A história da Suzuki nos Grandes Prémios
Uma retrospectiva da história da Suzuki, desde os primeiros tempos no TT da Ilha de Man em 1960, à entrada na Era Moderna em 2000. Dos sucessos alcançados nas pequenas cilindradas às conquistas nos Grandes Prémios de 500cc com Sheene, Luchinelli e Uncini, Schwantz e Roberts Jr.
A Suzuki tem as suas raízes históricas noutra indústria que não das duas rodas. O fundador, Michio Suzuki, foi um visionário que construiu uma fábrica de tecelagem chamada Suzuki Loom Works na pequena cidade costeira de Hamamatsu, na província japonesa de Shizuoka, em 1909. A produção centrava-se nos tecidos de algodão.
A Segunda Guerra Mundial e o período pós-guerra deixaram a Suzuki em crise e forçaram a uma reestruturação em grande escala. Em 1952, como resultado deste clima de incerteza, a Suzuki decidiu fabricar a sua primeira bicicleta motorizada. Chamada “Power Free”, a bicicleta foi concebida como um veículo económico para quem tinha um orçamento baixo. Era movida por um motor de dois tempos de 36cc ancorado a uma bicicleta convencional. A sua concepção versátil significava que podia ser conduzida de várias maneiras; pedalada sem potência do motor, ou com potência total ou parcial do motor.
Capítulo 1:
Dos primeiros sucessos a Sheene e Schwantz
Anos 60: Estreia no TT de Man e domínio nas classes de menos cilindrada
A estreia da Suzuki nos grandes palcos das corridas internacionais deu-se em 1960, no Touristh Trophy da Ilha de Man desse ano. Os três participantes com motos da Suzuki terminaram a corrida. Dois anos depois (1962) o piloto da Alemanha Oriental, Ernst Degner, levou a Suzuki à sua primeira vitória no TT da Ilha de Man com um protótipo de 50cc chamado RM62. Degner foi crucial no desenvolvimento dessas primeiras motos Suzuki. Em 1961, depois de fugir da Alemanha Oriental, juntou-se à Suzuki e ajudou a desenvolver as suas motos de dois tempos, utilizando os seus profundos conhecimentos e capacidades mecânicas.
Também em 1962 Hugh Anderson – conhecido como o ‘Kiwi Voador’ – deu à Suzuki a sua primeira vitória na classe de 125cc dos Grandes Prémios de motociclismo. Na ronda final do calendário, o neozelandês e antigo jogador de râguebi levou a marca japonesa ao triunfo no Autódromo Oscar Alfredo Gálvez, em Buenos Aires, Argentina.
Em 1963 a Suzuki enfrentou o seu segundo ano completo no campeonato do mundo. Mitsuo Itoh, um engenheiro de desenvolvimento em Hamamatsu, obteve uma vitória extraordinária no TT da Ilha de Man. Este feito memorável ficou para a história, pois Itoh foi o primeiro, e único piloto japonês a ter conquistado as perigosas estradas da ilha.
Nesse mesmo ano (1963) Hugh Anderson venceu os campeonatos de 50cc e 125cc, dando à marca de Hamamatsu dois títulos de construtores na mesma época. Em 1964, conquistou o seu terceiro título em 50cc, e um ano mais tarde ganhou o seu quarto, desta vez em 125cc. A Suzuki parecia imparável nas classes mais pequenas, e Anderson confirmava o seu estatuto lendário na Suzuki.
Após o sucesso de Anderson, em 1966 foi a vez de Hans-Georg Anscheidt entrar em cena. O alemão pilotou a fabulosa RK66, um protótipo de dois cilindros capaz de atingir 170 km/h. Hans confirmou o seu domínio na categoria de 50cc durante três anos, de 1966 a 1968. E em 1970 a Suzuki concluiu um período brilhante nas pequenas classes, quando outro piloto alemão, Dieter Braun, ganhou o campeonato mundial de 125cc.
