prémios da altura nas mãos de pilotos privados.

Na sua estreia, Alberto Pagani (20 abaixo) levou a Linto 500 à segunda posição atrás de vocês-sabem-quem no grande Prémio da Alemanha de Leste,  e ao 4º lugar na ronda italiana em Monza. Terminou a temporada em 5º lugar na geral, igual em pontos com o 4º classificado Fitton em Norton.

Este impressionante desempenho da moto nas provas internacionais convenceu outros pilotos privados a optar pela bicilíndrica italiana em 1969.

Assim, nomes como John Dodds, Jack Findlay, o neozelandês Keith Turner e o britânico Steve Ellis, além, claro, de Alberto Pagani, apareceram a pilotar unidades da moto.

Com a MV e Agostini a retirarem-se da corrida, Alberto Pagani levou a sua Linto à vitória no GP de Itália de 1969 em Imola, mas foi o menos conhecido Suíço Gyula Marzovszky (9 abaixo) que se safou melhor no Campeonato do Mundo de 500cc desse ano , pois terminou em 2º lugar atrás da MV de Ago.

A falta de financiamento adequado para desenvolvimento, como em tantos outros casos, viu Tonti ser contratado pela Moto Guzzi a seguir, e levou a frequentes avarias, muitas causadas pela vibração do motor rachar o quadro, que deram à moto uma reputação de fragilidade, apesar dos bons resultados quando acabava…

Esta Linto sobrevivente, uma de apenas 16 unidades fabricadas, foi comprada a um dos três sócios do Museu de Motocicletas de Rimini, vinda diretamente da família de Tonti.

Sendo a segunda geração do motor com curso ligeiramente menor, permitia atingir mais 1.000rpm e debitar mais alguns cavalos de potência.

O motor de bielas de alumínio liga a uma caixa de velocidades de 6 velocidades, enquanto os carburadores eram modernos Dell’Ortos de 32mm, a embraiagem foi modificada com dois discos adicionais e os travões são tambores de magnésio Fontana.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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