Anos 70-80: Dos anos de glória de Sheene ao tempo de Luchinelli e Uncini
Após o seu sucesso na década de 1960, foi implementada uma mudança de direcção para a Suzuki, e começaram a desenvolver motos de maior capacidade. A história da Suzuki estava prestes a tomar um rumo dramático e inspirador.
A 12 de Agosto de 1971, o australiano Jack Findlay (#1) obteve a primeira vitória da Suzuki na classe de 500cc em Belfast. Depois disso Barry Sheene, um jovem piloto britânico, chegou como um redemoinho às corridas de motociclismo e revolucionou o desporto. Sheene foi o primeiro piloto a tornar-se uma celebridade fora das pistas! Considerado pelos seus fãs quase como um ‘Beatle’ pelo seu carácter, estilo de vida e comportamento estranho, conquistou o título de 500cc com a RG500 em 1976. Esta lendária moto ocupou as seis primeiras posições no campeonato desse ano. Sheene continuou a brilhar, ganhando também o título de 500cc em 1977.
Nos anos 80, a Suzuki virou-se para Itália para alargar o seu domínio. Marco Lucchinelli e Franco Uncini provaram ambos ter sucesso numa estrutura privada italiana que tinha as Suzuki, chamada Team Gallina e criada em 1975.
Marco Lucchinelli foi o sucessor de Sheene na Suzuki. O carismático piloto italiano, apelidado de “Cavalo Louco” pelo seu estilo selvagem de condução, ganhou a coroa com uma RG500. Lucchinelli lutou duramente com um americano jovem e indisciplinado chamado Randy Mamola que, apesar do seu enorme talento, nunca conseguiu obter um título mundial.
Em 1982, o sucesso chegou para outro italiano numa Suzuki: Franco Uncini. Após cinco vitórias nessa temporada, conquistou o segundo título consecutivo da Suzuki.
Anos 90: Da magia de Schwantz a Roberts Jr.
Outro dos talentos nutridos pela Suzuki, Kevin Schwantz teve um dos estilos de condução mais espectaculares alguma vez vistos no campeonato do mundo de 500cc. Colocou o seu enorme talento contra o seu compatriota Wayne Rainey, com quem manteve uma rivalidade extraordinária ao longo dos anos. Schwantz fez história ao derrotar a Yamaha e Wayne Rainey depois de ganhar o titulo de 500cc com uma RGV-500 em 1993. O texano tinha um carisma extraordinário e o seu estilo continua a ser inesquecível. Não menos importante devido à sua atitude de “gás total” na moto e à sua travagem aparentemente impossível no limite da física! “Quando vejo Deus, sei que é altura de travar”, disse um dia.
O seguinte Campeão do Mundo da Suzuki também veio da América: Kenny Roberts Jr., filho do famoso “King” Kenny Roberts. Contra as probabilidades, ele ganhou o Campeonato de 2000, após um total de quatro vitórias. Esse título, o sexto da Suzuki na categoria rainha, foi muito especial, pois pôs fim a uma seca de sete anos sem uma coroa. Kenny venceu-o à frente do promissor jovem Valentino Rossi!
Próximo Capítulo: A Era Moderna
TITULOS MUNDIAIS – PILOTOS
1962 – 50cc – Ernst Degner (ALE)
1963 – 125cc – Hugh Anderson (NZE)
1963 – 50cc – Hugh Anderson (NZE)
1964 – 50cc – Hugh Anderson (NZE)
1965 – 125cc – Hugh Anderson (NZE)
1966 – 50cc – Hans-Georg Anscheidt (ALE)
1967 – 50cc – Hans-Georg Anscheidt (ALE)
1968 – 50cc – Hans-Georg Anscheidt (ALE)
1970 – 125cc – Dieter Braun (ALE)
1976 – 500cc – Barry Sheene (GBR)
1977 – 500cc – Barry Sheene (GBR)
1981 – 500cc – Marco Lucchinelli (ITA)
1982 – 500cc – Franco Uncini (ITA)
1993 – 500cc – Kevin Schwantz (EUA)
2000 – 500cc – Kenny Roberts, Jr. (EUA)
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